As afecções da cavidade torácica são bem comuns na clínica felina.
Por mais variadas causas podemos nos deparar com um gato em crise dispnéica,como neoplasias,doenças cardio-respiratórias,parasitas pulmonares,disfunções metabólicas e outras.
Em todos os casos,o atendimento quase sempre é emergencial,e devido a instabilidade do paciente, o diagnóstico é fundamentado na história clínica e no exame físico.Depois,com o paciente estável,podemos submetê-lo a exames complementares,somente para termos informações mais detalhadas da patologia.
A anamnese inicial deve ser rápida,mas bem direta,informações como tempo de desenvolvimento dos sintomas,doenças pregressas,acidentes,traumas prováveis,são importantes.
O exame clínico é baseado na observação dos movimentos respiratórios(padrões) ,na auscultação e na palpação da parede torácica.Acredito que o melhor ângulo para a determinação do padrão respiratório é visualizando-se o animal por trás.O padrão pode ser do tipo restritivo ou obstrutivo.O primeiro caracteriza-se por movimentos rápidos e superficiais,que pode estar em conjunto com uma cavidade torácica expandida,o que sugere um derrame pleural ou um pneumotórax ,ou quando nota-se a cavidade" comprimida",sugere-se uma afecção pulmonar restritiva,como edema.Por outro lado,um padrão considerado obstrutivo,com respirações lentas,laboriosas e profundas,geralmente com grande esforço da musculatura da parede torácica na inspiração,suspeita-se de obstrução das vias aéreas superiores.
Há também o movimento chamado paradoxal,em que a parede torácica se move para dentro da cavidade,no momento da inspiração.Isto pode ser devido a segmentos afundados(como fratura de costelas),paralisia da parede torácica,ruptura de diafragma,entre outros.
Complementando o exame físico,devemos palpar criteriosamente o gradil costal,buscando fraturas,ferimentos e fístulas.A Percussão da cavidade torácica também é interessante,detectando se há líquido,massa ou ar no espaço cavitário.A ausculta é fundamental,mas pode ser prejudicada pela presença destes derrames,mas não deverá ser esquecida.
Um procedimento importante é a drenagem torácica ou toracocentese,que além de ser diagnóstica é uma manobra de tratamento também.A retirada de líquido ou ar do espaço pleural,mesmo em quantidades mínimas,melhora e muito o quadro urgente do felino.Entretanto,nunca é demais lembrar que todo o atendimento deve seguir o ABC emergencial, e oxigenoterapia em gaiola é o mais indicado.Depois da estabilização podemos realizar radiografias,tumografias e citologias,o que nos orientarão para a tratamento definitivo.
O vídeo é bem simples,mas quis mostrar o padrão restritivo em um caso de efusão pleural,por carcinoma metastático.Essa gatinha estava com 11 anos,a proprietária notara a dispnéia que veio progredindo há pelo menos 10 dias.Relatou que o animal havia sido submetido à uma mastectomia há 4 meses atrás,devido a nodulações nas mamas torácicas direitas,que infelizmente não havia sido feito um histopatológico.
Foi feita a toracocentese,evidenciado um líquido sero-sanguinolento(20ml),de cor alaranjada escura.Como se percebe no áudio,o proprietário dificultou muito a realização dos exames complementares,mas conseguiu-se o requerimento de uma rediografia torácica com 5 dias depois(figura acima),onde já se percebia uma nova coleção de líquido ,e uma citologia da efusão,onde foram encontradas várias células neoplásicas(carcinoma),inúmeros linfocitos e macrófagos em fagocitose.O proprietário optou pelo sacrifício do animal.
quinta-feira, 27 de maio de 2010
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