Há alguns anos,acreditava-se que a bactéria Haemobartonela felis era uma riquétsia,entretanto,com isolamento de sequencias de DNA,foi verificado que parecem mais com o gênero Mycoplasma.Sabe-se que trata-se de uma bactéria gram-negativa,não-ácido resistente e é parasita obrigatório de hemácias.Há duas espécies distintas morfologicamente e geneticamente: a pequena,antes chamada de "California",agora Candidatus mycoplasma haemominutum e a grande,antes "Ohio"e hoje,Mycoplasma haemofelis,possivelmente a única patogênica.
A forma de contágio não foi definida concretamente.Implicou-se como transmissores os artrópodes hematófagos como pulgas,mas também a transmissão vertical da mãe para os filhotes,através da placenta,leite ou até mesmo durante o parto, pode ser possível.Quando ocorre à infecção,as bactérias se aderem às hemácias,enterrando-se literalmente em suas membranas,alterando a morfologia dessas células.A partir daí começam os transtornos:os danos diretos dos parasitas nas membranas causam um encurtamento da expectativa de vida eritrocitária,levando à uma anemia por hemólise e sequestro,além de provocar uma produção de anticorpos anti-eritrocitários devido à exposição deliberada de antígenos das hemácias destruídas.Tudo isso causa uma anemia de característica auto-imune.
A tendência é o hematócrito cair bastante,causando anorexia,letargia,perda de peso e depressão em alguns gatos.Mas um ponto importante é que ,em apenas alguns animais ocorre essa grave anemia infecciosa,geralmente têm que coexistir fatores debilitantes e imunodepressores,principalmente FeLV,mas também processos infecciosos do trato respiratório superior,FIV e toxoplasmose.Portanto,atualmente considera-se a hemobartonelose como uma doença oportunista,em que o estresse e o imunocomprometimento favorecem o desenvolvimento da enfermidade,mesmo que em alguns casos não verifique-se o fator desencadeante.
As características laboratoriais vistas no hemograma consistem principalmente de anemia normocítica normocrômica regenerativa,geralmente com hematócrito de 15 a 17%,podendo haver anisocitose e policromasia.Verifica-se que em casos de FeLV concomitante,pode haver um caráter arregenerativo e uma macrocitose.O leucograma estará sem alterações significativas,as vezes uma leucocitose.Em relação às plaquetas,é importante destacar:O Mycoplasma Haemofelis NÃO CAUSA TROMBOCITOPENIA!!!
Essa crença veio da comparação que muitos clínicos,erroneamente fazem ,com a erliquiose canina,o que é um absurdo,levando à diagnósticos equivocados.Aliás, a trombocitopenia em gatos,na maioria dos casos,não deve ser levada a sério,por ser geralmente devida a fragilidade destas células nos felinos,que facilmente são destruídas pelas técnicas hematológicas.
No perfil bioquímico,pode ocorrer um aumento da enzimas hepáticas,principalmente ALT e AST,também bilirrubinas e colesterol.Em casos graves,o gato pode ficar ictérico,devido à intensa hemólise extra e intra-vascular.
O diagnóstico pode ser feito através dos sinais clínicos e achados laboratoriais,além de técnicas de PCR,que é um teste bem sensível e extremamente eficaz na detecção da enfermidade.A pesquisa direta através de esfregaços sanguíneos é um método tradicional e de grande valia,mas deve-se ter o cuidado no preparo das lâminas,para se evitar falsos-positivos,principalmente por artefatos causados por secagem ou fixação e precipitação de corante inapropriadas.No entanto,não se pode descartar a hemobartonelose se não foi encontrado o parasita,devido ao fenômeno de parasitemia cíclica,a ausência de microorganismos não descarta a enfermidade.
O tratamento mais recomendado é a base doxiciclina,pois as outras tetraciclinas podem induzir febres nos gatos,principlamente formulações injetáveis.Pode-se utilizar também corticóides de curta duração,para diminuir o processo de autodestruição das hemácias,além de anti-anêmicos e vitaminas.É essencial sabermos que a terapia não elimina o parasita,o gato fica infectado por longos períodos,podendo haver reincidiva em casos de doenças concomitantes.
Portanto,muito cuidado em diagnosticar a doença,o parasita pode está presente,mas não ser a causa do quadro clínico,todos suspeitos devem ser submetidos a testes de PCR e/ou pesquisa direta do microorganismo,além de ser investigada possível enfermidade desencadeadora.
quinta-feira, 27 de maio de 2010
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