quarta-feira, 17 de março de 2010
SAÚDE DA MULHER.Cuidados com a intimidade.
Conhecer o próprio corpo e os processos fisiológicos por que ele passa é uma medida fundamental para a promoção da saúde feminina. A observação pode levar a diagnósticos precoces de doenças e trazer impactos positivos na vida sexual do casal. No entanto, médicos apontam que muitas mulheres tratam o órgão genital como um tabu, algo que não deve ser visto, nem tocado. Dificultando inclusive a adoção de medidas adequadas de higiene.
Diante dos olhos, através do toque, a intimidade feminina é revelada. O corpo aparece como um território a ser descoberto. Conhecimento que torna-se um importante aliado para a saúde e prazer da mulher. No entanto, especialistas apontam que, não raro, esse caminho é evitado. ''Ainda há um tabu das mulheres em se conhecer. Elas já recebem isso das mães, que foram educadas pelas avós'', observa o presidente da Sociedade Cearense de Ginecologia e Obstetrícia, Fernando Aguiar.
Para ele, é fundamental o entendimento da fisiologia da própria região genital e das transformações por que o organismo passa. Algumas são mudanças naturais, como aumento da secreção vaginal durante o período de ovulação. A região fica ainda mais úmida como forma de facilitar a fecundação pelo espermatozóide. Já outras alterações, como verrugas, lesões e rachaduras, podem ser o alerta para problemas.
''Culturalmente a mulher brasileira tem medo do órgão genital dela, que não é diferente dos outras partes do corpo, como boca, olhos, orelhas. Não tem curiosidade de se olhar no espelho, sentir como é a própria vagina'', reforça o ginecologista Sérgio dos Passos Ramos. Ele aponta que, em alguns países, esse contato com o corpo é estimulado pelas autoridades sanitárias como forma de detecção precoce de doenças. Enquanto no Brasil só é incentivado o auto-exame das mamas para prevenção do câncer.
''Hoje a gente vê com mais freqüência mulheres que estão atentas a isso. Mas, no geral, são educadas a não tocar na genitália. Um órgão que, de acordo com essa mentalidade, não pode ser visto. Tal cultura se reflete até na vida sexual'', destaca o ginecologista Frederico Perboyre. Segundo ele, muitos problemas sexuais são superados quando o casal passa a conhecer mais a própria intimidade e a do parceiro.
O saber sobre o corpo também se reflete na adoção de procedimentos adequados de higiene, que evitam desde problemas mais simples, como corrimentos vaginais, até Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs). ''E higiene não se trata apenas de limpeza, banho. É disciplina, uma área que inclui comportamento, vestuário'', explica a chefe do Departamento de Saúde Materna Infantil da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC), Sílvia Bonfim Hyppólito.
A escolha da calcinha, do tecido da roupa, do absorvente, os hábitos no banho e nas relações sexuais são fatores interligados à saúde feminina. ''A higiene deve ser adequada para que não altere a fisiologia normal da mulher'', ressalta Perboyre.
Dessa forma, os exageros também são condenados. ''Muitas consideram que precisam estar secas o tempo todo, o que não é normal'', exemplifica ele. O ressecamento pode levar a desconforto durante o sexo e até causar pequenas rachaduras que podem ser fonte de infecção.
Fernando Aguiar acrescenta que lavagens contínuas e internas também podem agredir a região genital e tirar a proteção natural da vagina. A utilização de produtos desaconselhados, como talcos e protetores de calcinhas, podem ser tão danosos quanto a ausência de cuidados. ''O importante é que a pessoa nem tenha exageros, nem descaso'', salienta. Dessa forma, a saúde íntima agradece.
ANATOMIA DA INTIMIDADE FEMININA
- Vulva: se divide em grandes e pequenos lábios.
- Grandes lábios: parte externa, onde estão os pêlos
- Pequenos lábios: localiza-se abaixo da vulva. São mais finos e protegem a entrada da vagina, também chamada de introito vaginal.
- Intróito vaginal: onde fica localizado o hímem, que quando se rompe deixa resquícios chamados de carúnculas.
- Vagina: canal que se estende da vulva ao colo do útero.
- Colo do útero: localiza-se no fim da vagina.
- Assoalho pélvico: conjunto de músculos que se localizam na região inferior da pélvis, que sustenta todos os órgãos pélvicos, favorece a continência do ânus e da uretra e aumenta o prazer nas relações sexuais. Também principal grupo muscular da região do períneo.
Fonte: Frederico Perboyre, ginecologista.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário