Essa doença é muito semelhante ao Mal de Alzheimer em seres humanos. Ela é mais conhecida em cães idosos, mas ocorre da mesma forma em gatos velhos, com algumas diferenças.
O excesso de vocalização é um dos sinais mais evidentes. O uso incorreto da caixa de areia, distúrbios do ciclo do sono, diminuição de apetite e afetividade, irritabilidade, agressão, desorientação e excesso de limpeza são outros sinais. É importante que o diagnóstico seja dado por um médico veterinário, uma vez que esses sintomas fazem parte de muitas patologias felinas.
A idade avançada e a ausência de qualquer outra doença que cause dor e desconforto ou induza a um dos problemas acima podem levar o clínico a suspeitar de Síndrome de Disfunção Cognitiva.
Na verdade seres humanos, cães, roedores e gatos sofrem desse mal. Com o passar dos anos, a capacidade cognitiva, ou seja, de aprendizado e percepção da vida cotidiana, vai diminuindo.
Isso acontece porque partes do cérebro vão sendo substituídas por placas amiloidosas. A produção de alguns neurotransmissores importantes, como a serotonina e a adrenalina, responsáveis por sensações de bem-estar e pelaperfusão cerebral, também cai, fazendo com que as coisas não funcionem mais como deveriam.
Também aumenta a produção de radicais livres. Digamos que seria como uma correia de bicicleta sem lubrificação. Em outras palavras, os gatos também ficam gagás. Longe de contar a mesma história várias vezes seguidas, os gatos começam a se comportar como filhotes novamente, só que mal-educados.
Esquecem o que aprenderam e, muitas vezes, deixam de exercer o seu papel de pets, não interagindo mais com seus donos. Existe uma droga aprovada pela FDA americana para o uso em cães que tem se mostrado bastante eficiente em gatos. Trata-se do Selegeline, que basicamente diminui a produção de radicais livres, protegendo o metabolismo dos neurotransmissores.
Nicergolina é outra droga que está sendo testada em gatos com bons resultados. Algumas rações superpremium têm adicionado antioxidantes que ajudam a melhorar os sinais de disfunção cognitiva.
Infelizmente essa é uma doença ainda pouco diagnosticada, porque muitos proprietários ainda não estão conscientes da importância da castração e confinamento dos felinos dentro de casa, a fim de aumentar sua expectativa de vida. Ou seja, a maioria dos gatos não chega a envelhecer; morre antes. Na rotina da clínica são ainda poucos os gatinhos anciãos atendidos. Mas isso está mudando.
É importante que, ao se pensar em Disfunção Cognitiva, já se tenha descartado qualquer outra doença possível. São necessários exames completos como sangue, bioquímica, ultra-som e ECG. Só então podemos fechar o diagnóstico.
Luelyn Jockymann, médica
veterinária especialista no comportamento de cães e gatos.
Animaletto Saúde e Bem-estar de
Cães e Gatos - luelyn@terra.com.br
terça-feira, 13 de abril de 2010
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