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quarta-feira, 10 de março de 2010

CASTRAÇÃO PRECOCE/ TEXTO PARA QUEM AINDA TEM DÚVIDAS

Embora já se castrem filhotes há bastante tempo, ainda tem muita gente que resiste ao fato de que castrar os bbs após o desmame é viável e seguro. Na maioria das vezes dizem que são desaconselhados pelos seus veterinários. Acho que aí tb existe um problema muito comum. Os veterinários que não são cirurgiões especializados em esterilização nem sempre estão atualizados sobre as técnicas menos invasivas para os filhotes e acabam passando certas informações que fazem com que nós leigos fiquemos inseguros para tomar uma atitude. Então por favor protetores deem uma lida nesse material abaixo, que já é bem antigão também.CASTRAÇÃO PRECOCE

Patrícia Arrais Rodrigues da Silva - médica veterinária (CFMV-DF 0773)

Pesquisas recentes nos EUA indicam a castração antes da puberdade, e apresentam suas vantagens. O objetivo do
presente artigo é debater o assunto, questionando e discutindo se
realmente existem efeitos negativos, geralmente atribuídos à carência
hormonal.

A principal doença reprodutiva das cadelas e o tumor mais comum de cadelas sexualmente intactas são o tumor de mama. Ele é o
segundo tumor mais freqüente em cadelas e o terceiro mais comum em
gatas. É provado que a sua incidência cai para 0,5% quando a cadela é
castrada antes do primeiro cio, mas o efeito da castração na diminuição
da incidência deste tumor vai diminuindo com o tempo, sendo que não se
altera se a cadela for castrada após o segundo cio. Já nas gatas, a
ocorrência de tumor de mama é sete vezes maior em fêmeas não castradas
do que naquelas castradas.

Além dos tumores de mama, a castração precoce previne virtualmente quase todos os outros tumores relacionados
ao sistema reprodutor, tanto em machos quanto em fêmeas, assim como
outras doenças do sistema reprodutor. Por exemplo, uma doença muito
comum em cadelas e gatas, principalmente naquelas que receberam
hormônios para evitar o cio, é o Complexo Hiperplasia Endometrial
Cística (PIOMETRA), doença que se não for tratada a tempo, ou seja, se
não for realizada a retirada do útero, pode levar à morte.

Custos


Economicamente, a cirurgia em filhotes é muito menos onerosa do que em adultos, pois consome menores quantidades de anestésicos e materiais em geral, sem
ainda falar no tempo, pois a cirurgia é muito mais rápida do que no
animal adulto.

Outra vantagem em se castrar filhotes é fazer com que, após a adoção, não exista o risco destes animais se reproduzirem e
agravarem a questão da superpopulação, pois a maioria dos proprietários
não está consciente do problema, e deixa seus animais se reproduzirem
sem critérios. Quando se trata da fêmea, o quadro é ainda pior, pois
muitas vezes o que vemos são os donos matarem os filhotes assim que
nascem, ou jogá-los na rua para que morram ou sejam adotados, e quando
eles sobrevivem, acabam tornando-se cães vadios, sem dono, passando fome
nas ruas e transmitindo doenças para outros animais, e mesmo para as
pessoas. O que fazer? Ser conivente com a carrocinha e o sacrifício em
massa, ou adotar uma política consciente de castração?

MITOS E PRECONCEITOS


Embora com o conhecimento das vantagens que a castração precoce pode propiciar, ainda existe um receio por parte dos
veterinários e da própria população em castrar animais jovens. Os
principais problemas citados na literatura mais antiga, e que caíram na
crença popular são citados e discutidos a seguir.

Retardo no Crescimento


A maturidade do esqueleto está muito relacionada à puberdade, e sofre ação direta dos hormônios sexuais, além de outros.
Embora não essenciais, os hormônios sexuais influenciam em todo o
metabolismo do esqueleto. Dessa forma, foi constatado que a castração
precoce atrasa o fechamento das epífises ósseas, o que quer dizer que o
animal permanece em fase de crescimento por mais tempo, e com isso tem
estatura ligeiramente maior do que teria se não fosse castrado; além
disso não ocorrer em todos os animais castrados antes da puberdade, este
efeito não traz nenhum problema, uma vez que não estamos falando de
padrões de raça em animais que participam de competições, pois os
animais para exposição devem reproduzir.

Quanto ao maior risco de fraturas, nada foi comprovado a respeito e, na experiência dos autores
onde mais de 13 filhotes castrados, entre cães e gatos, nenhum
apresentou qualquer alteração significativa.

Obesidade


Foi provado, cientificamente, que aproximadamente 30% das cadelas castradas
engordam devido ao aumento do apetite, e parece que o mesmo ocorre em
gatas. Porém, se a ingestão de alimentos for controlada após a cirurgia,
esse problema tende a diminuir.

Estudos realizados em ratos e seres humanos mostram que, se a castração for feita antes da puberdade,
não há aumento na tendência à obesidade, e o mesmo foi comprovado em
nosso estudo com cães e gatos, onde nenhum dos filhotes castrados
engordou em demasia após a cirurgia.

Problemas de pele


Vários problemas de pele tem sido atribuídos à castração, como dermatites e
queda de pêlos, mas nenhum trabalho comprovou que tais problemas fossem
inerentes à castração, uma vez que animais não castrados também
apresentam estes problemas.

Mudanças de comportamento


É da crença popular que animais castrados ficam mais mansos e
preguiçosos. Vários trabalhos têm sido feitos comparando em competições o
comportamento e performance dos animais que foram castrados após a
puberdade, mas quando receberam a mesma alimentação e cuidados que os
animais inteiros, não mostraram nenhuma diferença.

Por outro lado, com relação à "vadiagem", ou seja, o fato dos animais (cães e
gatos machos, principalmente) viverem fora de casa, procurando fêmeas no
cio ou brigas com outros machos, estes hábitos diminuem em 90% dos
casos após a castração, além de reduzir consideravelmente a agressão
entre machos e a marcação de território com a urina. Vale ressaltar que
outros tipos de agressividade, principalmente no caso de cães de guarda,
não é afetada.

Concluindo, nenhuma diferença de comportamento nas brincadeiras, caça, monta, dominância e guarda, ocorre em animais
castrados, seja precoce ou tardiamente.

Problemas urinários


Relativamente muito pouco se sabe com relação aos efeitos dos hormônios sexuais sobre
o sistema urinário em cães e gatos.

Porém, sabe-se que os problemas antigamente atribuídos à castração, como aumento da
predisposição à obstrução uretral em gatos, ou a incontinência urinária
em cadelas, ainda merecem maiores esclarecimentos.

A incidência de obstrução uretral em gatos é a mesma em gatos castrados ou não,
embora os mecanismos dessa patologia ainda não tenham sido esclarecidos.

Com relação à incontinência urinária em cadelas, ela pode ocorrer de
semanas a anos após a cirurgia de castração, assim como em cadelas
inteiras. Vários problemas anatômicos e fisiológicos estão associados ao
problema, e não se tem ainda uma causa definida. Se há influência
hormonal, não há evidências que sugiram que a castração precoce irá
potencializar o problema.

Riscos anestésicos e cirúrgicos


Quando filhotes com menos de 12 semanas são anestesiados, atenção especial deve ser dada para o pequeno tamanho do paciente e as diferenças na
distribuição, metabolismo e excreção dos anestésicos mas, de maneira
geral, a cirurgia é feita em menos de 15 minutos nas fêmeas e 5 minutos
nos machos, tornando-se bastante segura.

Predisposição a doenças infecto-contagiosas


Uma das maiores preocupações daqueles que adotam a castração precoce é saber como o estresse da anestesia e da
cirurgia irá afetar a susceptibilidade a doenças infecto-contagiosas ,
como a Parvovirose ou a Cinomose.

*

Quando a cirurgia é feita até os 30 dias de idade, os filhotes se recuperam imediatamente
após o término da anestesia, e já começam a mamar e brincar uns com os
outros, mostrando que o estresse é mínimo, assim como a dor parece ser a
mesma de um corte de rabinho, o que não ocorre em adultos, os quais
sentem muita dor e às vezes passam um ou dois dias, após a cirurgia,
muito apáticos e sem se alimentar .

De maneira geral vemos que a castração precoce só traz vantagens, e que é necessária a ajuda de todos
aqueles que gostam de animais, para que possamos acabar com esse quadro
horrendo que povoa nossas ruas e canis municipais, sempre lotados de
cães à espera da morte.

Patrícia Arrais Rodrigues da Silva
médica veterinária (CFMV-DF 0773)

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