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segunda-feira, 28 de junho de 2010

DIGA NÃO AO ABANDONO DE ANIMAIS!!


DIGA NÃO AO ABANDONO DE ANIMAIS!!

"Por que não vão defender as crianças com fome?"

"Por que não vão defender as crianças com fome?"

"Por que não vão defender as crianças com fome?"
RESPOSTA À PERGUNTA DE ALGUMAS PESSOAS






"Por que não vão defender as crianças com fome?"


Questão interessante. Vamos ver se essa eu consigo responder de modo tão didático quanto a anterior.

Primeiro: com esse fraseado você admite que existem dois tipos de pessoas no mundo:

As Pessoas Que Ajudam e as Pessoas Que Não Ajudam.

Além disso, admite também que você faz parte das Pessoas Que Não Ajudam; afinal, do contrário, você diria algo do tipo "Por que não me ajudam a defender as crianças com fome?", ou "Venham defender comigo as crianças com fome!", ou "Não, obrigada, vou defender as crianças com fome".


Então você se coloca claramente através de sua escolha de palavras como uma Pessoa Que Não Ajuda.

Ora, é curioso que você, Pessoa Que Não Ajuda, não faça nenhum esforço para ajudar, mas sim para tentar dirigir as ações das Pessoas Que Ajudam para onde você quer que elas vão.
É bastante interessante; se eu fosse até sua casa organizar sua vida financeira sob a alegação de que eu sei muito mais sobre administração familiar eu estaria interferindo, mas você se sente no direito de interferir nas ações que uma pessoa resolve tomar para aliviar os problemas que ela encontra ao seu redor.
Você é uma Pessoa Que Não Ajuda, mas ainda assim quer decidir quem merece ajuda das Pessoas Que Ajudam.
O nome disso é "prepotência".

Segundo: Pessoas Que Ajudam nunca vão ajudar as "crianças com fome". Nem tampouco os "velhos", os "doentes" ou os "despossuídos". E sabe por que?

Porque "crianças com fome" ou "velhos" ou qualquer outro destes é abstrato demais. Não têm face, não são ninguém; são figuras de retóricas de quem gosta de comentar sobre o estado do mundo atual enquanto beberica seu uisquezinho no conforto de sua casa.

Pessoas Que Ajudam agem em cima do que existe, do que elas podem ver, do que lhes chama naquele momento. Elas não ajudam "os velhos"; elas ajudam "os velhos do asilo X com 50,00 reais por mês".

Elas não ajudam "as crianças com fome"; elas ajudam "as crianças do orfanato Y com a conta do supermercado".

Elas não ajudam "os doentes"; elas ajudam o "Instituto da Doença Z com uma tarde por semana contando histórias aos pacientes". Pessoas Que Ajudam não ficam esperando esses seres vagos e difusos como
as "crianças com fome" baterem na porta da sua casa e perguntar se elas podem lhe ajudar.

Pessoas Que Ajudam vão atrás de questões muito mais pontuais.
Pessoas Que Ajudam cobram das autoridades punição contra quem maltrata uma cadela indefesa sem motivo.
Pessoas Que Ajudam dão auxílio a um pai de família que perdeu o emprego e não tem como sustentar seus filhos por um tempo.
Pessoas Que Ajudam tiram satisfação de quem persegue uma velhinha no meio da rua.
Pessoas Que Ajudam dão aulas de inglês de graça para crianças de um bairro pobre.
Pessoas Que Ajudam levantam fundos para que alguém com uma doença rara possa ir se tratar no exterior.
Pessoas Que Ajudam não fogem da raia quando vêem QUALQUER COISA onde elas possam ser úteis.

Quem se preocupa com algo tão difuso e sem cara como as "crianças com fome" são as Pessoas Que Não Ajudam.

Terceiro: Pessoas Que Ajudam são incrivelmente multitarefa, ao contrário da preocupação que as Pessoas Que Não Ajudam manifestam a seu respeito. (Preocupação até justificada porque, afinal, quem nunca faz nada realmente deve achar que é muito difícil fazer alguma coisa, que dirá várias).
O fato de uma Pessoa Que Ajuda se preocupar com a punição de quem burlou a lei e torturou inutilmente uma cadela não significa que ela forçosamente comeu o cérebro de crianças pequenas no café da manhã. Não existe uma disputa de facções entre Pessoas Que Ajudam do tipo "humanos versus animais".

Geralmente as Pessoas Que Ajudam, até por estarem em menor número, ajudam várias causas ao mesmo tempo.
Elas vão onde precisam estar; portanto muitas das Pessoas Que Ajudam que acham importante fazer valer a lei no caso de maus-tratos a um animal são pessoas que ao mesmo tempo doam sangue, fazem trabalho voluntário, levantam fundos, são gentis com os menos privilegiados e batalham por condições melhores de vida para aqueles que não conseguem fazê-lo sozinhos.

Talvez você não saiba porque, afinal, as Pessoas Que Ajudam não saem alardeando por aí quando precisam de assinaturas para dobrar a pena para quem comete atrocidades contra animais que estão fazendo todas estas outras coisas, quase que diariamente. E acho que é por isso que você pensa que se elas estão lutando por uma causa que você "não curte", elas não estão fazendo outras pequenas ou grandes ações para os diversos outros problemas que elas vêem no mundo. Elas estão, sim. E se fazem ouvir como podem, porque sempre tem uma Pessoa Que Não Ajuda no meio para dar pitaco.

Então, como diria meu avô, "muito ajuda quem não atrapalha". Porque a gente já tem muito trabalho ajudando a Preta e todas as outras pessoas e animais que precisam (algumas até poderiam ser chamadas tecnicamente de "crianças com fome", se assim você prefere). Espero que isso tenha respondido à sua
questão.



(este texto pode e deve ser reproduzido

estou, como muitos, recebendo toneladas de e-mails sobre a Suipa.

Olá pessoas,



estou, como muitos, recebendo toneladas de e-mails sobre a Suipa.

Não apenas os que sao repassados para grupos de pessoas, mas também alguns onde perguntam minha opinião e outros, mesmo já sabendo, tentando mudá-la.

Aos que ainda não respondi, farei isso.



Resolvi escrever porque estou preocupada em ver que as pessoas estão confundindo as coisas.

E como sei que quando se trata de animais é super normal que nosso lado emocional fale mais alto, achei por bem escrever e chamar atenção para que não confundam as coisas.



Estou vendo as pessoas desvirtuando o foco. Ou porque o lado emocional está interferindo ou porque preferem a atual administração e com isso esperam influenciar outras pessoas.



Vejo muitos falando sobre a Izabel.

Pessoas, o foco não é a Izabel!



Se a Izabel está sendo ou não injustiçada, a justiça, tanto a humana quanto a Divina, irá resolver. Bem como as outras pessoas.

É como diz o ditado, quem não deve, não teme.



O problema da Suipa é ADMINISTRATIVO!!!



As imagens do you tube (link no final) e as reportagens (tambem link no final), deixam claro que, como está não pode ficar!

Sei que muitos não viram. Ou por medo de verem as cenas fortes ou por medo mesmo de ver o sonho de ajudarem os animais não acontecendo e assim preferindo não ver para não acreditar.



Então amores, MANTENHAM O FOCO!!



O FOCO É SIMPLESMENTE O BEM ESTAR DOS ANIMAIS!!!



E a pergunta é simples: QUEM AMA ANIMAIS ACHA QUE ELES ESTÃO BEM??



Então vejo da seguinte forma:

Um abrigo que recebe 6 milhões por ano, fora a receita gerada pela clínica veterinária, mais as doações e etc, não precisa manter os animais naquela situação!



As pessoas estão com medo de mudar o que?

Pode ficar pior do que as imagens que vimos??



Cheguei a ver um e-mail em defesa da atual adminstração que tinha a frase: "E ainda querem mexer no que dá certo!"

Posso saber o que está dando certo????????????

Se foi algum tipo de piada julgo muito ruim, pois não ri em nada, uma vez que existem animais precisando de ajuda!

E isso não é nada engraçado!



Quem tem medo de mudar a situação deles, para mim, acaba se tornando tão culpado quanto quem pode fazer melhor e não faz!



Tem abandono diário? Tem sim! Mas com o índice de 99% de mortalidade dito pela própria presidente da Suipa, somado às adoções, então não muda muito o número de animais.

Fora os animais que falecem por outras questões (idade, doenças, etc)



Estou vendo as pessoas levando a situação para o lado pessoal.

Não é uma questão pessoal!

Não é sobre a Izabel! Não é o fato da Izabel gostar de animais ou coisa parecida!

O que eu, você ou o seu vizinho pensamos sobre a Izabel não vem ao caso!

Amar animais não quer dizer saber administrar! Cada um tem sua habilidade natural. Uns sabem fazer cirurgias, outros sabem cuidar de crianças, outros sabem outras coisas e outros sabem administrar.

A questão é simples:

É ADMINISTRATIVA!



Diante disso a pergunta é: É JUSTO MANTER OS ANIMAIS NAS CONDIÇÕES QUE ESTÃO???



QUE IMENSO AMOR É ESSE QUE AS PESSOAS SENTEM PELOS ANIMAIS QUE CONCORDA COM A CONDIÇÃO EM QUE VIVEM HOJE?



AS PESSOAS ESTÃO COM MEDO DE MUDAR O QUE??????????

AINDA NÃO ENTENDI!!!!!!

É POSSÍVEL FICAR PIOR?



É MELHOR TENTAR MUDAR A VER OS ANIMAIS CONTINUAREM ASSIM!!



PARA MIM A ATUAL ADMINISTRAÇÃO JÁ MOSTROU QUE NÃO CONSEGUE MUDAR, ENTÃO QUE SE DÊ CHANCE A NOVAS PESSOAS PARA VER SE AS COISAS MELHORAM!



E SIM, ESTOU SUGERINDO QUE VOTEM NA CHAPA ADRA PARA TENTAR MUDAR A REALIDADE DOS ANIMAIS DA SUIPA.



NÃO SEREI HIPÓCRITA E FINGIR QUE A ATUAL SITUAÇÃO DOS ANIMAIS ESTÁ BEM! POIS, COMO DISSE, NÃO É UMA QUESTÃO PESSOAL!!

PARA MIM, JÁ DEU O QUE TINHA QUE DAR E ESTÁ SIM NA HORA DE MUDAR, DE DAR CHANCE A NOVAS IDÉIAS!



AOS QUE SÃO ASSOCIADOS DA SUIPA:

DIA 27 de JUNHO (DOMINGO PRÓXIMO) NA SEDE DA SUIPA, DE 13H ÀS 15H É A VOTAÇÃO PARA A NOVA ADMINISTRAÇÃO!



COMPAREÇAM E VOTEM! APENAS VOCÊS PODEM MUDAR A VIDA DAQUELES ANIMAIS!

DAR A ELES UM VIDA DIGNA ESTÁ NA MÃO DE VOCÊS!!

O VOTO DE VOCÊS É IMPORTANTE E DEVE SE BASEAR EM :

TENTAR OU NÃO MUDAR A ATUAL SITUAÇÃO DAQUELES ANIMAIS!



CADA UM DOS ASSOCIADOS TEM O PODER DE DAR VIDA DIGNA PARA OS ANIMAIS DA SUIPA!

CADA UM DE VOCÊS É UMA PEDRINHA FUNDAMENTAL NESSE MURO!



PODE NÃO MUDAR, MAS ACHO QUE NÃO CUSTA TENTAR!



Isso está parecendo casamento que acabou e que o casal não se separa por puro comodismo e/ou medo do novo!

ESSE CASAMENTO ACABOU! É HORA DO DIVÓRCIO!!!

É hora de buscar vida nova!



Estou vendo um monte de gente com medo de se posicionar. Amores, as pessoas entenderão que todos queremos o melhor para os animais!

Isso é uma votação, todos somos adultos. Se alguém ficar chateado porque o outro tem uma opinião diferente, então precisa amadurecer.



Sim, achei melhor me posicionar, pois não estou preocupada com o que as pessoas vão dizer ou deixar de dizer. Minha preocupação é uma só:

ESTOU PREOCUPADA COM OS ANIMAIS!!!!!!!!!!!!!!!!!!!



E SEM ESSA DE FICAR DIZENDO QUE O PESSOAL DA NOVA CHAPA É EUTANÁSICO PORQUE ISSO É MENTIRA!!!!!!!!!!!!



É uma democracia e acho sim, que os animais merecem uma vida digna e melhor!!



Esses animais já foram abandonados e já sofreram muito! O mínimo que merecem é ter vida digna em uma lugar que se propõe a isso!!



Aos associados, peço que pensem com carinho se querem tentar mudar a vida daqueles animais para melhor!

Porque essa é a hora!



Sei que muitos acabarão me criticando por me posicionar, mas não vejo isso como um erro e sim como uma tentativa de mudar a vida daqueles animais para melhor. Estou fazendo exatamente o que me proponho há anos, estou tentando ajudar os animais.



É o meu amor pelos animais que me faz pedir aos associados que mudem suas vidinhas e que votem na chapa ADRA!

Eu só quero ver os animais felizes. E vocês?



Pode não dar certo, mas acho que vale a pena tentar sempre!!!





Abaixo links que justificam minha opinião:



http://www.youtube.com/watch?v=u3CtAKBe368&feature=related



http://www.youtube.com/watch?v=cDV_WfWoxCI&feature=related



http://www.youtube.com/watch?v=gaRHtH4rFu8&feature=related



http://www.youtube.com/watch?v=_So-CyhvfMc&feature=related



http://www.youtube.com/watch?v=F_aKoFy_td4&feature=related



Reportagens sobre investigação do Ministério Público:



1- Anexo arquivo com cópia da reportagem completa do jornal O Globo.

2- Globo on line: http://oglobo.globo.com/rio/mat/2010/05/23/ministerio-publico-apura-denuncias-de-maus-tratos-desvio-de-verbas-na-suipa-916664624.asp



3- RJ TV 1ª edição: http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/2010/05/mortalidade-de-caes-na-suipa-e-de-99-diz-mp-apos-vistoria.html



4- CBN: http://cbn.globoradio.globo.com/destaques-do-rio/2010/05/24/MP-APURA-SUSPEITA-DE-MAUS-TRATOS-A-ANIMAIS-E-DE-DESVIO-DE-DINHEIRO-NA-SUIPA.htm



5- RJ TV 2ª edição: http://g1.globo.com/videos/rio-de-janeiro/v/suipa-e-investigada-pelo-ministerio-publico/1269499/



6- TV Record Domingo Espetacular: http://noticias.r7.com/videos/presidente-de-entidade-protetora-dos-animais-nega-maus-tratos-a-bichos-e-desvio-de-dinheiro/idmedia/db56548c2454ef3e49e598860c1edf63-2.html



7- Radio Globo: http://radioglobo.globoradio.globo.com/se-liga-rio/2010/06/10/A-SUIPA-NAO-MATA.htm







Deixando claro que é minha opinião pessoal!!

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Araceli, Dudu, Raquel quantas crianças ainda serão abusadas, estupradas e mortas? BASTA DE VIOLENCIA CONTRA CRIANÇA! CHEGA NÉ!!


Araceli Cabrera 8 anos, Kayto Guilherme 10 anos, Luis Eduardo o Dudu 10 anos, Raquel Genofre 9 anos, menina sem nome de 5 meses/CE. O que esses nomes,de meninos e meninas podem ter em comum? Todos foram abusados,violentados e mortos. Uns com requintes de crueldade outros por medo do reconhecimento.



Todos fazem parte de uma estatística que não pára de crescer e cada dia faz mais uma vítima, mais uma família destruída, e pouco tem se feito para mudar isso. 36 anos já se passaram desde a morte da menina Araceli no ES, Raquel foi esquartejada e deixada numa mala há pouco mais de 5 meses e em comum,há a impunidade,ou falta de empenho e ninguem preso pelo crime.


E não são só elas que passaram por isso, milhares de crianças são violentadas, estupradas ou mortas e ninguém paga por isso. E a pergunta que ecoa é POR QUE?Por que as vezes envolve "gente" ( leia lixo! ) importante, ou porque é parente, ou por que é so mais uma criança? Por que os casos que aparecem sem dar trégua na Tv, aceleram-se as investigações e até chegam a alguma punição ou espera por julgamento? Por que se acha o assaltante do carro de um filho de político, mas não chega ao padrasto ou pai tarado? Existem coisas que não entram na minha cabeça, mas ficam no coração.



Imagine a dor de uma mãe reconhecendo pedaços de sua filha numa mala? Ou levando um bebê de 5 meses sangrando a um hospital e vê-lo morrer em horas? Ou aquela mãe que tinha esperança de encontrar seu menino desaparecido e só acha ossos deformados por surras? Ou um pai que vê sua filha ter o rosto desfiguardo por ácido aos 8 anos de idade!??!! É dor demais..impunidade demais..Algumas mudanças estão ocorrendo, devagar, aos poucos, mas acontecendo. Que uma CPI está aberta e também chocada com tantos casos de violencias sexuais, tantas cenas absurdamente grotescas,e inimagináveis envolvendo crianças como foco principal para abusos e estupros e principalmente sendo alvo de busca de prazer de monstros, de lixo humano, de pedófilos e tarados. Se é doença realmente essa procura por crianças eu não sei, eu não acredito ser possível explicar assim facilmente uma devassidão, uma monstruosidade tão grande com seres tão indefesos chamando esses atos nojentos absurdo de doença.



É uma falta muito grande de Deus no coração, receba o nome que quiser mas é falta de um a LUZ maior na vida. É pura maldade, sadismo, brutalidade e faltam adjetivos para definir tais atos.



Precisamos cada vez mais fazermos algo para evitar ou diminiuir estes números absurdos envolvendo crianças, bebês e adolescentes.Seja denunciando os criminosos ou informando cada vez mais pessoas, prevenindo os filhos dos perigos da Internet sem esquecer dos perigos da rua e de algumas casas. Não transformar crianças, meninas em mini mulheres, nem meninos em pseudos garanhões. Deixar a crianças ser criança. Viver a infancia e protegê-la para que isso aconteça .
Mantenha o canal de diálogo sempre aberto para com as crianças, seja do seu vizinho ou sua filha. Não julgue a criança e sempre OUÇA o que ela tem a dizer. Se não fala ainda direito, peça um desenho, econheça pequenos sinais como medos, diurese noturno, choros, depressão, seja atento as crianças a sua volta. E aos adultos que vivem perto da criança, pois a maior parte de abusos são cometidos por pessoas que conhecem a criança. Ou sabem da sua rotina.



Repasse informações, procure se informar, ajude a diminuir, a acabar com tantos sofrimentos.



Vamos cobrar mudanças de nossos políticos, novas leis devem ser feitas e as existentes cumpridas em seu rigor.



Basta desses crimes hediondos.




Basta de violencia sexual contra a criança.




BASTA DE QUALQUER VIOLENCIA COM A CRIANÇA

http://diganaoaerotizacaoinfantil.wordpress.com/

CONTRA A VIOLENCIA! MARCAS SÃO MAIS PROFUNDAS QDO FICAM NA ALMA..


AS PIORES MARCAS SÃO AS DA MENTE E DO CORAÇÃO.
NÃO SEJA OMISSO DENUNCIE
SALVE VIDAS.Prevenindo o desaparecimento de crianças =ORIENTAÇÕES AOS PAIS,ESCOLAS E TODA SOCIEDADE.ORIENTAÇÕES AOS PAIS

Orientar os filhos a não aceitarem doces, presentes, ou qualquer outro objeto de estranhos, podendo aceitá-los de conhecidos e parentes, somente com prévio consentimento dos responsáveis.
Manter bom relacionamento com a vizinhança.
Procurar conhecer as pessoas que convivem com seu filho.
Participar ativamente dos eventos envolvendo o seu filho, como aqueles ocorridos em escolas e aniversários.
Ensinar ao seu filho o seu nome completo, endereço e telefone e os nomes dos pais e irmãos.
Não autorizar o seu filho a brincar na rua sem a supervisão de um adulto conhecido.
Evite deixar o seu filho em casa sozinho.
Providenciar a carteira de identidade do seu filho, através do Instituto de Identificação.
Faça com que as pessoas, que necessitam de atenção especial, que vivem sob sua responsabilidade tenham sempre consigo (no bolso ou gravado em uma medalha) seus dados de identificação.
Observe o comportamento do seu filho, ficando atento às possíveis mudanças.
Conheça o tipo sangüíneo e o fator RH da criança.
Seja amigo do seu filho, deixando-o à vontade para confidenciar-lhe os seus problemas ou vitórias.

ORIENTAÇÕES ÀS ESCOLAS

Não permita a saída de criança com pessoa não autorizada pelos responsáveis.
Observar o ambiente nas proximidades da escola, comunicando qualquer fato suspeito, imediatamente, à Polícia.

ORIENTAÇÕES AOS PROFISSIONAIS DA ÁREA DE SAÚDE
Observar, durante o atendimento, o comportamento dos responsáveis pelas crianças e, caso percebam alguma coisa estranha e dificuldades deles em prestar informações sobre o próprio filho, comunicar a suspeita à Polícia.

ORIENTAÇÕES ÀS INSTITUIÇÕES (ABRIGOS, HOSPITAIS)
Registrar os dados do menor ou adulto quando eles derem entrada na instituição. Quando tratar-se de pessos sem identificação ou que, por algum motivo, pareça ser uma pessoa desaparecida entre em contato com a Polícia Civil.

DICAS DE SEGURANÇA
Para os Pais
Nos passeios manter-se atento e não descuidar das crianças;
Procurar conversar todos os dias com os filhos, observar a roupa que vestem e se apresentam comportamento diferente;
Fique atento à mudança de comportamento de seu filho, pois isto pode indicar que o mesmo poderá fugir de casa;
Uma boa conversa com seu filho, pode livrar você de momentos de angústia e desespero;
Procurar conhecer todos os amigos do seu filho, onde moram e com quem moram;
Acompanhá-los a escola, na ida e na volta, e avisar o responsável da escola quem irá retirar a criança;
Colocar na criança bilhetes ou cartões de identificação com nome da criança e dos pais, endereço e telefone, orientar a criança quanto ao uso do cartão telefônico, bem como fazer chamadas a cobrar para pelo menos três números de parentes, e avisá-los desta orientação;
Não deixar as crianças com pessoas desconhecidas, nem que seja por um breve período de tempo, pois muitos casos de desaparecimento ocorrem nestas circunstâncias;
Fazer o mais cedo o possível a carteira de identidade no Instituto de Identificação do seu Estado;
Manter em local seguro, trancado e distante do alcance das crianças arma de fogo, facas, qualquer objeto ou produto que possa colocar a vida delas ou outras pessoas em risco;
Orientar as crianças a não se afastar dos pais e fiscalizá-las constantemente;
Ensiná-las a sempre que estiverem em dificuldade a procurar uma viatura policial, ou um policial fardado (PM ou Guarda Municipal), e pedir ajuda;
Evitar lugares com aglomeração de pessoas;
Perdendo a criança de vista, pedir imediatamente ajuda a populares para auxiliar nas buscas e avisar a polícia.
Meu filho desapareceu, o que devo fazer?
Em primeiro lugar, manter a calma;
Caso esteja sozinho, peça auxilio para que acionem imediatamente a polícia. Não existe prazo para comunicar o desaparecimento, faça-o imediatamente;
Manter alguém no local onde a criança foi vista pela última vez, pois ela poderá retornar ao local;
Deixar alguém no telefone indicado no cartão de identificação da criança, até para centralizar informações;
Avisar amigos e parentes, o mais rápido possível, principalmente os de endereço conhecido da criança, para onde ela possa se dirigir;
Percorrer os locais de preferência da criança;
Ter sempre a mão foto da criança;
Ter sempre em mente a vestimenta da criança para descrevê-la, procurando vesti-la com roupas detalhadas, de fácil visualização e identificação (cores berrantes, desenhos, etc…);
Procurar a Delegacia e Conselho Tutelar e pedir auxílio.
Motivos mais comuns de desaparecimentos
Repressão excessiva, excesso de controle;
Castigos excessivos e exagerados, desproporcionais ao fato. Ex: a criança comete uma pequena falta e leva uma surra;
Desleixo dos pais, a criança sente-se rejeitada e desprezada e foge para chamar a atenção;
Muitas das fugas do lar têm por motivos o mau desempenho escolar, as responsabilidades domésticas que são atribuídas a elas e até mesmo pequenos ofícios, como venda de doces e salgados;
O espírito aventureiro também é um dos grandes responsáveis pela fuga de crianças.
Subtração de incapaz (A criança é raptada para viver em outro lar)
Rapto consensual
Rapto por estranhos

CRIANÇAS E PESSOAS DESAPARECIDAS - COMO AJUDAR!

Observar o comportamento de novos vizinhos em relação ao tratamento dispensado ao menores que com eles convivem, comunicando à Polícia qualquer fato suspeito.
Observar, em via pública, o trânsito de menores desacompanhados, idosos e portadores de necessidades especiais, caso apresentem desorientação, possibilidade de extravio ou mesmo dificuldade de expressão, comunique o fato à Polícia para queprestem a devida assistência antes que ocorra o seu paradeiro. O ideal é que você possa levar a pessoa até o posto policial mais próximo.
Comunicar e registrar o desaparecimento do menor ou do adulto imediatamente após constatada a sua ausência, na Divisão de Referência da Pessoa Desaparecida. Deve-se apresentar fotografia e documentação do ausente, caso existente, para início da busca. Para o menor, é necessária a apresentação da cópia da certidão de nascimento. No entanto, a ausência do documento não impede o registro e a busca.
Caso ocorra o retorno voluntário do desaparecido ao lar, contatar a Divisão de Referência da Pessoa Desaparecida, comunicando o fato.

SITES OFICIAIS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES DESAPARECIDOS

Ministério da Justiça: http://www.desaparecidos.mj.gov.br
Crianças desaparecidas em SP: http://www.policia-civ.sp.gov.br/desap/desap_lista.asp?tipo=1&pagenumber=1
Crianças desaparecidas - RJ: http://www.fia.rj.gov.br/SOS.htm
Minas Gerais: http://www.desaparecidos.mg.gov.br
Paraná: http://www.pr.gov.br/policiacivil/sicride/criancas_desaparecidas.shtml
Rio Grande do Sul: http://www.desaparecidos.rs.gov.br/
Goiânia-GO: http://www.goiania.go.gov.br/html/sosdesaparecidas/sos.htm


FONTE: SICRIDE E POLÍCIA DE MG, COM ADAPTAÇÕES DO BLOG DIGA NÃO À EROTIZAÇÃO INFANTIL
LEIA TAMBÉM:


“Não adianta trancar o filho em casa. É preciso conversar.”
Movimento Pela Criação Do Alerta AMBER No Brasil
Final feliz dos desaparecimentos depende de cooperação
Onde Estão Nossas “Madeleines”?
“Madeleines” paulistas são mais de 1,5 mil
Brasil tem 40 mil Madeleines a cada ano

TEXTO ORIGINAL

http://diganaoaerotizacaoinfantil.wordpress.com/2007/07/15/prevnindo-o-desaparecimento-de-criancas/

18 de maio, Dia Nacional de Luta contra o Abuso e Exploração Sexual de Criança e Adolescente.todos os dias deveriam ser!

18 de maio, Dia Nacional de Luta contra o Abuso e Exploração Sexual de Criança e Adolescente.Data em homenagem ao anjo Araceli Cabrera,vitima em 1973.

Mas será que 1 dia basta para "combater" esse mal?Será que não seria melhor todos combaterem o ano todo,todo dia toda hora?

Pior é saber que nem metade da população sabe que dia é hoje ou porque se "comemora",ou porque razão para combater ou o que combater.Fechar os olhos é mais facil que reagir para muitos...para os muitos fracos que vivem por ai!

Todo santo dia é dia de olhar nossas crianças, denunciar esses monstros que vitimizam sem dó,que marcam a vida toda de uma pessoa,que matam ou que se faz matar..mesmo que lentamente um a vida.

E nossa sociedade?Bom muitos ficam chocados quando veem na tv um crime ou mudam de canal e ainda reclamam do nível... alguns reagem, buscam informações,relembram a si ou a outro da família,choram,sentem a dor dos pais,das vítimas e criam forças para descruzar os braços e agir.

AGIR,esse é O verbo que mais falta no país e o menos usado por nossos governantes,nossos políticos que gastam tempo com futilidades e dinheiro com viagens,mimos e outros absurdos.

As leis são falhas, existem N beneficíos embutidos em cada parágrafo, e para piorar ótimos advogados trabalhando para o mal.Ou para o bem próprio..Ou alguém já viu um político rico e influente,ser preso e ainda estar preso cumprindo toda sentença por abusar de uma criança?Se sim me avisem..e avisem ao Google,pois nem lá tem!

Chegará uma hora em que os pais dessas milhares de vítimas espalhadas pelo país vão cansar de esperar e começarão agir ..e esses AGIR poderá provocar uma reação em cadeia com toda a sociedade de Bem, a sociedade cansada de pagar impostos,ser honesta e só "tomar na cabeça",como pregos.

Mais que necessário é urgente que o verbo AGIR passe a ser a principal conjugação não só em Brasília,mas em todas as capitais em todas as cidades,bairros, vilas,CASAS!,e que a principal ação seja zelar das nossas crianças sem data certa, sem dia certo, mas TODO DIA.Toda hora.TODO LUGAR.

Todo dia é dia de combate, todo dia é dia de luta contra exploração e abuso sexual infantil e de adolescentes.

Já cansamos de abusos psicologicos,físicos,morais,sexuais e todos da imensa lista que se abate contra os menores de idade.Abusos de uma sociedade doente,também cansada,respirando por necessidade.Mas que não pode jamais cruzar os braços e ver o barco indo sem fazer nada,nenhum esforço para mudar,pois não são só as crianças que perdem ,mas todo nosso futuro,todo um país.

CRIANÇAS não são para serem lembradas que delas dependem nosso(?) fututo ,isso é um erro enorme.Nós teremos o futuro que criarmos no presente, e se nosso presente está uma porcaria ,uma "coisa" insossa, o futuro será igual ou pior.E as Crianças serão adultos piores que os que estão por ai,e nesse círculo o mundo será uma "porcaria maior" ,e por isso AGIR tem que andar todos os dias lado a lado de todas as pessoas da sociedade,da comunidade.Do politico ao gari, do médico ao paciente,do pai e do filho.Porque também não dá para jogar tudo nas costas do Espírito Santo...

MÃOS A OBRA!


EU FAÇO MEU GRÃO DE AREIA TODO DIA SE MEXER PARA MUDAR ALGUMA COISA,AJUDAR DO JEITO QUE POSSO OU SEI ...VOCÊ O QUE TEM FEITO?






REFORÇANDO -->

NÃO ACEITAMOS MAIS PERMANECER NO RANKING DA PEDOFILIA, QUEREMOS SOLUÇÕES JÁ!!!!!.

Temos algumas sugestões simples para ajudar neste problema..



a)Buscar meios para desacelarar a erotização precoce de crianças, controlando anúncios de tv, revistas, sites e jornais que se utilizam de imagem infantil como fonte de renda;
b)Estimular a educação de pais e de filhos para poderem melhor tratarem do tema: sensualidade de suas crianças, bem como promover informação aos pais para que saibam como lidar com assédio e como identificar este problema;
c)Criar canais para que temas como educação sexual, acompanhamento de vítimas e meios anticonceptivos sejam abordados de forma simples e clara, sem preconceitos ou freios por causa de religião e afins.
d)Buscar meios legais mais eficazes para punir o crimes virtuais de pedofilia e afins (estupro, atentado violento ao pudor).
e)Promover a educação digital dentro de instituições escolares, visto que a facilidade de acesso a internet vem crescendo a cada dia.

f)Criação de cartilha para orientar pais e educadores e a sociedade em geral. Com dicas de como identificar um abusador, o que fazer e como evitar.
Nossa comunidade principal: http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=76721449
Nosso blog: http://diganaoaerotizacaoinfantil.wordpress.com/

Adultos aliciam crianças pela internet e marcam encontros.

Para revelar essas táticas, e ensinar você a se proteger, produtores do Fantástico se passaram por menores.assunto do maior interesse para os pais e os filhos: saiba como é que adultos conseguem aliciar crianças pela internet e marcar encontros, geralmente em lugares movimentados, onde ninguém desconfia.

Para revelar essas táticas, e ensinar você a se proteger, produtores do Fantástico se passaram por menores de idade.

Em uma sala de bate-papo na internet, uma menina conheceu uma pessoa que se apresentou como Josi, uma colega de escola. Em pouco tempo, a tal pessoa começou a enviar mensagens pornográficas.




“Na ocasião, tinha 12 anos e era uma menina que não estava voltada para uma vida sexual e falar sobre esse tipo de coisa”, conta a mãe da menina, Fátima Freire.


Acreditando ser de fato uma colega de escola, a menina tinha mandado fotos dela para o desconhecido e, quando tentou encerrar a conversa, o homem fez ameaças. “Ele começou a dizer para ela que ela ia se arrepender se não voltasse a entrar em contato com ele. Ela disse que não ia falar mais com ele e ele disse que ia desmoralizar ela na escola na frente dos amigos”, acrescentou Fátima.
O homem distribuiu montagens obscenas com as fotos da menina entre os colegas de escola. “Eu percebi que ela estava diferente. Na escola, ela começou a ser menosprezada pelos amigos. Ela chegou em casa e me contou. E eu comecei a agir”, disse a mãe.
Fátima fez uma denúncia e a polícia montou uma armadilha para pegar o sujeito. A menina marcou um encontro em um supermercado, no Rio de Janeiro. “Ele pediu que ela fosse com os cabelos soltos, com vestido. Eu comuniquei aos policiais e eles foram diretamente para lá”, contou Fátima.

A menina foi ao supermercado, mas o desconhecido não estava lá e ela saiu. “Quando ele viu que ela estava saindo do supermercado, ele jogou o carro e falou o nome dela. E aí ela falou 'quem é você? E ele falou 'eu sou o amigo da Josi e eu estou com o seu material, com as suas imagens aqui para te entregar. Entra no carro’. Aí ela falou que não ia entrar e ele falou 'entra no carro agora'.

E ele puxou a arma. Ameaçou e ainda fez um gesto de segurar ela. Ela puxou e aí foi quando a polícia cercou o carro dele e ele não teve como sair. E na mala do carro dele foram apreendidos vários materiais de outras meninas, de encontros”, contou Fátima.

O pedófilo tinha 49 anos. É o terceiro-sargento da Marinha, Francisco Luis Dias, que está preso, condenado a oito anos de cadeia.

“Então, eu digo para as pessoas que estão passando por esse problema. Não tenham medo. Não tenham medo. Denuncie, porque é denunciando um pedófilo que fez isso com a sua filha que você vai evitar que ele faça com outras meninas”, defende Fátima.

Só no ano passado, em todo o Brasil, foram mais de 43 mil denúncias de pornografia infantil na internet. Para mostrar como adultos conseguem aliciar crianças em salas de bate-papo, um produtor e uma produtora do Fantástico se fizeram passar por menores de idade. Os dois foram orientados por um especialista em crimes de internet, Vanderson Castilho.

O primeiro que se apresenta é um tal de "professor César" querendo conversa com a suposta menina de 13 anos - a produtora do Fantástico. Na conversa, ele pergunta a idade da menina, que responde ter 13 anos. Ele pergunta se ela gosta de homens mais velhos, se ela está sozinha e pede que abra a câmera para vê-la melhor.

O especialista Vanderson Castilho explica porque eles fazem questão de abrir a webcam, a câmera: “Para ter certeza de que eles estão conversando com quem eles acham que estão conversando, nesse caso uma menina de 13 anos mesmo. E quando ele visualiza pela webcam que é a menina, a conversa começa a fluir, e aí ele vai partir para uma forma de aliciamento.

O homem pede para a menina mostrar o corpo, levantar a blusa. Outro homem surge na tela e diz que é piloto de avião e pergunta se a menina iria a um motel com ele, se tem vontade de fazer amor.

Depois, aparece um tal de Joel, de 48 anos, que pergunta se a menina é virgem e se gostaria de alguém mais maduro.

A produtora aceita marcar um encontro com Joel, em um shopping de São Paulo. E as câmeras do Fantástico acompanham tudo de longe. Veja em vídeo a conversa. Ele pede para ela dar uma volta com ele e diz que ela não precisa ficar com medo de ele seqüestrá-la.

Quando eles saem do shopping, o repórter Eduardo Faustini aborda o suposto Joel, perguntando se a moça é filha dele. Ele diz que é uma colega, que não costuma marcar encontro pela internet. Ele diz ainda que eles estavam tomando um sorvete e sai correndo.

Jonas se mostra bem prestativo. Ele é tão prestativo que ele quer ensinar um pouco de sexo para uma menina de 13 anos.

A produtora do Fantástico, que parece muito jovem e convence no papel de uma menina de 13 anos, também marcou encontro com Jonas, em um shopping em Curitiba. Ele diz que, normalmente, as mulheres gostam de homens mais velhos.

Procuradora da república “Esse exemplo que vocês gravaram é a típica ação do pedófilo na internet. Ele tenta aliciar o menor sempre com uma conversa dócil, tentando se passar por amigo, tentando também passar naturalidade daquela situação, do ato sexual que ele pretende praticar com o menor”, explica a procuradora da república Neide Cardoso de Oliveira.

O homem convence a produtora a sair do shopping. Ele diz que tem 29 anos, que não sabia que ela tinha 13 anos e que tinha acabado de encontrá-la no shopping. Mas o registro da conversa do Jonas na internet deixa claro que ele acredita estar diante de uma menina de 13 anos.

Ele diz que é estranho se relacionar com uma menina de 13 anos e que, agora que sabe que ela tem essa idade não quer mais. Ele conta ainda que não a conhecia ainda e que a relação com ela talvez seria de amizade. Mas, na sala de bate-papo, ele perguntou se ela já tinha mostrado partes íntimas para alguém.

Em mais uma conversa em sala de bate-papo, um homem de 53 anos pede para que a produtora do Fantástico ligue a câmera do computador e brinca com o ursinho de pelúcia que aparece ao fundo.

“É exatamente esse o perfil do pedófilo. Ele usa a linguagem da criança e do adolescente que ele pretende aliciar. Então, se a criança tem dez anos, ele vai saber qual é o filme da moda, qual o personagem do momento, o programa que a criança gosta de assistir,enfim, o que está na moda. Ele vai saber dialogar com a criança. Justamente porque muitas vezes ele quer se passar por criança também”, diz a promotora.

Os aliciadores da internet procuram meninas e também meninos. O produtor do Fantástico se apresenta como Tiago, 13 anos, e aceita um encontro com um advogado de 49 anos.

Os aliciadores preferem encontros em lugares movimentados, para não chamar a atenção e para tranquilizar suas vítimas. O homem fala muito, joga conversa, e, para seduzir, faz elogios. Mas ele é precavido. “Só duas pessoas podem ficar sabendo. Nem com teus amigos você pode falar isso”. E convida: “O único lugar que eu tenho que posso fazer isso e que é acima de qualquer suspeita é o meu escritório”, diz o advogado aliciador.

O intuito de todos é aliciar, encontrar e manter relações sexuais. O produtor do Fantástico finge aceitar o convite. Eles saem, mas não chegam a entrar no carro do advogado.

Durante esta reportagem, o Fantástico registrou imagens e diálogos tão obscenos que não puderam ser mostrados.

Estes homens não foram identificados porque, segundo a lei, eles não chegaram a cometer crime, uma vez que os produtores do Fantástico são maiores de idade. Mas eles serão investigados pelo Ministério Público.

A procuradora Neide de Oliveira, que integra o grupo de combate à pedofilia na internet, alerta: “A principal orientação que os pais devem passar para os seus filhos é não fazer amizade com estranhos na internet. A criança e o adolescente não vão ter o discernimento para distinguir se aquela outra pessoa é um adulto ou é uma outra pessoa da idade dela“, diz a promotora.

“Então, o correto é: criança e adolescente não pode fazer amizade com estranho pela internet. Eu não acho invasão de privacidade um pai querer saber o que o seu filho faz na internet. Eu acho uma obrigação. Porque o responsável pelo seu filho é o pai, então ele tem que saber o que está acontecendo. Se tem alguma garota que está assistindo e, aconteceu alguma coisa com uma outra amiga, não fica com medo, porque a sua mãe nunca vai querer seu mal, ela sempre vai querer seu bem. Sempre vai querer te ajudar”, conclui.

O aliciamento de menores de idade pela internet ou qualquer outro meio de comunicação é crime. A pena prevista vai de três a oito anos de prisão.

“A internet é um mundo maravilhoso, tanto ruim quanto bom, mas é um mundo maravilhoso porque você consegue fazer trabalhos de colégio, você conhece, pode fazer cursos pela internet, você pode ver sites interessantes de matérias, descobrir novas descobertas pelo mundo da internet ou não. Então, tem que saber usar”, diz uma vitima de pedofilia.

Do Fantástico no G1
http://fantastico.globo.com/Jornalismo/FANT/0,,MUL1529276-15605,00-FANTASTICO+DENUNCIA+CRIMES+DE+PEDOFILIA+NA+INTERNET.ht

Tratamento contra o crack?


A encrenca do crack
"Raspa da canela do diabo", droga se espalha pelo país

Setenta por cento da cocaína apreendida no ano passado no Brasil se destinariam à produção de crack, segundo a Polícia Federal. Enquanto a droga se alastra pelo país em ritmo de epidemia, os usuários criam estratégias de sobrevivência e o marketing do tráfico investe no consumidor proveniente das classes C, D e E. QUANDO A POLÍCIA APONTOU OS ROJÕES PARA O CÉU, para comemorar o sumiço da maconha do mercado em São Paulo, a pesquisadora Solange Nappo suspirou fundo: "Já vimos esse filme antes".
A maconha sumiu, de fato. A velha lei da oferta e da procura fez o preço subir às alturas de R$ 5 por grama, em vez dos estáveis R$ 2 em vigor praticamente desde o início do Plano Real, em 1994. Segundo a polícia, a escassez deve-se ao reforço da fiscalização e da repressão na fronteira com o Paraguai.
Solange, que trabalha na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), dá outra explicação. "Os traficantes já fizeram isso nos anos 90, quando enxugaram a maconha das bocas, para forçar a entrada do crack. O menino ia comprar um baseado e saía com pedras." Tudo mudava a partir daí. Nascia a Cracolândia.
A história remonta ao começo dos anos 90, no Hotel Copa 70, no meio da Boca do Lixo paulistana, onde um traficante de cocaína conhecido por "Chulapa" (homenagem ao jogador santista Serginho Chulapa) fez o primeiro teste de mercado, ensinando a alquimia da transmutação de pó em crack.
"O Copa, que já era de alta rotatividade, virou uma loucura", lembra o português T.S., que foi dono de um hotel na redondeza. "Um trazia a televisão para trocar por droga, outro o micro-system, outro aparecia com a máquina de costura da mãe. Um mercado persa." Quando Chulapa foi assassinado, uns três anos depois, o crack tinha ganhado todas as ruas em volta.

DOMESTICAÇÃO
Na Bela Vista, bairro central de São Paulo, as bocas já se recusam a vender só maconha. Quem quiser, é maconha mais crack. Cinco gramas de maconha vêm num saquinho com cinco pedras. Preço mínimo: R$ 50.
A associação crack-maconha é a mais recente jogada do marketing das drogas. Tem até nome o cigarro de maconha com lasquinhas de pedra: "pitilho" ou "píti" (por ironia, a pronúncia é igual à palavra "pity", compaixão em inglês).
Com o "píti", o crack parece ter sido domesticado, embora o potencial de adição seja o mesmo da droga pura. Para fumá-lo, não é preciso improvisar cachimbos com latas de refrigerante, energético ou Yakult, como se faz com o crack. Ou até em tubos usados de pasta de dentes. (Diante de um desses apetrechos, o artista belga René Magritte talvez reconsiderasse sua frase mais famosa e dissesse: "Isto é um cachimbo".)
Misturada à maconha, o crack, atenua a paranoia -o seu efeito colateral mais perigoso. Acalma o usuário. Evita que entre em brigas. Combate o estigma de droga maldita, que afasta do crack até os "malucos" em busca de novas experiências.
"Ninguém imagina que vá começar a andar como um zumbi se fumar um baseadinho com crack", diz o músico M., 38 anos, há cinco transformado, ele próprio, em zumbi da cracolândia paulistana.
Como a lata que lhe serve de cachimbo esquenta muito durante a combustão, M. tem a boca transformada numa grande ferida. Queimaduras infeccionadas. Pelo menos até a cicatrização, ele promete usar apenas o "pitilho".

TUIIIIIIIIIM
O crack é a cocaína na sua forma mais destrutiva. Mas ainda é cocaína. A diferença é a forma de administração. Os cheiradores expõem apenas alguns centímetros quadrados de mucosa (a do nariz) à absorção do princípio ativo da cocaína, a molécula benzoilmetilecgonina ou éster do ácido benzoico. Do nariz, a substância vai para a corrente sanguínea, para só então chegar ao cérebro.
O caminho é acidentado. Antes de atingir o cérebro, a droga enfrenta os ataques das esterases, enzimas que tentam defender o corpo da intoxicação, destruindo a molécula invasora. Quando uma pessoa cheira o pó, apenas um terço das moléculas de cocaína que entraram na corrente sanguínea chegam a atingir o cérebro depois da ação das esterases.
Para melhorar a eficiência, logo os custos com a droga, surgiu a injeção de cocaína -a pessoa se pica e a droga entra direto na corrente sanguínea, sem a intermediação da mucosa. Aumentam a velocidade de absorção e a quantidade do que é absorvido. As esterases têm menos tempo para agir. O "barato" é mais intenso.
Mas então veio a Aids. Em meados dos anos 90 aconteceu um massacre dos dependentes de cocaina injetável, que compartilhavam seringas contaminadas. Para atender o consumidor hard, os traficantes trataram de disseminar a novidade: não seria mais necessário injetar. Bastava dissolver o pó em água, misturar com bicarbonato e secar. A casquinha que se formava, uma vez fumada, produzia um tuiiiiiiiiim no cérebro, uma explosão de energia e luz.
O "milagre" da cocaína na forma de crack é obra dos pulmões. Quando puxa a fumaça do crack, o usuário arremessa as moléculas da cocaína para esses órgãos, que têm uma área imensa, cheia de alvéolos especializados em trocas gasosas com a corrente sanguínea. Nocaute das esterases.
Noventa por cento das moléculas de cocaína que entram no pulmão atingem o cérebro. Recorde de eficiência. Enquanto a cocaína aspirada leva 5 minutos para fazer efeito e o "barato" dura 60 minutos, o crack "bate" em apenas 5 segundos, mas os efeitos duram magros 5 minutos. A "fissura" e o "barato" se confundem.

REDUÇÃO DE DANOS
Muitas mortes depois, os craqueiros criaram uma espécie de "manual de redução de danos", com regras de sobrevivência:
1. Não usarás o crack em grupo. Fumarás vosso cachimbo na solidão, para evitar confusões.
2. Não enfrentarás a polícia. Admitirás ser usuário de crack, a fim de evitar a prisão por tráfico.
3. Não ficarás próximo da boca, para não denunciá-la à polícia.
4. Pagarás o traficante religiosamente em dia.
5. Associarás o crack a outras drogas, como o álcool e a maconha, a fim de moderar os efeitos em cascata da paranóia, da depressão e da "fissura".
6. Usarás os serviços públicos para controlar as infecções e doenças típicas da vida nas ruas.
7. Procurarás urgentemente uma internação hospitalar, se o traficante quiser acertar contas, e ameaçar a tua vida.
8. Cafetinarás uma mulher. É o jeito mais fácil de arrumar dinheiro, e não tem os riscos do assalto.
Está funcionando.

O NEGÓCIO DO CRACK
Não é apenas a redução de danos à saúde que explica o fenômeno do "pitilho". Qualquer dono de mercadinho na periferia sabe que, quando o mercado se expande, é hora de diversificar o leque de produtos. Os traficantes de crack parecem conhecer essa lei básica. Há pelo menos mais dois derivados do crack no mercado: o "basuco", droga ainda mais tóxica e agressiva, de refino mais grosseiro, e o "pitilho" (ou "mesclado"), a combinação de crack com maconha que está fazendo a cabeça dos noias da Cracolândia.
O "basuco" é feito sob medida para atender o grau mais baixo do mercado, pois custa mais barato. Já o "pitilho" busca o usuário que não quer o estigma causado pelo consumo de crack, afirma o antropólogo Paulo Malvasi, que estuda a relação dos jovens com o tráfico na Grande São Paulo.
"Na periferia, o crack é visto como o ápice do circuito do desespero", diz ele. "O 'noia' é encarado como alguém que está no limiar do humano. Nem os travestis sofrem tanto preconceito."

PÃOZINHO QUENTE
"'Noia' não é gente. Se morrer, ninguém nota." O traficante D. M., dono de uma "lojinha" nos confins da zona leste de São Paulo, não esconde a cara de desprezo quando fala dos usuários de crack. "Lojinha" é a nova gíria para boca de drogas; o termo tem a vantagem de não levantar suspeitas. Ele diz que só atende essa clientela por uma razão econômica. "Coca vende na sexta à noite ou em dia de pagamento. Com o crack é diferente. Mal chega a pedra, você vende tudo. É que nem ingresso de futebol em final de campeonato."
A explicação de D. M. pode ser óbvia para um leigo, mas vale ouro para os pioneiros de um novo gênero de estudos no Brasil: o que busca entender como funciona o mercado de crack a partir dos aspectos econômicos. A observação de D. M. aponta um traço do crack que parece ter passado despercebido pela maioria dos estudiosos. A droga não apenas está entre as mais baratas -o preço baixo é a explicação simplista para a rápida expansão-, mas tem a maior liquidez no mercado de drogas ilícitas.
Liquidez é a facilidade com que um bem -o crack, no caso- pode ser convertido em dinheiro. Pãozinho fresco tem liquidez. Uma Ferrari não tem- porque pouquíssimas pessoas têm recursos para comprá-la. Mas o crack é um pãozinho quente que provoca "fissura" naquele que ficar sem comer o próximo.

PREGÃO NO MEIO DA RUA
"Eu vendoooooo!", grita forte a jovem de 16 anos, grávida de 8 meses, no começo da rua dos Gusmões, coração da Cracolândia, às onze da manhã de uma terça-feira.
"Eu compro, eu compro, eu compro!", replicam os usuários, em torno de 50, avançando sobre ela. Pregão no meio da rua.
O ímpeto dos consumidores é tamanho que a garota precisa vender a droga e caminhar ao mesmo tempo, para não ser atropelada -várias pedras vão caindo pelo chão no empurra- empurra.
Mais tarde, quando bater a "fissura", ou síndrome de abstinência, quando o corpo do viciado exige reabastecimento, os craqueiros voltarão, recurvados, quase de quatro, para tentar achar algumas delas nas frinchas do asfalto.
As grávidas e os meninos com menos de 15 anos são os principais vendedores nesse varejão -a polícia não dá tanto em cima deles, conhecidos como "vapores". Eles trabalham para o traficante, em troca da ração diária de crack para seu próprio consumo.
Os que não trabalham como "vapores" arrumam dinheiro como podem. Cláudio Portella, no poema "Vigésima Primeira Pedra", incluído em seu livro "Crack" (Meca Editora), fez uma glosa da canção "Metáfora", de Gilberto Gil, para explicar a situação:
"Uma lata é feita para conter algo, Mas quando o poeta diz lata, Pode estar querendo dizer [o incontível.
A minha lata conteve roupa, TV, som, celular, computador, Geladeira, microondas, carro, Jet-ski, casa, apartamento, Iate, fazenda, et cetera. Tudo condensado em fumaça."


LIQUIDEZ
A liquidez do crack é uma das razões que levaram a droga a se espalhar pelo país. A última estimativa do Ministério da Saúde, de 2005, contabilizava 380 mil usuários no Brasil. Segundo dados do Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas (Cebrid), ligado à Unifesp, retrabalhados pelos economistas Sérgio Guimarães Ferreira e Luciana Velloso, o número de usuários de crack cresceu 125% entre 2001 e 2005 -não há dados mais recentes.
Nesse período, os consumidores de cocaína cresceram 42%. Só um tipo de droga supera o crack em aumento de usuários: as sintéticas, que tiveram um salto de 171%.
Números da Polícia Federal sobre apreensão indicam que o aumento de 125% pode ser um dado conservador ou ultrapassado. O delegado Cairo Costa Duarte, chefe do serviço de inteligência do setor de repressão a entorpecentes da PF, afirma que 70% dos 18.852 toneladas de cocaína apreendidas no ano passado eram matéria-prima para crack, a chamada pasta-base.
Segundo o delegado, esse percentual não aparece nos dados oficiais porque faltam peritos na PF, e a pasta-base que seria usada para produzir crack acaba contabilizada genericamente como cocaína. Cinco anos atrás o percentual de pasta-base apreendido, cujo destino seria a produção de crack, não passava de 20%. O aumento nas apreensões, diz ele, é um sinal de que a produção se expande.
"O crack se dissemina rápido porque a lucratividade é até maior do que a da cocaína", diz o sociólogo Luís Flávio Sapori, professor da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-MG) e coordenador do Instituto Minas pela Paz. "A clientela do crack é muito mais ampla do que qualquer outra droga: são as classes C, D e E". Sapori coordena uma pesquisa financiada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) sobre o mercado de crack, uma das primeiras do gênero no país.

HIPERVIDA
"O 'barato' do crack é uma maravilha. Uma sensação de hipervida. Você ouve mais, vê mais, tem o olfato mil vezes mais sensível, o toque idem. Os seus cinco sentidos se multiplicam ao infinito", diz Rafael Ilha, 37 anos, 20 dos quais às voltas para se livrar da dependência e, segundo ele, "limpo" há seis anos. Gozadores gostam de chamá-lo de Rafael "Pilha" -num surto de "fissura", ele engoliu duas pilhas pequenas.
Não foi uma tentativa de suicídio. Como estivesse internado numa clínica de reabilitação ultrarrestritiva, e lá não tivesse a menor chance de obter o crack, Ilha teve a ideia de forçar sua remoção para um hospital, de onde fosse mais fácil fugir. Deglutiu as pilhas. Antes, em outro surto, o ex-cantor já tinha engolido uma pilha média, uma caneta e três isqueiros, além de uma tampinha de xampu.
O ex-cantor do grupo Polegar e ex-namorado da mulher mais desejada do Brasil na década de 90, a atriz Cristiana "Juma" de Oliveira, tornou-se o craqueiro mais famoso do Brasil.
Surpreende a longevidade de Ilha, dependente de uma droga que até pouco tempo atrás matava seus usuários pouco mais de um ano depois da primeira "pipada" num cachimbo. Entre períodos "limpos" e outros "sujos", muito "sujos", o ex-cantor testemunhou a proliferação da epidemia de crack.

SEM POESIA
Não é por acaso que Rafael Ilha saiu das páginas de cultura para as policiais. Também do ponto de vista cultural, o crack tem uma singularidade destrutiva. Lucy in the Sky, psicodelismo, camisetas de batique, flower power -do ácido lisérgico foi dito que "amplificava os níveis de consciência". Os Beatles gostavam. Até profeta o LSD produziu, na figura de um professor-doutor de Harvard, Timothy Leary (1920-1996).
A heroína roqueira lutou no Vietnã, anestesiando as dores da guerra. Virou musa de Lou Reed e do anglo-brasileiro Ritchie, em "Menina Veneno". O ópio já foi "comida" de Thomas De Quincey, Baudelaire e de toda sorte de aspirantes a poeta. Os jamaicanos Bob Marley e Peter Tosh converteram-se em gurus da maconha na Tribo de Jah.
Nos anos 80, a cocaína em pó trincou sorrisos de empresários yuppies -carreiras e carreiras enfileirando-se nos banheiros de escritórios e baladas. Mais recentemente, o ecstasy é a droga do sexo, das raves, do amor. Quanto ao crack, bem... o crack é a droga inculta e maldita que leva você ao lixo. O crack não tem poesia. É a "raspa da canela do diabo", conforme a gíria carcerária.
"Falam que é droga de pobre", diz Antonio Feres, 38, agente de segurança desempregado, craqueiro. "Esse é o principal problema do crack. Se não fosse por isso, já tinha pelo menos virado um filme, porque história é o que não falta".

PEDINDO PORRADA
Os pesquisadores da Unifesp começaram a estudar a nova droga tão logo ela chegou a São Paulo. Depararam-se com a assustadora taxa de mortalidade entre os usuários. Segundo Solange Nappo, em um ano, o grupo se renovava.
Só que não era a droga diretamente que matava -ao menos na maioria dos casos.
Compulsivo, o craqueiro sem crack chamava encrenca. "Ele ficava na 'bocada' implorando para o traficante arrumar droga. Chorava, dava bandeira", conta a pesquisadora. "Quando recorria ao assalto para comprar a droga, era um trapalhão, sem nenhuma estratégia para roubar". A própria Nappo foi assaltada por esse novo tipo de trapalhão, durante uma pesquisa de campo.
Os riscos cresciam mais ainda, porque a sensação de onipotência proporcionada pela droga deixa os usuários sem a menor noção do perigo. Atravessam a rua sem olhar, enfrentam o traficante, achando que dominam a situação, desafiam os comerciantes, os seguranças e a polícia. Nas palavras de um policial militar que monta guarda na praça Princesa Isabel, um dos focos do crack em São Paulo, eles "pedem pra tomar porrada".
Segundo Solange Nappo, os craqueiros desenvolvem uma psicose -e por isso são chamados de "noias": ouvem coisas, desconfiam de tudo e de todos. "O crack não é uma coisa que alegra. É tenso, sempre tenso. O usuário imagina que uma unidade da Swat está escalando o prédio para pegá-lo, que tem microfone no ralo, que alguém vai roubar a sua pedra. Briga e violência vêm junto."

UM NOVO CONSUMIDOR
Na calculadora, a cocaína até gera um lucro maior do que o crack, segundo dados da PF enviados à Organização das Nações Unidas (ONU), mas não divulgados no país. Um grama de cocaína vale R$ 6 no atacado e R$ 25 no varejo, gerando um lucro de 300%. O lucro do crack é menor, de 200% -o traficante graúdo pega o grama por R$ 4 e o revende por R$ 12. O que faz toda a diferença do crack é o tamanho da clientela em potencial. As classes C, D e E correspondem a 84% da população do país (162 milhões de pessoas), enquanto as A/B têm 30 milhões.
A mesma classe C que faz o comércio mais popular crescer em ritmo "chinês" ajudou a transformar o crack num problema epidêmico no país, de acordo com José Luiz Ratton, coordenador de um núcleo da Universidade Federal de Pernambuco que estuda violência.
"Há uma diversificação no mercado de drogas. O crack atinge um novo consumidor".
Não é exagero, segundo Sapori, colocar os traficantes na mesma categoria dos homens de negócios. "Os traficantes sempre foram grandes comerciantes. Só não tínhamos notado isso porque estudávamos somente o usuário de drogas", diz.
O Rio de Janeiro, que era livre do crack até sete anos atrás, pode ser um laboratório ideal para analisar o comportamento econômico dos traficantes. A aposta é de Daniel Cerqueira, professor de macroeconomia da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e pesquisador do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea).
Cerqueira prepara uma pesquisa para testar suas hipóteses ousadas para explicar a vertiginosa expansão do crack no Rio. Segundo ele, o advento das drogas sintéticas - ecstasy e ácido lisérgico- provoca um deslocamento tectônico no mercado tradicional. Como a droga sintética é vendida pela classe média, o traficante de morro perde mercado -os jovens de classe A e B, que consumiam cocaína nos anos 80 e 90 do século passado, agora usam ecstasy.

CRACK, GÁS E GATONET
"A droga sintética é um duro golpe na rentabilidade da cocaína", avalia Cerqueira. Com a queda da rentabilidade, o tráfico do morro reage e entra em novos mercados: botijão de gás e "gatonet" (a gíria carioca para a TV por assinatura pirata). "Ele também incorpora um novo produto, o crack, e um novo segmento de consumidores, o 'noia'. O crack é uma resposta à queda de rentabilidade da cocaína." Para ele, o mercado de drogas tem uma organização empresarial, e reage racionalmente para manter o lucro.
No Brasil, não há dados estatísticos que comprovem a perda de terreno da cocaína para as drogas sintéticas. Nos Estados Unidos, porém, o consumo de cocaína chegou ao patamar mais baixo nos últimos 30 anos, segundo o National Institute of Drug Abuse.
A ocupação dos morros do Rio pelas Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) é um subproduto dessa perda de rentabilidade dos traficantes, segundo Cerqueira. A polícia entrou nos morros porque os traficantes estão com menor poder de fogo para reagir, e porque já não têm tantos recursos para pagar propina aos policiais. Tudo é resultado da queda de rentabilidade da cocaína, de acordo com o pesquisador.
O fenômeno das milícias -grupo de policiais que atuam como segurança privada- também tem ligação com a redução do lucro da cocaína, na visão do economista. "Quando cai o volume de propina dos policiais, eles saem em busca de novos negócios. As milícias são um desses empreendimentos".

BAGDÁ BOMBARDEADA
Mesmo com as dezenas de operações "limpeza" realizadas na Cracolândia paulistana, nunca houve tantos craqueiros por lá. Técnicos a serviço da prefeitura estimam que algo como 3 mil a 5 mil "noias" perambulem dia e noite, senhores absolutos do polígono de 181 mil metros quadrados (área de 24 campos de futebol), bem no centro velho da cidade.
Cenário de Bagdá bombardeada, a Cracolândia de hoje é um território com quarteirões e mais quarteirões, demolidos em 2008 para dar lugar a um projeto de "revitalização urbana" que nem começou a se materializar. Seus habitantes são meninos e adultos que envelheceram no álcool e no crack, e grávidas (muitas), e deficientes físicos, doentes e sujos. E lixo espalhado -os "noias" arrombam os sacos de plástico em busca de qualquer coisa que possa ser trocada pela droga.
Tem uma cracolândia em Brasília, a menos de dois quilômetros do Congresso; tem em aldeia de índio; em Presidente Prudente, no extremo oeste do Estado; no pé dos morros cariocas; nos alagados de Recife. A "disneylândia do crack" se espalhou.
LAURA CAPRIGLIONE, MARIO CESAR CARVALHO, xilogravuras J. MIGUEL na Folha de São Paulo de 23/05/10

Tratamento contra o crack?


SEM TEMER a polêmica, talvez se pudesse responder positivamente ao título desta coluna.
Durante três anos, um grupo de 50 viciados em crack se submeteu a uma experiência comandada por psiquiatras da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo): a combinação de terapia com maconha. O resultado do teste ganhou repercussão mundial, especialmente nos EUA, onde foi publicado em revistas científicas. Daquele grupo, 68% trocaram o crack pela maconha. Tempos depois, todos (vamos repetir, todos) os que fizeram a troca não usavam nenhuma droga.
A maconha serviu para reduzir a "fissura" pelo crack, enquanto se esperavam os efeitos da terapia para que, com apoio familiar, o jovem pudesse reorganizar sua vida. Essas informações foram suficientes para inspirar médicos, inclusive do setor público, a tratar seus pacientes viciados em drogas pesadas. Técnicos do Ministério da Saúdes se mostraram impressionados. Idealizador dessa experiência, Dartiu Xavier, professor de psiquiatria da Unifesp, especialista em dependência química, está frustrado, porém.
Ele foi obrigado a abandonar seu projeto, pois corria o risco de se emaranhar-se na lei e de vir a ser tratado como traficante. Além disso, ele seria alvo do ataque de inúmeras entidades médicas brasileiras. A tragédia do crack ganhou mais destaque na semana passada, quando o governo federal anunciou um plano de R$ 410 milhões para lidar com os estimados 600 mil dependentes de crack - um crescimento, segundo estimativas oficiais, de 70% nos últimos cinco anos.

Se a lei permitisse, Dartiu ampliaria o número de atendidos, por exemplo na cidade de São Paulo, onde existem grandes áreas de consumo do crack. A própria universidade forneceria a maconha para garantir o controle da experiência. Quem sabe estaria aí o começo da solução ou, pelo menos, da redução dos danos provocados por essa praga que infesta o país e criou uma cidade chamada "cracolândia".
Na semana passada, durante um congresso internacional, realizado na Unifesp, quando se discutiu a criação de uma agência brasileira para o uso medicinal da maconha, o preconceito foi bombardeado por argumentos científicos. Para sair do papel (sobretudo em ano eleitoral), porém, um projeto como esse, mesmo como apoio do Ministério da Saúde, tem de percorrer um longo caminho. Em Washington, capital de um país conservador em relação às drogas, a maconha já foi liberada para uso medicinal.
*
Um dos maiores especialistas mundiais em drogas, o psicofarmacologista Elisaldo Carlini, ligado à Unifesp, aponta a existência de estudos feitos com animais em que se revela que o princípio ativo da maconha ajuda a combater a depressão e fortalece os indivíduos em situações de estresse.
"É apenas uma hipótese. Afinal, isso só foi testado em animais", diz Carlini, um dos principais idealizadores do encontro internacional da semana passada. Mas ele já sabe que existe comprovação da eficácia de vários de seus tratamentos, alguns dos quais descobertos não por cientistas ou médicos, mas por indivíduos comuns. Na Califórnia, jovens com câncer que, durante as sessões de quimioterapia, demonstravam menos efeitos colaterais, tinham em comum o uso de maconha.
Em suas aulas, o professor Elisaldo gosta de mostrar textos do médico da rainha Vitória (J. Russel Reynolds), da Inglaterra, em que recomendava entusiasticamente a cannabis como remédio. Ele descobriu registros sobre o uso da maconha como analgésico na China há mais de 5.000 anos.

Dartiu e Carlini sabem não só que a maconha afeta a concentração, o aprendizado e a memória mas também que sua descriminalização não é uma medida de fácil implementação. O que está em discussão, porém, é o direito de fazer ciência honestamente sem correr o risco de ser apontado como marginal.
Nos arquivos de Carlini, há o caso de um indivíduo de Porto Alegre que, cansado dos enjoos provocados pela quimioterapia e na esperança de levar uma vida mais saudável, comprou um sítio.
Lá plantou maconha para consumo próprio. Não pretendia cometer nenhuma ilegalidade, tampouco se envolver com traficantes, mas, descoberto pela polícia, que apreendeu cinco pés da erva, agora tem dois problemas: além de enfrentar o câncer, tem de responder a inquérito, acusado de ser traficante de drogas. Dartiu correria risco semelhante se continuasse suas pesquisas, que trouxeram um sinal de esperança.
GILBERTO DIMENSTEIN na Folha de São Paulo

O plano contra o crack.dois textos sobre as drogas, o primeiro sobre a droga de plano contra o crack e o segundo uma advertência, um desejo: devemos e

dois textos sobre as drogas, o primeiro sobre a droga de plano contra o crack e o segundo uma advertência, um desejo: devemos evitar a tragédia mexicana.O plano contra o crack
Mais uma vez tratando de problemas importantes em tom de demagogia eleitoral, o presidente Lula aproveitou a sessão de encerramento da Marcha dos Prefeitos para anunciar outro "Plano Integrado de Enfrentamento ao Crack". Há cerca de 600 mil pessoas no País viciadas na droga, segundo estimativa do Ministério da Saúde, e o último plano para combatê-la foi anunciado em junho do ano passado, quando o governo prometeu ? e não cumpriu ? dobrar o número de leitos para dependentes químicos em hospitais do SUS. Atualmente, a rede do SUS mantém 2,5 mil leitos para viciados em drogas.

Lula anunciou aos prefeitos que o objetivo do novo programa de combate ao crack é aproximar os viciados dos serviços de saúde, mediante o aumento ? nas áreas consideradas mais vulneráveis das cidades com população superior a 400 mil habitantes ? do número de consultórios de rua e de pontos de acolhimento de usuários, onde eles podem comer, tomar banho e descansar.
Criados no final do ano passado, os consultórios de rua contam com assistentes sociais, psicólogos e enfermeiros que fornecem orientação sobre tratamentos e oferecem cuidados básicos em locais onde os viciados em crack se reúnem. Estão previstos também novos Centros de Atenção Psicossocial e a transformação dos 110 Centros já existentes em unidades abertas durante as 24 horas do dia. O governo anunciou ainda que construirá 60 abrigos para receber usuários de crack "em situação de risco", ou seja, ameaçados por traficantes, onde poderão permanecer de 30 a 40 dias.
O discurso do presidente Lula é indissociável da campanha da pré-candidata petista à Presidência, Dilma Rousseff. Desde o Dia das Mães ela vem tratando do tema em eventos pré-eleitorais. O combate ao crack também foi por ela abordado nas últimas inserções publicitárias do PT e de outros partidos da base aliada, no rádio e na TV. "Estou muito preocupada com o crack. Ele mata, é muito barato e está entrando em toda periferia e em pequenas cidades", diz a ministra nessas inserções, depois de prometer enfrentar "essa ameaça com autoridade, carinho e apoio".
Em seu discurso aos prefeitos, Lula afirmou: "O crack é uma coisa ainda nebulosa. O que a gente sabe é que o crack não é uma droga de rico, é uma droga mais para pobre. E a gente sabe que ela está sendo utilizada não nos grandes centros urbanos, está sendo utilizada nas pequenas cidades, inclusive com criança em escola", afirmou o presidente, depois de prometer que, quase ao término de seu mandato, irá "jogar duro" contra narcotraficantes ? o que não fez em sete anos e meio de governo.
A exemplo de projetos que foram recentemente anunciados pelo MEC, como a criação de um exame nacional único para seleção de professores para as redes municipais e estaduais de ensino básico, o plano de combate ao crack é mais uma iniciativa elaborada às pressas, com o objetivo de render dividendos eleitorais, sem nenhuma garantia de que será posto em prática pelo atual e pelo próximo governo.
Encomendado em abril ao chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, general Jorge Armando Felix, o plano prevê gastos de R$ 400 milhões, ainda este ano, em ações de prevenção, tratamento de usuários de crack e repressão ao tráfico. No entanto, várias ações semelhantes, que foram anunciadas no ano passado, até hoje não saíram do papel por falta de dotação orçamentária.
O ministro da Segurança Institucional reconhece que "não há grandes novidades" entre o plano anunciado pelo presidente Lula na Marcha dos Prefeitos e as medidas que o governo já havia anunciado para o setor há menos de um ano. As únicas novidades, diz ele, são "a intensificação dos esforços e o afluxo de mais recursos para podermos fazer as coisas melhor, mais depressa e mais integrados".
O consumo de crack tem um efeito devastador na sociedade, que só será contido por meio de uma política mais articulada do que a anunciada por Lula no comício dos prefeitos. 
Editorial d'O Estado de S.Paulo


A tragédia mexicana
Pobre México. Tão longe de Deus e tão perto dos Estados Unidos.

O caderno especial México em guerra, publicado domingo neste jornal, retrata o desfalecimento das instituições de Estado dessa grande nação invadida pelos cartéis da droga. O país vive a sua mais grave crise desde a sangrenta Revolução de 1910 ? como relata o repórter Fausto Macedo. A contar de 2007, quando o então recém-empossado presidente Felipe Calderón decidiu militarizar o combate ao narcotráfico, com a mobilização de 50 mil soldados do Exército, as máfias da droga executaram perto de 23 mil pessoas. Quantos são os agentes públicos corrompidos pelos mafiosos não se sabe, mas também hão de se contar aos milhares.

As execuções, não raro de famílias inteiras e à luz do dia, assumem formas bestiais. O narcotráfico faz da violência mais do que uma afirmação de poder: como o terrorismo, destina-se a propagar o pânico e a desmoralizar a autoridade. Em nenhuma parte desse país, onde 11 dos 44 Estados já são dominados pelos narcos, isso é tão clamoroso como em Ciudad Juárez, de 1,3 milhão de habitantes, na fronteira com os Estados Unidos. Com 4,2 mil execuções apenas nos últimos 2 anos, ou 191 por 100 mil moradores, Juárez é considerada pela ONU a cidade mais violenta do mundo.
O governo insiste em que está no caminho certo e se gaba das apreensões de drogas, armas, valores e da captura de traficantes de alto coturno, como o líder de cartel "El Índio", por quem os Estados Unidos ofereciam recompensa de US$ 2 milhões. Mas nenhum observador imparcial dirá que o crime está acuado ou, muito menos, em declínio no México. "Apenas 1% dos bens do tráfico é confiscado", exemplifica o professor de direito Edgardo Buscaglia, um dos maiores conhecedores do assunto no país. Ele ressalta que o comércio de entorpecentes é uma entre 21 modalidades de negócios ilícitos das gangues.
Enquanto, segundo ele, o México se tornou um "paraíso patrimonial" para grupos criminosos das mais diversas procedências, há no país 982 "focos de ingovernabilidade" como os do Iraque, Afeganistão e Paquistão ? território subtraído ao controle da administração pública. Para os críticos, uma coisa e outra provam o fracasso da Iniciativa Mérida, o protocolo de segurança para o México e América Central, assinado em 2007 pelo então presidente americano, George W. Bush, com o pleno apoio do seu colega Felipe Calderón.
Pelo acordo, nos moldes do Plano Colômbia contra as Farc e a droga, os EUA deveriam investir US$ 1,4 bilhão em 3 anos para equipar e capacitar as forças mexicanas, e Calderón deveria lançar uma ofensiva sustentada contra o narcotráfico. Na realidade, o México não cumpriu ainda 77% das cláusulas do plano e os EUA só desembolsaram 21% daquele total. A questão de fundo, porém, é mais complexa do que a incapacidade do governo mexicano para tocar uma estratégia já de si polêmica ou do que a escassez de recursos liberados por Washington. Trata-se do papel dos EUA como "importador" e "exportador" dos dois produtos em que se assenta um negócio de US$ 24 bilhões por ano: drogas e armas.
Vêm do México de 60% a 90% da cocaína consumida no país, o maior mercado mundial de narcóticos. As cadeias americanas estão repletas de pequenos traficantes (em geral jovens negros), mas o uso da substância não é reprimido. "Precisamos nos concentrar no ponto da venda", diz o diretor do Instituto de Fronteira da Universidade de San Diego, David Shirk. Tão ou mais difícil será barrar o fluxo de armas made in USA para o mercado das tropas do crime no outro lado da fronteira.
Ao visitar o México logo depois da posse, o presidente Barack Obama prometeu empenhar-se na ratificação, pelo Congresso, da Convenção Interamericana contra a Fabricação e Tráfico de Armas de Fogo (Cifta). No México, esse comércio é proibido. Nas áreas de fronteira, ao norte, compra-se livremente o que se queira no gênero em qualquer supermercado. E, se depender do Senado americano, submisso ao multimilionário lobby da National Rifle Association, esse estado de coisas se perpetuará. O Cifta está na rabeira da fila dos projetos a serem examinados na Casa. Já dizia o presidente mexicano Díaz, no século 19: "mexicano Porfírio Díaz, no século 19: "Pobre México. Tão longe de Deus e tão perto dos Estados Unidos."

Os dois textos são d'O Estado de São Paulo

O crack em reportagem da Bandeirantes

Jornal da Band exibe série de reportagens sobre o crack


A partir desta segunda-feira, o Jornal da Band exibe uma série de reportagens sobre o crack. A droga, considerada uma das mais devastadoras na sociedade brasileira, é cada vez mais consumida por viciados de todas as classes sociais, escolaridade e regiões do país.

Enquanto isso, governo, profissionais da saúde e policia divergem sobre as formas de combater o consumo e tratar os viciados. Um levantamento feito em 2005 pelo Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid), da Universidade Federal de São Paulo, constatou que, cerca de 22,8% dos brasileiros já haviam utilizado algum tipo de droga ilícita. O estudo foi feito com 7.939 pessoas, de 108 cidades das cinco regiões do país.

A pesquisa, realizada em parceria com a Secretaria Nacional Antidrogas (SENAD), avaliou a utilização de vários tipos de drogas, entre elas o crack. Na época, a estimativa era que 0,7% do total dos entrevistados já havia usado o crack pelo menos uma vez durante a vida. O número representava aproximadamente 381 mil pessoas em todo o país.

O crack é considerado uma droga de alto risco, pois pode levar ao vício logo após a primeira tragada. Fabricado a partir de uma mistura de cocaína com substâncias altamente tóxicas, é uma droga barata, cerca de R$ 5 a dose e, de acordo com os entrevistados pela pesquisa do Cebrid, muito fácil de conseguir.

Essas facilidades, aliadas ao efeito no organismo, são os principais fatores que levam ao vício. A farmacêutica Tharcila Viana Chaves, da Unifesp, autora de um estudo sobre os efeitos do crack, explica que esse tipo de droga causa muito mais “fissura”, do que prazer. E é exatamente isso que leva ao vício. “Quanto mais rápido o efeito da droga é sentido, mais rápido ele acaba e isso faz aumentar a vontade de usar novamente”, explicou.

Em sua tese, a farmacêutica entrevistou 40 usuários, com idades acima de 18 anos e constatou que o desejo pela droga vem logo após a primeira utilização. “Assim que a pessoa dá a primeira tragada, ela desenvolve uma compulsão imediata pelo consumo, levando ao uso ininterrupto, até que o estoque da droga acabe ou ele chegue à exaustão”, explica.

Tharcila constatou que cada pessoa reage à droga de uma forma, mas em comum, todas elas destacaram o efeito rápido do crack. O prazer pode durar no máximo cinco minutos, após isso, vem o desejo de voltar a utilizar, ou seja, a fissura. “O corpo sente uma avidez pela droga e o fator psicológico ajuda muito”, segundo a especialista.

Em muitos casos, o usuário com problemas pessoais e psicológicos se entrega com mais facilidade ao vício, tornando o uso de drogas uma válvula de escape para os problemas do dia-a-dia “torna-se uma muleta na vida desse usuário”, explica. http://www.band.com.br/jornaldaband/conteudo.asp?ID=306418



Cresce o número de usuários de crack no Brasil
Segundo dados oficiais, os usuários de crack no Brasil já somam 600 mil. Pesquisas mostram que essa epidemia com alto poder de destruição já não é um problema exclusivo de grandes metrópoles. A droga chegou a médias e pequenas cidades do Brasil e, em cinco anos, o número de dependentes quase dobrou.

Junto ao vício, vem o aumento da violência e o desespero das famílias. Na série "Crack, a praga se alastra", o Jornal da Band faz uma viagem pelo interior do Brasil, e mostra a devastação causada pela droga.

No episódio desta segunda-feira, a série mostrou o universo dos cortadores de cana no interior de São Paulo. Esses trabalhadores necessitam de muita disposição, afinal, quanto mais cana é cortada, mais dinheiro no fim do mês. A questão é que muitas vezes o arroz com feijão não são suficientes e muitos bóias frias vão buscar essa energia extra no consumo do crack.

Esse problema não se restringe apenas à região usineira de São Paulo. Em todo o interior do Brasil, famílias que vivem em pequenas cidades são destruídas pela dependência química. É o que comprovam os dados.

Cerca de 800 mil pessoas trabalham no corte da cana-de-açúcar nas mais de 400 usinas do Brasil. O tráfico de drogas em cidades do interior do país aumentou 15% em 2010. E a justificativa para entrar na criminalidade é, muitas vezes, o desemprego gerado pela mecanização das lavouras e a falta de oportunidade de trabalho no campo.
Alguns desses trabalhadores rurais contam suas histórias ao Jornal da Band. http://www.band.com.br/jornaldaband/conteudo.asp?ID=306409




Autoridades divergem sobre como tratar usuários de crack
Ainda não há um consenso de como deve ser vista a questão do uso do crack, as formas de tratamento, nem ações sólidas dos governos para combater esse uso. Mas, para o doutor Rubens de Camargo Ferreira Adorno, professor do Departamento de Saúde Materno-Infantil da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da Universidade de São Paulo, a sociedade, atualmente, se posiciona de forma “problemática” em relação aos usuários.

Ele acredita que a questão deva ser tratada do ponto de vista do “uso” e “problemas com o uso”, em saúde pública. “Ou seja, nem todos que usam desenvolvem problemas com o uso, todas as pessoas desenvolvem estratégia de uso, de controle do uso, dos resultados e do prazer que querem obter com essa prática”, diz.

“As pessoas que têm problemas com o uso acabam por envolver outras pessoas, nesse sentido diria inclusive que a mídia, ao amplificar o pânico e a dramatização do tema ‘drogas’, acaba influenciando e aumentando a segurança do próprio usuário e nesse caso amplificando a esfera de ‘problemas com o uso’”, opina Adorno.

O certo é que, segundo o professor, há uma ausência total de políticas de acolhimento para as pessoas que manifestam problemas com o uso. “Seguindo o modelo sanitário brasileiro essas questões cabem ao município, e cabe ao ministério uma política geral”, avalia.

“O ministério tem uma política interessante de ‘redução de danos’, que creio é a que melhor se articula com a saúde pública, entretanto essa política deveria ser mais bem detalhada e trabalhada, pois o acolhimento deve ser trabalhado em todos os níveis por uma política de redução, desde a distribuição de insumos que vão possibilitar que o usuário se defenda de danos maiores do que aqueles que envolvem o próprio consumo”, completa o professor.

Em sua opinião, o ideal seria a implantação de serviços de acolhimento, com uma perspectiva de diversidade terapêutica, com o intuito de alertar o usuário para cuidados com o próprio corpo. “Quando falo em trabalho de saúde pública é considerar as próprias falas e as próprias estratégias dos usuários como estratégias de cuidado”, explica Adorno.

Tratar os pais para curar os filhos

Enquanto as políticas públicas não criam soluções efetivas para ajudar os usuários de droga a abandonarem o vício, instituições de ensino, associações e órgãos de pesquisa batalham por soluções. Recentemente, o Ambulatório de Atendimento ao Adolescente da Unifesp, por meio da Unidade de Dependentes de Drogas (UDED) criou um programa de tratamento que ajuda não só os adolescentes dependentes, mas também a família do usuário.

De acordo com a psicóloga e professora-adjunta da Unifesp, Denise de Micheli, coordenadora do ambulatório, o protocolo de orientação aos pais foi criado a cerca de um ano. "A partir do momento que nós começamos a atender adolescentes usuários de drogas, nós percebemos que era muito importante a inserção dos pais nesse processo", explica. "Nós percebíamos que os pais chegavam até nós muito ansiosos e com dúvidas", completa Denise.

O tratamento dos pais é feito totalmente desvinculado ao dos filhos. Inicialmente, participavam desse projeto apenas os familiares dos adolescentes que já estavam no programa. No entanto, hoje em dia, é comum encontrar pais que buscam, sozinhos, esclarecimentos sobre o momento pelo qual seus filhos estão passando. "A gente tem visto muito resultado nesse processo, pois muitas vezes, o adolescente não se enxerga como usuário", diz a coordenadora.

Atualmente, cerca de 300 pais e familiares já buscaram o apoio da Uded. O atendimento é feito em sessões, são seis encontros, sendo os três primeiros semanais e os três últimos, quinzenais. As famílias não compartilham o encontro com outras famílias, o tratamento é feito com cada grupo de pessoas da mesma família. Dessa forma, a família fica mais a vontade para relatar os motivos pelos quais buscam ajuda e o tratamento é feito caso a caso.

Para a psicóloga, o uso de drogas é um hábito adquirido. "Assim como outros hábitos adquiridos ao longo da vida, é difícil de interromper", explica. No programa, "trabalhamos com as crenças no sentido de desvincular o adolescente desse hábito", diz. A ideia é tirar da cabeça do usuário crenças como "essa festa só será legal se eu usar drogas", "só consigo me expressar se estiver sob o efeito da droga" etc. Dessa forma, segundo Denise, fica mais fácil acabar com o vício.

O tratamento da Uded é feito com jovens entre 12 e 20. O ambulatório fica na Rua Napoleão de Barros, 1038, Vila Clementino, na zona sul da capital paulista.
http://www.band.com.br/jornaldaband/conteudo.asp?ID=306424






Escola aumenta muros e instala câmeras para conter avanço do crack na Bahia
A segunda matéria da série especial do Jornal da Band sobre os problemas causados pelo uso do crack mostra uma escola no sertão baiano que precisou aumentar os muros e instalar câmeras de vigilância para conter o avanço da droga.

O colégio fica no município de Governador Mangabeiras. Além das reformas, professores e funcionários mantêm vigilância constante nos alunos. De acordo com um estudante, que não quis se identificar, os jovens do local vão buscar a droga com traficantes em Feira de Santana.
Redator: Roberto Saraiva http://www.band.com.br/jornaldaband/conteudo.asp?ID=306999


Traficantes usam rotas alternativas para distribuir crack no Brasil
Para espalhar a droga pelo país, os traficantes de crack escolhem caminhos alternativos, fora das grandes rodovias, e deixam um rastro de viciados pelo caminho. A terceira reportagem especial do Jornal da Band sobre a droga mostra a chamada "rota caipira" do entorpecente.

A BR-050, perto da divisa de Minas Gerais e São Paulo é uma das principais rotas do tráfico na região Sudeste. A polícia aumenta a fiscalização, mas os traficantes acabam criando roteiros alternativos em estradas vicinais, aproximando cada vez mais as drogas do interior do brasil.

Na mineira Uberaba, de 290 mil habitantes, a droga era desconhecida há poucos anos. De acordo com a Polícia Militar, hoje 85% das ocorrências no local estão ligados à droga.

Os principais destinos do entorpecente são grandes centros urbanos nas regiões Sul (Curitiba), Sudeste (São Paulo e Rio de Janeiro) e Nordeste (Fortaleza e Recife). A droga percorre um longo caminho antes de chegar em pedra às mãos do usuário. A matéria-prima é a pasta base de cocaína que vem da Colômbia, Peru e Bolívia e entra no Brasil pelo Amazonas, Acre, Rondônia e cidades do Mato Grosso.

Um relatório da ONU mostra que, em um ano, as apreensões de crack no Brasil quadruplicaram, de 145 quilos, em 2006, para 578 quilos no ano seguinte.
Redator: Roberto Saraiva
http://www.band.com.br/jornaldaband/conteudo.asp?ID=307511




Mães se unem para tirar os filhos das drogas
A quarta reportagem da série especial do Jornal da Band sobre o crack mostrou mães de jovens viciados no interior do Rio Grande do Sul. Cansadas de ver os filhos dependentes da droga, elas resolveram unir forças para cobrar medidas do poder público.

Em Pelotas, algumas dessas mães passaram a dividir seus dramas e juntas buscaram saídas para salvar os filhos. Hoje, 60 mulheres já fazem parte do movimento “Mães contra o crack”, que já procurou o Ministério Público e a prefeitura de Pelotas para tentar melhorar e ampliar o atendimento aos dependentes químicos.

Elas alertaram para a necessidade de uma equipe com pessoas especializadas que fique disponível 24 horas para atendimento do dependente químico. Dos 250 mil habitantes da cidade, 7 mil são usuários de drogas.

A história dessas mães preocupa os moradores da região. Na cracolândia de Pelotas, jovens usam droga à luz do dia, vagam como mendigos e procuram qualquer objeto de valor para comprar mais crack.

Relacionamento familiar
Tão importante quanto o acompanhamento médico, é a educação que esses jovens recebem em casa. A relação dos pais com os filhos, principalmente relacionado ao uso do álcool e do tabaco, pode ser um fator determinante para a busca da droga ilícita, no caso o crack.

Desse modo, o apoio e persistência dos pais são também fundamentais para a recuperação desses jovens. É necessário crer que eles tomaram um caminho errado, mas que existe volta.
Redatora: Mariana de Paula
http://www.band.com.br/jornaldaband/conteudo.asp?ID=307977



Cientistas buscam soluções contra efeitos do crack no organismo
A reportagem especial do Jornal da Band sobre o crack mostra os efeitos devastadores da droga no organismo e a esperança criada em torno de uma vacina desenvolvida por cientistas americanos.

O crack provoca doenças mentais e problemas de saúde que podem se estender por várias gerações. A opinião dos especialistas é unânime quando analisam como sua principal conseqüência a dependência física. Eles alegam que para estar viciado na droga basta usar no máximo cinco vezes e para acabar com o vício leva até uma vida inteira.

Mesmo quem consegue abandonar o vício, não fica livre dos efeitos. O uso prolongado do crack compromete o sistema respiratório, coração, cérebro e até a fertilidade. Uma pesquisa da Faculdade de Medicina da USP mostrou que a droga afeta a produção de espermatozóides e causa a diminuição dos testículos.

A falta de soluções que possam impedir ou anular a ação da cocaina e do crack no organismo foi o ponto de partida para que cientistas em várias partes do mundo começassem a se desdobrar em pesquisas.

A primeira luz surgiu nos Estados Unidos, onde uma vacina tem se mostrado eficiente nos testes feitos com animais, nos quais ficou comprovado que o risco de arritmia e infarto aumenta em usuários de crack. E essas sequelas ainda representam uma herança negativa para as próximas gerações.

No entanto, a esperança de dias melhores sem droga deve demorar pelo menos cinco anos para sair dos laboratórios e chegar ao mercado.

Políticas Públicas
Faltam programas de saúde pública para dependentes em todos os estados do Brasil. Nas clínicas particulares, o tratamento é para quem pode pagar até R$ 5 mil por mês.

Enquanto essas vacinas não estão disponíveis, os especialistas ressaltam a necessidade de políticas públicas de prevenção e atendimento aos usuários de crack. E alertam que ações nesse sentido devem ser cobradas dos pré-candidatos às eleições presidenciais.
Redatora: Mariana de Paula
http://www.band.com.br/jornaldaband/conteudo.asp?ID=308508

Mulheres na política..

As próximas eleições já entraram para a História, independentemente do resultado. Pela primeira vez no País duas mulheres disputam o cargo de presidente da República e estão entre os principais candidatos. Dilma Rousseff (PT) e Marina Silva (PV) são as protagonistas deste pleito. Antes delas tentaram Lívia Maria Pio de Abreu (em 1989, ficando em 17.º lugar) e Heloísa Helena (em 2006, em 3.º lugar, com expressiva votação).

Se o fato de termos duas fortes postulantes ao Planalto numa mesma eleição é histórico e motivo de comemoração, a verdade é que a política no Brasil ainda é essencialmente masculina. A participação das mulheres é crescente na História brasileira, mas ainda está aquém do desejado. Somos a maioria da população do País e representamos 40% da força de trabalho fora do lar, mas continuamos invisíveis na área pública. Só em 1985 uma mulher se tornaria prefeita de capital (Maria Luiza Fontenelle, do PT, em Fortaleza) e apenas em 1995 o Brasil elegeria sua primeira governadora (Roseana Sarney, no Maranhão). Somente dois dos nossos Estados mais populosos já elegeram governadoras - Rio de Janeiro (Rosinha Garotinho) e Rio Grande do Sul (Yeda Crusius).
Na Câmara dos Deputados o cenário é ainda mais desanimador. Em 184 anos de existência do Legislativo, nunca uma mulher ocupou um cargo titular na Mesa da Casa. São apenas 45 mulheres em meio a 513 deputados, ou seja, míseros 8% de representação feminina. No Senado o índice sobe para 13%, mas ainda é inexpressivo. O porcentual de mulheres na Câmara e no Senado brasileiros é um dos mais baixos da América Latina e do mundo.
Apesar de a legislação determinar que os partidos preencham ao menos 30% de suas candidaturas com mulheres, isso não ocorre na prática. Entre os fatores que desestimulam as mulheres a participar da política estão o preconceito, que começa na própria família, a falta de incentivos financeiros e a dificuldade de encarar uma jornada dupla de trabalho, muito mais acentuada no caso de atividade partidária. Trata-se de um problema cultural. Durante grande parte da História do País, as mulheres não tiveram direitos civis nem cidadania plena. A elas eram negados os mais elementares direitos políticos, como votar e ser votadas. Só em 1932, no governo de Getúlio Vargas, as mulheres conquistaram o direito ao voto, depois de muita luta do movimento sufragista. Mesmo assim, apenas mulheres casadas (com autorização do marido), viúvas e solteiras com renda própria votavam.
Com o Estatuto da Mulher Casada, de 1962, algumas liberdades fundamentais foram conferidas às mulheres, como o direito de viajar sem autorização do marido ou de gerenciar seus bens patrimoniais. Mais tarde, a Lei do Divórcio (1976) possibilitou que casamentos fracassados pudessem ser oficialmente desfeitos, permitindo a dissolução do vínculo matrimonial, que, enfim, deixou de ser para sempre. A mesma lei igualou os direitos dos filhos, independentemente da situação dos pais. Esses passos aparentemente elementares, no entanto, resultaram de muito esforço de persuasão das militantes feministas. A verdadeira emancipação feminina só ocorreu com a Constituição de 1988, que equiparou homens e mulheres em direitos e obrigações. Em que pesem os avanços legais, convivemos ainda com os resquícios culturais dessa antiga situação de subalternidade.
A desigualdade de gênero nas instâncias de poder é um problema internacional. Em 1995 foi realizada em Pequim a IV Conferência Mundial da Mulher, um verdadeiro marco no avanço dos direitos femininos. Mas muitas das recomendações feitas às delegações oficiais dos países participantes não foram implementadas. As propostas legislativas que visavam a garantir o direito das mulheres ao patrimônio, à saúde e à liberdade sexual não se concretizaram em sua plenitude. Com a população feminina sub-representada nas áreas de comando e compondo apenas 20% dos legisladores em todo o mundo, segundo dados da ONU, estamos muito distantes das metas fixadas em Pequim. Nesse compasso, serão ainda necessárias muitas décadas para haver paridade de gênero nos cargos políticos de relevância.
Mulheres já foram eleitas presidente ou primeira-ministra na Índia, Alemanha, Noruega, Inglaterra, Argentina e no Chile, para citar alguns exemplos, mas uma andorinha só não faz verão. A emancipação efetiva só será realidade quando atingir todas as mulheres, em todas as classes sociais. Enquanto houver violência doméstica, discriminação no trabalho fora do lar e abusos sexuais, nenhuma sociedade poderá dizer que a igualdade de gênero foi alcançada. Por isso, fortalecer e proteger a população feminina deve ser um projeto de governo.
Um exemplo de divisão justa do poder foi adotado por Michelle Bachelet, no Chile, e por José Luiz Zapatero, na Espanha, que decidiram nomear um Ministério paritário (metade homens e metade mulheres). Essa medida, na esfera do Poder Executivo, é fundamental para promover o respeito a uma parcela da população até hoje subjugada e menosprezada pelos padrões patriarcais. Se as mulheres não estiverem no poder, suas reivindicações não serão concretizadas e os projetos que as beneficiam estarão fadados ao esquecimento.
No Brasil foi aprovada nova lei eleitoral (12.034/2009) que determina a obrigatoriedade de os partidos políticos destinarem 5% do fundo partidário à formação política de mulheres, prevendo punição para o descumprimento da regra, e do já mencionado preenchimento de 30% das vagas com candidaturas femininas. Além disso, reserva 10% do tempo de propaganda partidária em anos não-eleitorais para promover a participação da mulher.
Democracia aprende-se, constrói-se e se exerce. No caso das mulheres e de outros segmentos excluídos, a verdadeira democracia requer o acesso ao poder político. O Brasil cidadão precisa ser mais feminino, mais tolerante, mais igualitário, mais atento à preservação ambiental, em suma, mais responsável pelo seu futuro, nos exatos termos consignados em nossa Constituição.

Omissão...

Omissão é deixar de manifestar-se, de fazer algo. É desvincular-se de um problema. Omissão é descaso, o que não deixa de ser um tipo de violência.
Muitas vezes encontramos, passamos por pessoas com dificuldades. Pessoas muitas vezes dignas, que a vida colocou numa situação difícil. E o que acontece é que transitamos por elas ou, simplesmente, damos alguma ajuda material. É lógico que eles precisam dessa ajuda, mas mais do que isso, precisam de consideração, de um sorriso. Quantas vezes paramos para conversar com elas, dar alguma atenção? Quase nunca! Escondemos-nos por trás de várias desculpas, por trás da pressa. E esquecemos que essas pessoas já tiveram uma vida, uma fam[ilia, um emprego...
Numa rua de São Paulo havia uma mulher que ficava sentada sempre perto de um viaduto. E estava sempre com um caderno, escrevendo. Uma vez por mês eu fazia um trabalho voluntário, ajudando pessoas carentes no Parque Dom Pedro, inclusive distribuindo marmitas. Houve uma vez que sobraram várias marmitas e pediram que eu levasse duas. Na volta para casa, lá estava ela escrevendo e com vários livros ao lado. Parei para oferecer-lhe uma marmita, que ela aceitou de bom grado. Foi quando reparei que os livros eram de filosofia. Começamos a conversar e ela contou que era bacharel em Filosofia, mas a bebida estragou tudo. Foi expulsa de casa, do emprego e vivia na rua. E escrevia. Pois o sonho dela era voltar para a faculdade e os escritos serviriam para uma futura tese de mestrado.
Ao me despedir, ela presenteou-me com um belo sorriso. E agradeceu. Não pela comida, mas pela conversa. Desde então, ao ajudar alguém, sempre dou um sorriso e, por dentro, faço uma breve oração. Acredito que assim evito a omissão e o sorriso que recebo de volta é um bálsamo para minha alma

A frota de Gaza e os limites da força...


Por 2.000 anos, os judeus só conheciam a força da força em forma das chibatadas que lhes eram aplicadas. Há algumas décadas, porém, nos tornamos capazes de também exercer a força. Seu poder, no entanto, nos embriagou incontáveis vezes. Incontáveis vezes imaginamos que é possível resolver todo grande problema que encontramos por meio da força.
Como diz um provérbio, para o homem que carrega um grande martelo, todo problema tem jeito de prego. No período anterior à fundação do Estado, larga proporção da população judaica na Palestina não compreendia os limites da força e imaginava que fosse possível usá-la para atingir qualquer objetivo.
Por sorte, durante os primeiros anos de Israel, líderes como David Ben Gurion e Levi Eskhol sabiam muito bem que a força tem seus limites e cuidavam em não ultrapassar essas fronteiras.
Mas, desde a Guerra dos Seis Dias, em 1967, Israel sofre de uma fixação pela força militar. O lema é: aquilo que não pode ser realizado pela força pode ser realizado por uma força ainda maior.
O cerco de Israel à faixa de Gaza é um dos fétidos produtos dessa visão. Origina-se da errônea suposição de que o Hamas pode ser derrotado pela força das armas, ou, em termos mais gerais, que o problema palestino pode ser esmagado em lugar de resolvido.

O HAMAS É UMA IDEIA
Mas o Hamas não é apenas uma organização terrorista. O Hamas é uma ideia. Uma ideia desesperada e fanática nascida da desolação e da frustração de muitos palestinos.
E ideia alguma jamais foi derrotada pela força nem por bloqueios, nem por bombardeios, nem soterrada sob as esteiras dos tanques de guerra ou atacada por forças especiais da Marinha. Para derrotar uma ideia é preciso oferecer uma ideia melhor, mais atraente e mais aceitável.
A única maneira de remover o Hamas é que Israel chegue rapidamente a um acordo com os palestinos para o estabelecimento de um Estado independente na Cisjordânia e na faixa de Gaza, tais como definidas pelas fronteiras de 1967, com capital em Jerusalém Oriental. Israel precisa assinar um acordo de paz com Mahmoud Abbas e seu governo e, com isso, reduzir o conflito entre Israel e os palestinos a um conflito entre Israel e a faixa de Gaza.
E o último só poderá ser resolvido, em última análise, pela integração entre o Fatah, de Abbas, e o Hamas. Mesmo que Israel capture uma centena de outros navios rumo a Gaza, mesmo que envie soldados para ocupar Gaza mais uma centena de vezes, não importa quantas vezes Israel use suas Forças Armadas, polícia e forças clandestinas, não haverá como resolver o problema.

NÃO ESTAMOS SÓS
O problema é que não estamos sós nesta terra, e os palestinos não estão sós nesta terra. Não estamos sós em Jerusalém, e os palestinos não estão sós em Jerusalém. Até que nós, israelenses e palestinos, reconheçamos as consequências lógicas desse simples fato, viveremos todos em permanente estado de sítio: Gaza sob sítio israelense, e Israel sob sítio árabe e internacional.
Não desconsidero a importância da força. A força militar é vital para Israel. Sem ela não seríamos capazes de sobreviver nem por um dia. Ai do país que desconsidere a eficácia da força. Mas não podemos nos permitir esquecer nem por um momento que a força só é efetiva de modo preventivo para impedir a destruição de Israel, proteger nossas vidas e nossa liberdade.
Cada tentativa de usar a força não para fins preventivos, ou de autodefesa, e sim como forma de esmagar problemas e esmagar ideias conduzirá a novos desastres, como aquele que causamos para nós mesmos em águas internacionais, no alto-mar, ao largo das costas de Gaza.

Texto de AMOZ ÓZ na Folha de São Paulo de 02/06/10
Nascido em Jerusalém em 1939, Amós Oz é escritor e jornalista. Publicou 18 livros, traduzidos para cerca de 30 idiomas. Um dos fundadores do Movimento "Paz Agora", representa a chamada esquerda engajada, favorável à criação do Estado palestino. Ensina literatura hebraica na Universidade Ben GurionTradução de PAULO MIGLIACCI