O ciúme precisa ser entendido e manejado para que não se torne excessivo, causando no animal alterações comportamentais.O ciúme, a insegurança e o medo podem estar relacionados entre si ou não. O gato é um animal, por excelência, ciumento. Porém, essa manifestação de ciúme precisa ser entendida e manejada pelo seu “dono”, para que esse ciúme não se torne excessivo, causando no animal: tristezas, melancolia, insegurança e outras alterações comportamentais.
Ao introduzir um novo animal em casa, principalmente se o gato for único e nunca tiver convivido com outro, tome alguns cuidados para que essa decisão não se torne um transtorno.
O felino, quando é único numa casa, sente que todo o espaço pertence a ele. Acaba escolhendo seus lugares favoritos, deixando claro suas preferências. Assim sendo, é necessário, em primeiro lugar, preparar seu gato para uma nova vida, para uma mudança.
Antes de levar um novo gato para casa, procure manipular alguns florais que possam ser usados na água por, no mínimo, dez dias antes da chegada do novo morador. Poderia citar diversos florais, mas, para isso, seria necessário ter algumas informações a respeito da personalidade, comportamento e rotina do animal.
Bem, assim que o novo gato chegar, se desdobre em atenções e carinho com o seu primeiro gato. Ele precisa ter certeza que seu afeto por ele não vai ser abalado. Nunca chame sua atenção se ele bufar, rosnar ou der patadas no novato. Esse comportamento é totalmente natural e esperado.
Muitas vezes, nos primeiros dias, é melhor deixar o gato que acabou de chegar num cômodo ao qual o outro gato não tenha acesso. Prepare esse ambiente com carinho, para que o novo gato se sinta seguro e aconchegado.
É claro que o antigo morador fará plantão na porta desse local! Mas, irá sentindo o cheiro, ficando curioso e, quem sabe, se acostumando com a ideia...
O tempo felino, às vezes, é longo e requer paciência. Tem gatos que conseguem se adaptar, num período menor, a novas situações; outros precisam de mais tempo e temos que respeitar isso.
Evite ficar “paparicando” o novo morador na frente do antigo, até que ele já esteja admitindo a presença do outro.
No caso da chegada de um bebê, os cuidados também precisam ser monitorados. Nunca esqueça que, se o gato for único e chegar um outro gato, um bebê ou uma nova pessoa em casa, teremos que seguir algumas regras para que ele não sofra tanto e consiga, aos poucos, se ajustar à nova situação. Agora, se já existe (m) na casa outro (s) animal (is), criança(s) e um gato for adotado, a situação é totalmente diferente, pois ele já chega com um ambiente definido, portanto, sua adaptação é mais tranquila.
Existe, também, empatia entre os gatos. Pode acontecer que eles convivam diplomaticamente, sem muita aproximação – ou ainda, que se apaixonem e estejam sempre juntos, ou, bem menos freqüente, que um ignore o outro, ou até chegarem a brigar. Todas essas questões levantadas vão depender da casa, do ambiente, das pessoas, da rotina e da quantidade de animais que residem na casa.
O gato se sente inseguro, e, às vezes, desde filhote, mesmo com todas as manifestações de afeto do seu “dono”, demonstra insegurança, como, por exemplo, resultado de uma separação precoce da mãe.
Alguns gatos podem desenvolver a insegurança por mudanças na sua rotina. Por exemplo, seu “dono” passou a estar menos presente, tem saído muito, sem dia e hora certa para voltar, tem recebido visitas constantemente, um (a) novo (a) namorado(a), uma casa nova, etc.
Logo se percebe que o gato não para de segui-lo (a), fica tentando chamar a atenção sobre si o tempo inteiro. Para esse comportamento, pode-se usar música específica para gatos, um floral borrifado no ambiente ou na pele do animal e, ainda, alguns florais por via oral.
Sempre que chegar em casa, antes de fazer qualquer coisa, fale com seu gato, passe a mão por diversas vezes da sua cabeça à ponta do rabo, ofereça um petisco, um brinquedo, deixe que ele se sinta amado, observado, e que você se preocupa com ele.
Os felinos, apesar de muito “independentes”, são muito sensíveis, precisam e querem – apesar de muitas vezes parecer o contrário – de todo o carinho e atenção do mundo.
Os felinos, como todos os seres vivos, podem sentir medo. Existem dois tipos de medos: os conhecidos e os desconhecidos. Falando do medo conhecido, queremos dizer que eles conhecem aquela situação, mas sentem medo, independente disso. Por exemplo, medo do aspirador de pó, do secador de cabelo, do interfone, de barulhos em geral que escutam na rotina.
Mesmo estando acostumados a esses sons, sabendo que nada vai acontecer, que esses ruídos não provocam dor, ainda assim, demonstram, claramente, seus medos.
O medo da caixa de transporte é muito comum, pois, seu registro, normalmente, o remete a idas a locais que não são os de sua preferência: banhos, vacinas, exames em geral, consultas, entre outros.
Então, para minimizar o estresse, ao sair de casa e precisar usar a caixa de transporte – até porque é fundamental utilizá-la para a segurança do gato –, procure transformar essa caixa num lugar agradável, onde, sempre que servir algo novo, um petisco, um patê para gatos, ratinhos com catnip, bolinhas, ela seja utilizada, de forma que sua relação com ela comece a mudar, fazendo com que essa caixa de transporte não seja motivo de pânico e tortura.
Quando o gato voltar para casa, após o uso da caixa, não esqueça de passar um pano úmido dentro e fora dela, para eliminar odores que não sejam agradáveis a ele.
Temos, também, os medos desconhecidos, em que o gato entra em pânico, fica com a cauda e orelhas baixas, corpo encolhido, respiração ofegante, ansiedade, micção, e não sabemos o motivo...
Então, tanto para os medos conhecidos como para os desconhecidos, os florais podem ser bons aliados, funcionando muito bem, e até serem usados por longos períodos.
Tanto para o ciúme, como para insegurança e medo, os gatos podem protestar de várias maneiras: vocalizando, destruindo alguma coisa para chamar a atenção, eliminando fezes e urinas em locais da casa não apropriados, etc. Para todos esses distúrbios de comportamento, existem tratamentos específicos, que oferecem bons resultados. Jamais repreenda ou tenha qualquer atitude agressiva com seu gato, pois este não é o caminho.
Vale lembrar que, qualquer alteração de comportamento requer cuidados, até porque muitos animais podem vir a adoecer se não forem tratados convenientemente.
Dra. Luciana Deschamps, especializada em medicina felina
e comportamento.
Titular da Clínica Veterinária Sr. Gato - www.clinicasrgato.com.br
presidente da Ong FELBRAS – Felinos do Brasil
terça-feira, 13 de abril de 2010
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