Um cão sem raça definida (SRD) é aquele que não tem a origem definida em um pedigree, que é um certificado que atesta a ascendência do animal. Já o termo vira-lata se refere ao comportamento de muitos cães SRD [só SRD não, epa, epa, epa! tem muiiito cão 'de raça pura' que é abandonado e tristemente precisa virar latas por aí...] que, abandonados, vagam famintos pelas ruas, revirando latas de lixo atrás de algo para comer. Um cão SRD abandonado, ao menos em teoria, deixa de ser um vira-lata depois de ser adotado por alguém. E isso vem acontecendo cada vez mais: adotar cães abandonados virou na moda.
Cada vez mais gente prefere escolher um vira-lata, em um abrigo para animais, a comprar um cãozinho de raça. Este é de fato um hábito muito saudável que, além de diminuir a população de animais abandonados em nossas cidades, ajuda no controle das zoonoses. Mas junto com a popularização da prática, surgiram alguns mitos.
O primeiro deles é de que ao adotar um vira-lata filhote, ao contrário do que acontece com os cães de raça, não se pode saber qual o temperamento e o tamanho que ele terá quando adulto. [dá pra dizer o mesmo de cães vendidos, principalmente os que são dividos em tamanhos ridículos: 0, 1, 2, 3. a pessoa compra o tal do poodle 0, que parece minúsculo porque muitas vezes não ganha comida para não crescer, e depois termina com uma ovelhinha na sala...] A verdade é que o temperamento depende muito mais da criação do que da raça. Assim, se o bichinho for tratado com amor e respeito, provavelmente será dócil e carinhoso. E o tamanho pode sim ser estimado. Segundo a veterinária gaúcha Fernanda Pante, que trabalhou por alguns anos em um abrigo para animais abandonados em Caxias do Sul, a partir dos dois meses já é possível intuir o porte. "Há alguns indícios, como o tamanho das patas e um ossinho no crânio, chamado crista do occiptal, que é mais proeminente em raças maiores", diz ela.
Fernanda, que adotou dois vira-latas, desfaz também outro mito: "Algumas pessoas adotam cães adultos achando que o manejo é simples, que não dá trabalho e que eles aprenderão rápido. Mas há cães adultos que têm um manejo mais complicado. Antes de adotar um animal adulto é preciso se informar sobre a personalidade dele. Será que o bichinho é adequado para aquilo que estou procurando?". [concordo que há cães que "têm manejo mais complicado", principalmente com a realidade que estou vivendo na adoção da Vênus, mas não acho que este seja um motivo para preferir um filhote ou um cão comprado. qualquer cachorro, seja de que idade ou raça for, pode ser mais ou menos fácil de lidar, de adestrar, de conviver. e os mais 'terríveis', são geralmente os mais inteligentes. quem tem que saber mais e sempre estar no controle da situação somos nós, humanos e 'animais racionais'... e outra, o tal do aprender mais ou menos rápido também depende muito de quem está ensinando e como. tem muito adestrador troglodita que ganha os bichos na base da grosseria e da porrada mesmo, daí, não há raça pura que resista. um amigo meu tem um labrador com pedigree e o escambau, que foi adestrado por dois idiotas na base do choque e que virou um verdadeiro monstro desiquilibrado. levaram anos pra reabilitar minimamente o cão e até hoje ele não é bem certo das ideias, pobrezinho...]
Outra crença muito comum reza que os vira-latas seriam mais inteligentes. O publicitário, ator e locutor gaúcho Rafa Tombini, dono do Pirata, um simpático SRD malhado, concorda: "Eles são mais amigos e mais inteligentes e por isso podem parecer um pouco agitados". Segundo Fernanda, isso pode até ser verdade, mas talvez não seja uma característica genética: "A gente nota que eles são extremamente espertos. Muitos animais que vieram da rua passaram por condições bem difíceis. É possível que por isso eles tenham aprendido a se virar melhor, de um jeito mais criativo."
A crença de que os cães vira-latas seriam mais resistentes a doenças também é verdadeira. Os cães de raça, por terem menor variedade genética, ficam mais suscetíveis a moléstias. "O vira-lata tende a ser mais resistente justamente por conta de uma grande mistura de genes", diz Fernanda.
Ao adotar um vira-lata, além de arrumar um amigão, você estará fazendo uma boa ação para toda a sociedade. Mas não esqueça: o mais importante para quem deseja ter um cãozinho é o comprometimento. Seja de raça ou não, o animal precisa de cuidado, carinho e dedicação. Se nada disso faltar, a sua história certamente terá um final feliz.
quarta-feira, 28 de abril de 2010
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