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quinta-feira, 27 de maio de 2010

Dispnéia em Felinos.

As afecções da cavidade torácica são bem comuns na clínica felina.
Por mais variadas causas podemos nos deparar com um gato em crise dispnéica,como neoplasias,doenças cardio-respiratórias,parasitas pulmonares,disfunções metabólicas e outras.
Em todos os casos,o atendimento quase sempre é emergencial,e devido a instabilidade do paciente, o diagnóstico é fundamentado na história clínica e no exame físico.Depois,com o paciente estável,podemos submetê-lo a exames complementares,somente para termos informações mais detalhadas da patologia.
A anamnese inicial deve ser rápida,mas bem direta,informações como tempo de desenvolvimento dos sintomas,doenças pregressas,acidentes,traumas prováveis,são importantes.
O exame clínico é baseado na observação dos movimentos respiratórios(padrões) ,na auscultação e na palpação da parede torácica.Acredito que o melhor ângulo para a determinação do padrão respiratório é visualizando-se o animal por trás.O padrão pode ser do tipo restritivo ou obstrutivo.O primeiro caracteriza-se por movimentos rápidos e superficiais,que pode estar em conjunto com uma cavidade torácica expandida,o que sugere um derrame pleural ou um pneumotórax ,ou quando nota-se a cavidade" comprimida",sugere-se uma afecção pulmonar restritiva,como edema.Por outro lado,um padrão considerado obstrutivo,com respirações lentas,laboriosas e profundas,geralmente com grande esforço da musculatura da parede torácica na inspiração,suspeita-se de obstrução das vias aéreas superiores.
Há também o movimento chamado paradoxal,em que a parede torácica se move para dentro da cavidade,no momento da inspiração.Isto pode ser devido a segmentos afundados(como fratura de costelas),paralisia da parede torácica,ruptura de diafragma,entre outros.
Complementando o exame físico,devemos palpar criteriosamente o gradil costal,buscando fraturas,ferimentos e fístulas.A Percussão da cavidade torácica também é interessante,detectando se há líquido,massa ou ar no espaço cavitário.A ausculta é fundamental,mas pode ser prejudicada pela presença destes derrames,mas não deverá ser esquecida.
Um procedimento importante é a drenagem torácica ou toracocentese,que além de ser diagnóstica é uma manobra de tratamento também.A retirada de líquido ou ar do espaço pleural,mesmo em quantidades mínimas,melhora e muito o quadro urgente do felino.Entretanto,nunca é demais lembrar que todo o atendimento deve seguir o ABC emergencial, e oxigenoterapia em gaiola é o mais indicado.Depois da estabilização podemos realizar radiografias,tumografias e citologias,o que nos orientarão para a tratamento definitivo.
O vídeo é bem simples,mas quis mostrar o padrão restritivo em um caso de efusão pleural,por carcinoma metastático.Essa gatinha estava com 11 anos,a proprietária notara a dispnéia que veio progredindo há pelo menos 10 dias.Relatou que o animal havia sido submetido à uma mastectomia há 4 meses atrás,devido a nodulações nas mamas torácicas direitas,que infelizmente não havia sido feito um histopatológico.
Foi feita a toracocentese,evidenciado um líquido sero-sanguinolento(20ml),de cor alaranjada escura.Como se percebe no áudio,o proprietário dificultou muito a realização dos exames complementares,mas conseguiu-se o requerimento de uma rediografia torácica com 5 dias depois(figura acima),onde já se percebia uma nova coleção de líquido ,e uma citologia da efusão,onde foram encontradas várias células neoplásicas(carcinoma),inúmeros linfocitos e macrófagos em fagocitose.O proprietário optou pelo sacrifício do animal.

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