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terça-feira, 6 de julho de 2010

NOTÍCIAS DO MUNDO FELINO CARIOCA.

CÃES E GATOS PODEM NO RIO À VONTADE LATIR E MIAR
A Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro aprovou nesta quarta-feira um projeto de lei que proíbe a realização de cirurgias que impeçam cães de latir e gatos de miar, segundo Folha Online.
O texto é de autoria da deputada Cidinha Campos (PDT) e agora segue para aprovação do governador Sérgio Cabral (PMDB).
A punição, caso o projeto seja aprovado e vire lei, é de multa e perda da licença de funcionamento para a clínica que realizar a operação.
Contudo, há uma emenda que permite esse tipo de cirurgia apenas quando trouxer benefícios aos animais, como em caso de câncer nas cordas vocais ou alguma inflamação.
O objetivo é evitar que esse procedimento seja realizado para evitar que os animais façam barulho, uma vez que a cirurgia causa sofrimento aos animais.
A deputada defendeu o projeto afirmando que estudos mostraram que a limitação do meio de expressão do animal influencia de forma negativa seu comportamento, podendo levá-lo, inclusive, a atitudes ferozes ou violentas. http://port.pravda.ru/news/sociedade/curiosas/07-05-2007/16935-miar-0


BÍPEDES, QUADRÚPEDES E ALGUMAS HISTÓRIAS
No final do ano passado, o repórter Luiz Ernesto Magalhães descobriu uma espécie de maiaduto animal entre as secretarias municipais do Meio Ambiente e de Promoção e Defesa dos Animais. Por ter fornecido duas jacutingas para o Rio Zôo, o secretário Victor Fasano credenciou-se a receber, a título de “colaboração científica”, R$ 260 mil dos contribuintes, muitos dos quais, suponho, não teriam a menor dificuldade em listar dezenas de dotações mais urgentes para essa dinheirama. Até eu, que amo animais e considero que vidas não têm preço, acho meio caro R$ 260 mil por duas jacutingas.
Reconheço, contudo, que, não estando acostumada ao comércio de aves exóticas como está o secretário, não tenho a sua capacidade para avaliar representantes desta espécie de Cracidae. Vai ver, R$ 130 mil por uma jacutinga é uma baita pechincha — e a gente aqui chiando diante do grande negócio feito pelo Rio Zôo. Vai ver, também, o secretário investiu mesmo todo o dinheiro que recebeu no seu criadouro de aves, e não na mansão que lá vem sendo construída. Imaginem se um secretário do quilate do senhor Fasano, escolhido a dedo pelo alcaide, vai usar dinheiro público em proveito próprio! Impensável. Vocês vão ver: com os R$ 780 mil que receberá até abril, vamos ter no zoológico jacutinga saindo pelo ladrão ( oops , escapou-se-me).
Acontece que nem todo mundo acredita na boa-fé do secretário. Em dezembro passado, quando O GLOBO publicou a série sobre o maiaduto, andaram até falando numa CPI para investigar a origem e o uso do R$ 1,04 milhão dados ao senhor Fasano para a melhor prestação de seus relevantes serviços avícolas. Felizmente, o secretário não precisa temer tal indignidade. Numa cidade que ainda nem sabe se vai ter Câmara de Vereadores funcionando, imaginem se alguém vai se lembrar de levar uma bobagem dessas adiante.
Além disso, o prefeito Cesar Maia está contentíssimo com o desempenho do seu favorito. Tendo feito há tempos sua escolha preferencial pelos ratos, e ansioso para apresentar aos visitantes do Pan um Rio livre de bípedes e quadrúpedes indesejáveis, ele encontrou no senhor Fasano o aliado ideal. Por isso, noutro dia, aumentou a sua área de atuação: agora, a Secretaria de Promoção e Defesa dos Animais é responsável também pelo CCZ, o Centro de Controle de Zoonoses, mais conhecido como carrocinha. O prefeito, como todo mundo sabe, é um homem prático. Com uma canetada só matam-se milhares de cães e gatos abandonados.
Porém, enquanto o senhor Victor Fasano consola-se das críticas à sua pífia atuação na novela ouvindo o canto das jacutingas e o tilintar das moedas, a vida dos animais abandonados do Rio vai de mal a pior. Os poucos serviços que existiam em seu benefício foram extintos ou estão à beira da extinção, como o convênio para castração feito com a Estácio de Sá; veterinários, ração para bichos de áreas carentes, campanhas educativas, nada disso existe mais. A Sepda, criada para defender os animais abandonados, aliou-se aos piores inimigos dessas pobres criaturinhas. No Jockey Clube, zona número um de extermínio de gatos do Rio, onde impera a conivência com a Sepda, os funcionários e protetores acabam de ser terminantemente proibidos de alimentar os gatos, e a água que algumas almas piedosas lhes trazem às escondidas é jogada fora. A exceção é o famigerado gatil (considerado um “modelo” pelo senhor Fasano), onde os gatos recebem comida mas morrem de doenças e de descaso. Ou seja: gato no Jockey está condenado a morrer de inanição ou por negligência, como tantos e tantos já morreram.
Em breve não haverá um único gato no elegante clube, para gáudio do diretor Elazar David Levy. E os ratos terão plena liberdade de ação.
Para sorte dos bichos abandonados, nem todo mundo é Victor, Cesar ou Elazar: há na cidade muitas pessoas de bom coração. Neste momento, um pequeno grupo tenta, desesperadamente, encontrar bons lares para cerca de uma dúzia de gatos, todos lindos e bem tratados, que pertenciam a um rapaz que faleceu. A família, que nunca o visitou no hospital e sequer pagou o enterro, providenciado graças a uma vaquinha entre os amigos, expulsou os quadrúpedes assim que tomou posse do imóvel em que viviam.
Os gatos estão em abrigos temporários, tristes e angustiados com a reviravolta em suas vidinhas. São carinhosos e meigos, e serão ótimos companheiros para quem os adotar. Sua história, suas fotos e os telefones para contato com as pessoas extraordinárias que estão cuidando deles podem ser encontrados em www.adoteumgatinho.blogspot.com ( Cora Rónai, em InternEtc, 09/02/06 )



NEM TUDO ESTÁ PERDIDO
Rosana Monteiro é uma jovem veterinária de Campo Grande, nascida e criada em Santa Cruz, onde até hoje residem seus pais, e onde, com a ajuda do marido, George, e do amigo Artur, alugou uma casinha modesta mas acolhedora. Junto com George, consertou o que precisava ser consertado, conseguindo material de construção e tintas em promoção e descobrindo a mágica de criar novas cores usando pó Xadrez. Percorreu brechós e, com o restinho das economias, comprou dez carteiras escolares. A organização Viva Mais Feliz estava pronta para funcionar.
"Nosso bairro, Santa Cruz, o último do Município do Rio de janeiro, também é o último na lembrança dos nossos governantes", escreveu em seu blog. "Aqui se encontram o CCZ e os maiores conjuntos habitacionais (o que nos faz pensar que aquilo que incomoda deve-se manter distante), gente humilde e gente do bem. Aqui não se encontram cinemas, teatros, eventos culturais, de cidadania ou de meio ambiente -— apenas em época de eleições, já que aqui está o maior curral eleitoral do estado. Quanto ao IDH, Santa Cruz ocupa a 119 posição, em uma lista que vai do 1 ao 126."
Hoje, as dez carteiras de brechó recebem alunos especiais: adultos e jovens com dificuldades de aprendizado, que não sabem ler nem escrever, e a quem Rosana aos poucos ensina não só as letras, mas a cidadania e o amor às pessoas e aos animais. Seus auxiliares de trabalho são a gata Basted, os cães Nina, Carmessita e Bijoux, e a galinha Xirley — todos salvos do CCZ, o Centro de Controle de Zoonoses, ponto final da famigerada carrocinha e da vida de tantos bichos. O seu papel é descontrair o ambiente, interagir com os humanos, dar e receber carinho.
No blog, sob uma foto da salinha de aula, Rosana escreveu:
"Aqui já existe uma turma de alfabetização em evolução. Pessoas do bem que tiveram suas vontades reprimidas, ou porque foram à luta cedo demais, ou porque são pessoas especiais, ou porque ficaram órfãs. Enfim, todos os motivos justificam o nosso desejo em realizar seus maiores sonhos: aprender a ler e conquistar respeito. Aqui não existe vergonha, existe coragem. Aqui todos compreendem o quanto são importantes. Encaram o preconceito como forma de teste. Sabem que ignorantes são aqueles que os desprezam."
— As pessoas acham que sou maluca — me confidenciou Rosana. — Perguntam por que não abro um consultório e vou ganhar dinheiro, ou por que gasto meu tempo ensinando a adultos, quando é tão mais fácil ensinar a crianças. Mas você não imagina a ânsia de aprender que eles têm, como se sentem vitoriosos a cada letra aprendida, a cada sílaba decifrada! Você não imagina como é humilhante para eles carimbarem o dedo em vez de assinar o nome num papel. As dificuldades são enormes, mas não há recompensa maior do que ver as sementes do trabalho germinando. O dia em que o Sebastião apareceu com a carteira de trabalho assinada foi um dos dias mais felizes da minha vida.
Este dia está, naturalmente, anotado no blog:
"Sebastião, um dos alunos da turminha de alfabetização, estava desempregado... mas não está mais. Todas as portas se fechavam, porque nem seu nome sabia escrever. Mas Sebastião não perdeu as esperanças e nós sempre acreditamos em seu potencial. Aprendeu a assinar seu nome em poucos dias, ainda não sabe ler, mas já vê uma pontinha de luz, a que lhe devolveu a dignidade.
-- Hoje eu assinei uma ficha no emprego!
Sebastião conseguiu.
-- E assinei no banco também!
Ao perguntar como havia se sentido, ele respondeu:
-- Me senti gente.
Todos aplaudiram."
O trabalho de Rosana não fica restrito às quatro paredes da sala de aula. Ela atua junto à comunidade, pregando a posse responsável de animais, vacinando e castrando cães e gatos, conversando um pouco aqui, dando um conselho ali. Às vezes, descobre gente como dona Sirleidi:
"Catadora de papelão, aceita qualquer coisa que possa ser vendida no ferro-velho. Uma senhora mais forte do que o peso que carrega, empurrando seu carrinho por quilômetros, todos os dias. O que dona Sirleidi espera? Poder alimentar mais de 50 cães de rua que encontra pelo caminho. Alguns a acompanham por todo o percurso.
-- O que tenho todos os dias é demais pra mim, eles é que precisam comer.
Dona Sirleidi não conhece o conforto, não espera mais do que o simples fato de conseguir, diariamente, doações de sucata.
— Tem papelão hoje? Porta velha, telha, garrafa plástica, vergalhão?
A justificativa que já usamos muitas vezes, 'Não faço porque não tenho' ou 'Quando tiver, farei', me faz sentir vergonha neste momento, ao conhecer dona Sirleidi.
-— Se eu não aparecer, eles morrem de fome."
Pois é. Eu achei que, nesta semana de Natal, depois de passar o ano lendo a respeito de tanta gente safada e mal-intencionada, vocês gostariam de saber que também existem pessoas como a Rosana e a dona Sirleidi nesta nossa Mui Leal e Heróica. Se quiserem ajudá-las, basta escrever para rosanavmonteiro@yahoo.com.br. E não deixem de visitar o blog, para uma dose e tanto de esperança na humanidade.

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