Jornal da Band exibe série de reportagens sobre o crack
A partir desta segunda-feira, o Jornal da Band exibe uma série de reportagens sobre o crack. A droga, considerada uma das mais devastadoras na sociedade brasileira, é cada vez mais consumida por viciados de todas as classes sociais, escolaridade e regiões do país.
Enquanto isso, governo, profissionais da saúde e policia divergem sobre as formas de combater o consumo e tratar os viciados. Um levantamento feito em 2005 pelo Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid), da Universidade Federal de São Paulo, constatou que, cerca de 22,8% dos brasileiros já haviam utilizado algum tipo de droga ilícita. O estudo foi feito com 7.939 pessoas, de 108 cidades das cinco regiões do país.
A pesquisa, realizada em parceria com a Secretaria Nacional Antidrogas (SENAD), avaliou a utilização de vários tipos de drogas, entre elas o crack. Na época, a estimativa era que 0,7% do total dos entrevistados já havia usado o crack pelo menos uma vez durante a vida. O número representava aproximadamente 381 mil pessoas em todo o país.
O crack é considerado uma droga de alto risco, pois pode levar ao vício logo após a primeira tragada. Fabricado a partir de uma mistura de cocaína com substâncias altamente tóxicas, é uma droga barata, cerca de R$ 5 a dose e, de acordo com os entrevistados pela pesquisa do Cebrid, muito fácil de conseguir.
Essas facilidades, aliadas ao efeito no organismo, são os principais fatores que levam ao vício. A farmacêutica Tharcila Viana Chaves, da Unifesp, autora de um estudo sobre os efeitos do crack, explica que esse tipo de droga causa muito mais “fissura”, do que prazer. E é exatamente isso que leva ao vício. “Quanto mais rápido o efeito da droga é sentido, mais rápido ele acaba e isso faz aumentar a vontade de usar novamente”, explicou.
Em sua tese, a farmacêutica entrevistou 40 usuários, com idades acima de 18 anos e constatou que o desejo pela droga vem logo após a primeira utilização. “Assim que a pessoa dá a primeira tragada, ela desenvolve uma compulsão imediata pelo consumo, levando ao uso ininterrupto, até que o estoque da droga acabe ou ele chegue à exaustão”, explica.
Tharcila constatou que cada pessoa reage à droga de uma forma, mas em comum, todas elas destacaram o efeito rápido do crack. O prazer pode durar no máximo cinco minutos, após isso, vem o desejo de voltar a utilizar, ou seja, a fissura. “O corpo sente uma avidez pela droga e o fator psicológico ajuda muito”, segundo a especialista.
Em muitos casos, o usuário com problemas pessoais e psicológicos se entrega com mais facilidade ao vício, tornando o uso de drogas uma válvula de escape para os problemas do dia-a-dia “torna-se uma muleta na vida desse usuário”, explica. http://www.band.com.br/jornaldaband/conteudo.asp?ID=306418
Cresce o número de usuários de crack no Brasil
Segundo dados oficiais, os usuários de crack no Brasil já somam 600 mil. Pesquisas mostram que essa epidemia com alto poder de destruição já não é um problema exclusivo de grandes metrópoles. A droga chegou a médias e pequenas cidades do Brasil e, em cinco anos, o número de dependentes quase dobrou.
Junto ao vício, vem o aumento da violência e o desespero das famílias. Na série "Crack, a praga se alastra", o Jornal da Band faz uma viagem pelo interior do Brasil, e mostra a devastação causada pela droga.
No episódio desta segunda-feira, a série mostrou o universo dos cortadores de cana no interior de São Paulo. Esses trabalhadores necessitam de muita disposição, afinal, quanto mais cana é cortada, mais dinheiro no fim do mês. A questão é que muitas vezes o arroz com feijão não são suficientes e muitos bóias frias vão buscar essa energia extra no consumo do crack.
Esse problema não se restringe apenas à região usineira de São Paulo. Em todo o interior do Brasil, famílias que vivem em pequenas cidades são destruídas pela dependência química. É o que comprovam os dados.
Cerca de 800 mil pessoas trabalham no corte da cana-de-açúcar nas mais de 400 usinas do Brasil. O tráfico de drogas em cidades do interior do país aumentou 15% em 2010. E a justificativa para entrar na criminalidade é, muitas vezes, o desemprego gerado pela mecanização das lavouras e a falta de oportunidade de trabalho no campo.
Alguns desses trabalhadores rurais contam suas histórias ao Jornal da Band. http://www.band.com.br/jornaldaband/conteudo.asp?ID=306409
Autoridades divergem sobre como tratar usuários de crack
Ainda não há um consenso de como deve ser vista a questão do uso do crack, as formas de tratamento, nem ações sólidas dos governos para combater esse uso. Mas, para o doutor Rubens de Camargo Ferreira Adorno, professor do Departamento de Saúde Materno-Infantil da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da Universidade de São Paulo, a sociedade, atualmente, se posiciona de forma “problemática” em relação aos usuários.
Ele acredita que a questão deva ser tratada do ponto de vista do “uso” e “problemas com o uso”, em saúde pública. “Ou seja, nem todos que usam desenvolvem problemas com o uso, todas as pessoas desenvolvem estratégia de uso, de controle do uso, dos resultados e do prazer que querem obter com essa prática”, diz.
“As pessoas que têm problemas com o uso acabam por envolver outras pessoas, nesse sentido diria inclusive que a mídia, ao amplificar o pânico e a dramatização do tema ‘drogas’, acaba influenciando e aumentando a segurança do próprio usuário e nesse caso amplificando a esfera de ‘problemas com o uso’”, opina Adorno.
O certo é que, segundo o professor, há uma ausência total de políticas de acolhimento para as pessoas que manifestam problemas com o uso. “Seguindo o modelo sanitário brasileiro essas questões cabem ao município, e cabe ao ministério uma política geral”, avalia.
“O ministério tem uma política interessante de ‘redução de danos’, que creio é a que melhor se articula com a saúde pública, entretanto essa política deveria ser mais bem detalhada e trabalhada, pois o acolhimento deve ser trabalhado em todos os níveis por uma política de redução, desde a distribuição de insumos que vão possibilitar que o usuário se defenda de danos maiores do que aqueles que envolvem o próprio consumo”, completa o professor.
Em sua opinião, o ideal seria a implantação de serviços de acolhimento, com uma perspectiva de diversidade terapêutica, com o intuito de alertar o usuário para cuidados com o próprio corpo. “Quando falo em trabalho de saúde pública é considerar as próprias falas e as próprias estratégias dos usuários como estratégias de cuidado”, explica Adorno.
Tratar os pais para curar os filhos
Enquanto as políticas públicas não criam soluções efetivas para ajudar os usuários de droga a abandonarem o vício, instituições de ensino, associações e órgãos de pesquisa batalham por soluções. Recentemente, o Ambulatório de Atendimento ao Adolescente da Unifesp, por meio da Unidade de Dependentes de Drogas (UDED) criou um programa de tratamento que ajuda não só os adolescentes dependentes, mas também a família do usuário.
De acordo com a psicóloga e professora-adjunta da Unifesp, Denise de Micheli, coordenadora do ambulatório, o protocolo de orientação aos pais foi criado a cerca de um ano. "A partir do momento que nós começamos a atender adolescentes usuários de drogas, nós percebemos que era muito importante a inserção dos pais nesse processo", explica. "Nós percebíamos que os pais chegavam até nós muito ansiosos e com dúvidas", completa Denise.
O tratamento dos pais é feito totalmente desvinculado ao dos filhos. Inicialmente, participavam desse projeto apenas os familiares dos adolescentes que já estavam no programa. No entanto, hoje em dia, é comum encontrar pais que buscam, sozinhos, esclarecimentos sobre o momento pelo qual seus filhos estão passando. "A gente tem visto muito resultado nesse processo, pois muitas vezes, o adolescente não se enxerga como usuário", diz a coordenadora.
Atualmente, cerca de 300 pais e familiares já buscaram o apoio da Uded. O atendimento é feito em sessões, são seis encontros, sendo os três primeiros semanais e os três últimos, quinzenais. As famílias não compartilham o encontro com outras famílias, o tratamento é feito com cada grupo de pessoas da mesma família. Dessa forma, a família fica mais a vontade para relatar os motivos pelos quais buscam ajuda e o tratamento é feito caso a caso.
Para a psicóloga, o uso de drogas é um hábito adquirido. "Assim como outros hábitos adquiridos ao longo da vida, é difícil de interromper", explica. No programa, "trabalhamos com as crenças no sentido de desvincular o adolescente desse hábito", diz. A ideia é tirar da cabeça do usuário crenças como "essa festa só será legal se eu usar drogas", "só consigo me expressar se estiver sob o efeito da droga" etc. Dessa forma, segundo Denise, fica mais fácil acabar com o vício.
O tratamento da Uded é feito com jovens entre 12 e 20. O ambulatório fica na Rua Napoleão de Barros, 1038, Vila Clementino, na zona sul da capital paulista.
http://www.band.com.br/jornaldaband/conteudo.asp?ID=306424
Escola aumenta muros e instala câmeras para conter avanço do crack na Bahia
A segunda matéria da série especial do Jornal da Band sobre os problemas causados pelo uso do crack mostra uma escola no sertão baiano que precisou aumentar os muros e instalar câmeras de vigilância para conter o avanço da droga.
O colégio fica no município de Governador Mangabeiras. Além das reformas, professores e funcionários mantêm vigilância constante nos alunos. De acordo com um estudante, que não quis se identificar, os jovens do local vão buscar a droga com traficantes em Feira de Santana.
Redator: Roberto Saraiva http://www.band.com.br/jornaldaband/conteudo.asp?ID=306999
Traficantes usam rotas alternativas para distribuir crack no Brasil
Para espalhar a droga pelo país, os traficantes de crack escolhem caminhos alternativos, fora das grandes rodovias, e deixam um rastro de viciados pelo caminho. A terceira reportagem especial do Jornal da Band sobre a droga mostra a chamada "rota caipira" do entorpecente.
A BR-050, perto da divisa de Minas Gerais e São Paulo é uma das principais rotas do tráfico na região Sudeste. A polícia aumenta a fiscalização, mas os traficantes acabam criando roteiros alternativos em estradas vicinais, aproximando cada vez mais as drogas do interior do brasil.
Na mineira Uberaba, de 290 mil habitantes, a droga era desconhecida há poucos anos. De acordo com a Polícia Militar, hoje 85% das ocorrências no local estão ligados à droga.
Os principais destinos do entorpecente são grandes centros urbanos nas regiões Sul (Curitiba), Sudeste (São Paulo e Rio de Janeiro) e Nordeste (Fortaleza e Recife). A droga percorre um longo caminho antes de chegar em pedra às mãos do usuário. A matéria-prima é a pasta base de cocaína que vem da Colômbia, Peru e Bolívia e entra no Brasil pelo Amazonas, Acre, Rondônia e cidades do Mato Grosso.
Um relatório da ONU mostra que, em um ano, as apreensões de crack no Brasil quadruplicaram, de 145 quilos, em 2006, para 578 quilos no ano seguinte.
Redator: Roberto Saraiva
http://www.band.com.br/jornaldaband/conteudo.asp?ID=307511
Mães se unem para tirar os filhos das drogas
A quarta reportagem da série especial do Jornal da Band sobre o crack mostrou mães de jovens viciados no interior do Rio Grande do Sul. Cansadas de ver os filhos dependentes da droga, elas resolveram unir forças para cobrar medidas do poder público.
Em Pelotas, algumas dessas mães passaram a dividir seus dramas e juntas buscaram saídas para salvar os filhos. Hoje, 60 mulheres já fazem parte do movimento “Mães contra o crack”, que já procurou o Ministério Público e a prefeitura de Pelotas para tentar melhorar e ampliar o atendimento aos dependentes químicos.
Elas alertaram para a necessidade de uma equipe com pessoas especializadas que fique disponível 24 horas para atendimento do dependente químico. Dos 250 mil habitantes da cidade, 7 mil são usuários de drogas.
A história dessas mães preocupa os moradores da região. Na cracolândia de Pelotas, jovens usam droga à luz do dia, vagam como mendigos e procuram qualquer objeto de valor para comprar mais crack.
Relacionamento familiar
Tão importante quanto o acompanhamento médico, é a educação que esses jovens recebem em casa. A relação dos pais com os filhos, principalmente relacionado ao uso do álcool e do tabaco, pode ser um fator determinante para a busca da droga ilícita, no caso o crack.
Desse modo, o apoio e persistência dos pais são também fundamentais para a recuperação desses jovens. É necessário crer que eles tomaram um caminho errado, mas que existe volta.
Redatora: Mariana de Paula
http://www.band.com.br/jornaldaband/conteudo.asp?ID=307977
Cientistas buscam soluções contra efeitos do crack no organismo
A reportagem especial do Jornal da Band sobre o crack mostra os efeitos devastadores da droga no organismo e a esperança criada em torno de uma vacina desenvolvida por cientistas americanos.
O crack provoca doenças mentais e problemas de saúde que podem se estender por várias gerações. A opinião dos especialistas é unânime quando analisam como sua principal conseqüência a dependência física. Eles alegam que para estar viciado na droga basta usar no máximo cinco vezes e para acabar com o vício leva até uma vida inteira.
Mesmo quem consegue abandonar o vício, não fica livre dos efeitos. O uso prolongado do crack compromete o sistema respiratório, coração, cérebro e até a fertilidade. Uma pesquisa da Faculdade de Medicina da USP mostrou que a droga afeta a produção de espermatozóides e causa a diminuição dos testículos.
A falta de soluções que possam impedir ou anular a ação da cocaina e do crack no organismo foi o ponto de partida para que cientistas em várias partes do mundo começassem a se desdobrar em pesquisas.
A primeira luz surgiu nos Estados Unidos, onde uma vacina tem se mostrado eficiente nos testes feitos com animais, nos quais ficou comprovado que o risco de arritmia e infarto aumenta em usuários de crack. E essas sequelas ainda representam uma herança negativa para as próximas gerações.
No entanto, a esperança de dias melhores sem droga deve demorar pelo menos cinco anos para sair dos laboratórios e chegar ao mercado.
Políticas Públicas
Faltam programas de saúde pública para dependentes em todos os estados do Brasil. Nas clínicas particulares, o tratamento é para quem pode pagar até R$ 5 mil por mês.
Enquanto essas vacinas não estão disponíveis, os especialistas ressaltam a necessidade de políticas públicas de prevenção e atendimento aos usuários de crack. E alertam que ações nesse sentido devem ser cobradas dos pré-candidatos às eleições presidenciais.
Redatora: Mariana de Paula
http://www.band.com.br/jornaldaband/conteudo.asp?ID=308508
sexta-feira, 11 de junho de 2010
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