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sexta-feira, 12 de março de 2010

Anorexia em felinos

ANOREXIA FELINA

Problema é freqüente e pode sinalizar uma série de doenças
[por Deborah Giannini]

Kika venceu a anorexia com antidepressivos e muito afeto. A gata de 14 anos passou 25 dias sem comer, emagreceu vertiginosamente e quase morreu. Nada a ver com problemas de auto-imagem, como ocorre com os humanos que apresentam a doença; nos felinos, a anorexia é um sinal de fumaça –e onde há fumaça, há fogo.

“Quando um gato fica doente, a primeira coisa que acontece é a perda de apetite. Assim como a febre indica algum tipo de infecção ou inflamação no corpo, a anorexia felina sinaliza problemas de saúde”, afirma a veterinária Heloísa Justen, professora adjunta da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. “Só depois de descartadas as causas orgânicas é que se admite a causa emocional; a tristeza é por exclusão”, completa. Foi o caso de Kika. A anorexia foi um desdobramento da depressão, desencadeada pela morte de sua dona.

Praticamente todos os dias, especialistas em felinos atendem gatos com anorexia –ou, mais precisamente, com hiporexia: não chegam a suspender a alimentação, mas comem muito pouco. Os motivos, segundo Luciana Deschamps, veterinária da clínica Sr. Gato, podem ser doenças inflamatórias, como a do complexo respiratório, que provoca a obstrução nasal (eles não sentem cheiro, portanto não conseguem comer), distúrbios metabólicos, presença de tumores, estresse ambiental, dores em geral e até falta de interesse pela ração. “Há rações com índice baixíssimo de palatabilidade. Eles preferem não comer a comer tais rações”, afirma.

Segundo ela, a anorexia pode perdurar de cinco dias a três semanas. Gatos são capazes de agüentar vários dias sem comer, mas a anorexia prolongada leva à lipidose hepática, acúmulo de gordura nas células do fígado, que pode provocar a morte.

Após três dias sem comida, o organismo do felino começa a quebrar as próprias proteínas para usar como energia. O processo leva à desnutrição ou à lipidose hepática, que acontece com mais freqüência em bichos obesos.

“Quando o gato entra em lipidose, fica amarelo, principalmente as mucosas da boca e dos olhos. Ele se sente enjoado, é como se tivesse comido feijoada, fica pesado, come e vomita em seguida. É preciso colocar sonda em seu estômago para alimentá-lo”, explica Heloísa.

Kika ficou amarela e teve de viver um mês e meio alimentada por um tubo que levava comida diretamente ao seu estômago. “Além disso, ela dormia junto comigo, para se sentir amada”, conta a veterinária Luciana Deschamps, encarregada de sua recuperação. Apesar de parecer uma bobagem, colocar o gato para dormir junto é um dos remédios mais eficazes contra a depressão. O afago e a voz de acalanto durante a refeição estimulam o felino a voltar a comer. “É o que chamamos de estímulo voluntário. Você passa a mão na comida, nele, e vai conversando com ele enquanto come”, explica Heloísa. Nesses casos, são usadas rações de filhote, mais calóricas e saborosas.

Os estímulos “involuntários” são a alimentação por meio de seringa na boca ou de sonda no estômago e o uso de medicamentos que abrem o apetite. “A partir do momento em que ele começa a ganhar 100 g por dia, o tratamento é interrompido para que ele comece a comer sozinho”, diz ela.

Para motivar o gato a voltar a se interessar por atum e patê de salmão, por exemplo – quitutes que Kika chegou a rejeitar–, é fundamental diagnosticar a causa da anorexia. Pode ser, por exemplo, a impossibilidade de comer. “Se você nota que ele sente o cheiro da comida e sai correndo, mas, diante do pote, se retira, provavelmente está com problema nos dentes e não consegue mastigar. Se ele se interessa pela comida, mas não consegue engolir e vomita em seguida, pode ser um indicativo de que tenha ingerido um ‘corpo estranho’, um pedaço de plástico ou linha de lã”, explica Luciana.

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Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/revista/rf0611200512.htm

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