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terça-feira, 6 de julho de 2010

ABRIGOS NÃO SÃO LARES.

Como coordenadora de uma escola de horário integral, uma das queixas mais recorrentes que recebemos das professoras é de que os pais parecem haver esquecido do verdadeiro papel da escola, considerando-a tão somente um depósito de crianças.
Da mesma forma, para a maioria da população brasileira, um abrigo significa tão somente um depósito de animais, um local de despejo, um lugar onde se vai para abandonar os animais que não são mais "úteis" ou "necessários", ou dos quais simplesmente se desinteressaram. Os animais são tratados como mero objetos de consumo, bens descartáveis, bugigangas das quais nos livramos quando começam a tornar-se incômodas, ou a nos entediar.
O que essas pessoas parecem ter se esquecido é de que os abrigos estão superlotados, não há ajuda por parte de nenhum órgão governamental, não há voluntários nem funcionários suficientes, não há, na grande maioria das vezes, recursos financeiros para sustentar tantos animais abandonados. Nem há tampouco espaço.
Há também, naturalmente, os que foram vítimas de crueldades, atropelamentos e toda sorte de maus tratos. Esses além do abandono têm que lidar com a dor, com a doença, com o choque pela violência vinda de seres que supostamente deveriam amá-los.

ABRIGOS "OFICIAIS"

Qualquer visita que se faça a um abrigo é deprimente, não por causa das condições físicas ou por causa da falta de cuidados, embora às vezes isso exista, até pela dificuldade de conseguir dar conta de tanto trabalho. O que mais deprime e choca é o desamparo, a melancolia, a carência, a tristeza dos animais. E isso não é culpa de funcionários e voluntários... Que estão ali fazendo o seu melhor. É culpa única e exclusivamente da irresponsabilidade e falta de amor e discernimento de seus donos, que os largaram nas ruas, ou nos próprios abrigos, abandonando em total estado de carência afetiva. Os animais têm sentimentos, embora grande parte das pessoas não se dê conta disso.
O animal abandonado em um abrigo, por mais bem cuidado que esteja, jamais se sentirá tão feliz como o animal que tem um dono só para ele, que o ame e compreenda, que o alimente e brinque com ele, que converse e faça dele um verdadeiro amigo... Uma boa parte dos animais abandonados abrigados morre em decorrência da tristeza, da apatia, da falta de carinho, da saudade...

ABRIGOS DOMÉSTICOS

Movidas pelo impulso do momento ou simplesmente pela dó de ver um animal desamparado pelas ruas, muitas pessoas superlotam suas casas com mais cães e gatos do que o local comportaria. Até que ponto essa é uma alternativa válida ? Acredito que, enquanto houverem meios de cuidar dos animais de forma adequada, sem obrigá-los a enfrentar condições de vida às vezes tão adversas quanto as das ruas, os abrigos domésticos serão um paliativo viável para minimizar o sofrimento dos animais abandonados.
É preciso, no entanto, que as pessoas lembrem de seus limites. É preciso que saibam reconhecer as dificuldades impostas pela falta de recursos, ou as limitações territoriais. É preciso saber distinguir a tênue linha que separa uma condição razoável de vida de uma existência ainda mais sofrida.
É preciso, acima de tudo, lembrar-se que qualquer abrigo deve ser encarado apenas como um local de passagem, um estágio preparatório para a adoção.
Se a pessoa em questão já possui animais, o que é quase uma regra geral, é necessário criar uma área de isolamento, onde os animais abrigados possam ficam em separado, longe dos da casa, para evitar a transmissão de doenças e a contaminação dos animais saudáveis.

LARES TEMPORÁRIOS

Lar temporário é a denominação dada ao lar que abriga alguns animais ( geralmente poucos de cada vez ) de forma transitória, a fim de tratá-los e posteriormente encaminhá-los para adoção.
É a melhor forma de acolher os animais tirados das ruas, pois possibilita que sejam melhor tratados, uma vez que seu número é reduzido.

TRABALHAR EM UM ABRIGO

Trabalhar em um abrigo, significa desempenhar uma quantidade enorme de tarefas, muitas vezes sem receber nada em troca. Lavar, dar água e alimento, dar banho, limpar as dependências, separar brigas, cuidar dos filhotes, recolher as fezes e trocar jornais, verificar o estado de saúde dos animais, tratar dos doentes... São apenas algumas delas.
E são estas mesmas pessoas que trabalham e se esforçam pra minimizar o sofrimento destes animais que são criticados, escorraçados, acusados injustamente, recebem desaforos e nenhum agradecimento por fazer o que fazem. Os únicos verdadeiramente gratos são os animais, estes sim capazes de amar incondicionalmente, coisa que pouquíssimos humanos conseguem fazer.
Além da falta de material humano, o que dificulta enormemente o trabalho, e da superlotação, ainda há o fator financeiro. Problemas financeiros são recorrentes e comuns a todos os abrigos. Se sobrevive de doações e da boa vontade de umas poucas pessoas. São toneladas de ração, remédios, vacinas... Isso só contando o básico.

PASSAGEM PARA UMA NOVA VIDA

Abrigos, assim como escolas, foram feitos para servir de passagem. Passagem para a vida, passaporte para uma nova realidade. Não para ser um lar eterno, nem substituir papéis que deveriam ser desempenhados pelos donos, que trouxeram um animal para suas vidas sem pensar nas conseqüências.
Há que se ser responsável por seus atos; há que se ter amor, que se refletir antes de adotar ou de deixar de castrar um animal... Há que se ter sobretudo visão e consciência de que os animais têm sentimentos, emoções, espírito; não são tão somente objetos sem discernimento.
Eles nos trazem carinho, alegria, companhia, apoio, compreensão imediata, amor sem limites... É nossa obrigação cuidar bem deles, é nosso dever ser amigo até o fim.

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