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segunda-feira, 15 de março de 2010

Pessoas.A luta pela terra, pela sobrevivência e pela identidade na floresta amazônica


Grupos indígenas, como os Yanomami, os Ashaninka, os Matis, os Marubo e os Kayapó, habitam a Amazônia há milhares de anos e lentamente acumularam um conhecimento detalhado sobre a floresta tropical úmida e os métodos para dela tirar sua subsistência.

Hoje, no entanto, eles precisam compartilhar as florestas com um número crescente de pessoas que querem explorar os imensos recursos naturais da Amazônia.


A vida dentro da floresta amazônica
Segundo algumas estimativas, os primeiros povoamentos humanos na Amazônia aconteceram entre 32 mil e 39 mil anos atrás. Desde então, os povos amazônidas desenvolveram estilos de vida bem integrados com os benefícios e as restrições da floresta.

Os animais locais tipicamente usados para caça são aqueles que vivem próximo ou dentro dos rios, como peixes, tartarugas, capivaras e crocodilos. Até há pouco, as zarabatanas, setas envenenadas e lanças eram comumente utilizadas para caçar.

Atualmente, no entanto, essas armas têm sido substituídas, cada vez mais, por armas de fogo – desde que haja dinheiro para comprá-las.

Originalmente, os grupos de caçadores e coletores eram nômades e viviam em pequenos assentamentos temporários durante quatro a cinco anos. Quando os recursos naturais começavam a ficar mais escassos, eles seguiam adiante e buscavam um novo lugar para estabelecer suas casas.

Devido à colonização da terra por povoamentos não-indígenas, muitos grupos locais foram forçados a adotar um estilo de vida sedentário e se converteram em agricultores.

Essas mudanças modificam drasticamente o estilo tradicional de vida desses povos e, em muitos casos, fazem com que as populações locais percam o controle sobre seus territórios. Quem se beneficia disso são os madeireiros, os garimpeiros de ouro e outros interessados em explorar os recursos naturais da floresta.


O impacto da colonização européia na América do Sul
Quando os europeus chegaram pela primeira vez à América do Sul, havia cerca de 6,8 milhões de indígenas. No território brasileiro, as estimativas indicam que havia entre 2 milhões e 4 milhões de indígenas, pertencentes a cerca de 1.000 povos diferentes.

A colonização trouxe a perseguição, a escravidão e doenças contra as quais os povos locais não eram imunes. A população indígena diminuiu consideravelmente de 1500 para cá.

As comunidades que habitavam próximo dos rios foram as primeiras a serem afetadas, pois os colonizadores usavam os cursos d’água como rotas para suas incursões no território.

Os povos indígenas que viviam dentro das florestas foram inicialmente poupados de muitos dos piores aspectos do assalto pelos europeus, mas com a ocupação crescente do território nacional suas populações também decresceram.
Bons princípios, triste realidade
Teoricamente, o governo brasileiro reconhece os povos indígenas e lhes outorga vários e ótimos benefícios. A realidade, porém, não é simples e fácil na floresta amazônica.

A Constituição brasileira reconhece o direito dos povos indígenas de viver em suas terras tradicionais e de acordo com seu próprio estilo de vida.

Ela diz, ainda, que o governo é responsável pela demarcação das terras indígenas e por prover uma educação bilíngüe e cuidar da saúde em conformidade com as necessidades e crenças dos indígenas.


Na prática, o quadro é diferente
Existe, no entanto, uma discrepância entre o que diz a lei e o que de fato acontece.

Embora as terras indígenas importantes estejam hoje legalmente demarcadas, o governo não supriu o dinheiro necessário para a educação e a saúde.

Por esse motivo, alguns povos indígenas, como os Yanomami, apresentam altos índices de mortalidade infantil.


Perseguição continuada
Alguns grupos indígenas continuam a sofrer várias formas de perseguição. Populações migratórias pobres, retiradas de áreas com superpopulação e reassentadas para fazer agricultura de subsistência ou garimpar ouro, podem violar terras indígenas ou competir pelos mesmos recursos.

A expansão da infraestrutura, especialmente estradas e hidrelétricas, e outros projetos de desenvolvimento, criam muitos problemas, com os quais os povos indígenas têm grande dificuldade de lidar.
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Referência bibliográficas:

1Brooke, 1993 in Kricher, 1997
2Kricher, 1997
3Instituto Sociambiental – Povos Indígenas no Brasil – disponível em www.socioambiental.org.FATOS E CURIOSIDADES
Povos amazônidas e suas crenças religiosas
O mundo espiritual é extremamente importante para os povos indígenas da América do Sul. Em algumas culturas, os indígenas alegam que se aproximam do mundo espiritual por meio do uso de plantas que contêm componentes alucinógenos.

Para vários grupos indígenas, uma das pessoas mais importantes é o pajé. É ele quem detém o conhecimento das plantas e animais da região e pode se comunicar com o mundo espiritual.


Os Yanomami que moram na floresta
O maior grupo remanescente de indígenas que habitam a floresta amazônica é o povo Yanomami, composto de 15 mil indivíduos só no Brasil. Na Venezuela, há outros 15 mil indígenas desse povo.

Eles mantêm suas práticas indígenas, como o uso de alucinógenos para se comunicar com o mundo espiritual e o consumo das cinzas de seus mortos, misturadas com uma sopa. Hoje eles enfrentam a ameaça da construção de rodovias, pelas quais chegam os mineradores e garimpeiros em busca do ouro.

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