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sexta-feira, 12 de março de 2010

Opacidades Corneanas em Gatos

OPACIDADES CORNEANAS em GATOS


PREVALÊNCIA DE OPACIDADES CORNEANAS (FLORIDA SPOTS)
EM GATOS ATENDIDOS NO HOSPITAL VETERINÁRIO DA UFRGS

(Prevalence of corneal opacities (Florida Spots) in cats referred to the Veterinary Teaching Hospital /UFRGS)



Mauro Luís da Silva Machado1, Eglete Pacheco Rodrigues1, Nina Isabel Baptista1



Florida Spots são opacidades corneanas que acometem cães e gatos, observadas primeiramente em gatos no Sul da Florida, USA. Essas alterações são visíveis macroscopicamente, podendo se apresentar de forma única ou múltipla, normalmente com simetria radial e com a região central mais densa. Podem afetar um ou ambos os olhos. Não são observados sinais de inflamação ou desconforto e não respondem ao tratamento com antimicrobianos ou corticosteróides. A visão também não é afetada significativamente. A etiologia ainda é desconhecida e origens micótica, bacteriana (micobactéria) ou por efeito físico da incidência de luz ultravioleta em animais sensíveis já foram sugeridas, porém, não comprovadas. O objetivo desse trabalho foi conhecer a ocorrência de Florida Spots em gatos atendidos na clínica geral do Hospital de Clínicas Veterinárias da UFRGS (HCV), Porto Alegre - RS. Foram escolhidos aleatoriamente 100 gatos que foram conduzidos à consulta no hospital por motivos diversos no ano de 2001. Os felinos foram avaliados oftalmologicamente em busca de opacidades corneanas (Floridas Spots). Anotaram-se os dados de sexo, idade, raça, e informações sobre o ambiente em que habitam, com ênfase na informação se têm ou já tiveram contato com outros gatos. Dos 100 animais avaliados, 55 % eram fêmeas e 45% eram machos; 80 % sem raça definida (SRD) e 20 % com raça definida (60 % Siamês e 40 % Persa); 74 % tinham mais de um ano de idade e 26 % menos de um ano. Quanto ao contato com outros animais, 87 % tiveram contato com outros gatos, enquanto 13 % nunca tiveram contato com outros gatos. Foram observados Florida Spots em 32 % dos animais, sendo 56,25 % afetados bilateralmente e 43,75 % unilateralmente (57 % acometendo o olho esquerdo e 43 % o olho direito). Não houve diferença estatística significativa entre os animais afetados em relação ao sexo e a idade, entretanto, foi significativa a diferença estatística em relação à raça, sendo os SRD os mais afetados (p < 0,05) e também significativa em relação aos animais que tiveram contato com outros gatos (p < 0,05). Este levantamento, embora realizado com uma população específica - gatos que foram levados ao Hospital Veterinário por motivos diversos - demonstra o alto índice de animais afetados na região de Porto Alegre. O fato de animais SRD (que habitualmente são criados em locais que permitem o contato com outros gatos, ao contrário do que ocorre em gatos de raça) e gatos que, independente da definição racial, tiveram contato com outros gatos serem os mais afetados, induz-nos a pensar na possibilidade de haver um agente etiológico transmissível envolvido nesta afeção, e não fatores físicos ambientais. Apesar da doença não causar déficit visual significativo e desconforto aos animais, a sua etiologia deve ser amplamente investigada, pois sendo as lesões visíveis macroscopicamente, causam alterações plásticas na córnea e grande apreensão nos proprietários.



1. Médicos veterinários do Hospital de Clínicas Veterinárias da UFRGS.

Email: mauro.vet-ufrgs@bol.com.br

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