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quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Abordagem


Um amiguxo me escreve e pergunta qual a melhor forma de se aproximar de uma pessoa que exerça uma forte atração. Descreve-se como desajeitado e meio tímido. Roberto me parece uma pessoa inteligente e eu me questiono sobre o que leva um homem como aquele a ter dificuldade em se aproximar de uma mulher. Generalizo: o que leva as pessoas a terem dificuldade de se aproximarem umas das outras quando desejam isso? Elas são estranhas umas às outras, é certo, o que significa a possibilidade de se surpreenderem e correrem riscos. Mas mesmo em relação a conhecidos isto pode acontecer. A verdade é que alguma coisa se passa que desencadeia um irresistível desejo de se conhecerem mas vem junto a barreira. Às vezes, o desejo vem só de um lado e a pessoa que está sendo “cobiçada” não se dá conta do que está acontecendo. O medo, me parece, cria o obstáculo para que a parte interessada se sinta paralizada. Quer uma fórmula para seguir e vencê-lo. Não resta dúvida que, na maioria das vezes, criam com suas fantasias os motivos das dificuldades. Um conjunto muito sério de emoções está em jogo: teme-se perder o que ainda existe de auto-estima e autoconfiança, o temor da rejeição. De onde vem o medo da rejeição? Há homens e mulheres extremamente interessantes que podem ser considerados feios. Você vasculha o passado deles e descobre que uma mãe ou um pai amoroso fez emergir nesses seres uma autoconfiança inabalável. Sentem-se seguros e se consideram a companhia que todos desejariam ter. Os que tiveram pais desvalorizados, que imaginam que tudo que sai deles é de segunda categoria, irão perturbar o desenvolvimento dos filhos que “herdarão” uma baixa auto-estima.

Poderíamos escrever muito mais a respeito das bases de uma baixa auto-estima, assim como de uma autoconfiança dessas de darem inveja. Mas vamos aos fatos e tentemos ajudar aquele que no momento deseja se aproximar de uma mulher que é vista como distante e inatingível, sem esquecer que o mesmo mecanismo pode se passar da parte de uma mulher em relação a um homem. Ora, um dos instrumentos de aproximação é o sorriso. Como também o olhar. Um olhar furtivo ou direto é como uma porta entreaberta que espera apenas um pequeno empurrãozinho para que se abra. O interessado saberá se achegar com um assunto pertinente e sobretudo com um toque de atrevimento, sem medo de ser rejeitado. Ser rejeitada por uma pessoa não é um diagnóstico de que não se tem atrativos. É apenas a prova de que aquele casal não tem chance de se formar. Aquele casal, porque o que desagrada a um, pode ser o sonho de outro. O que dizer numa primeira aproximação. Lógico que não será uma declaração de amor. Isso impressiona mal aos mais experientes. Falar em compromisso sério sem se dar ao trabalho de sondar o lago onde se quer mergulhar não convence ninguém. Procure fazer perguntas e é permitido dizer como está sendo bom aquele encontro. Saiba escutar sem interromper, principalmente se é a ansiedade que não o deixa ouvir uma frase até o final. É preciso se levar em conta o lugar em que estão, dizer como é agradável ou como fica agradável com uma boa companhia como aquela. Se o lugar for um lugar de dança, é fácil sobretudo para quem sabe dançar. Saber dançar é saber segurar, é ter ritmo, oportunidade de mostrar que existe uma boa sincronia entre os dois. O modo de dançar diz muito sobre uma pessoa: se ela é firme e sabe proteger a parceira, por exemplo. Se o encontro for num curso, é só ficar atento para entrar em assuntos de livros e grupos de estudo. Se for um local de compras, por que não perguntar se ela tem algum material específico que você não está conseguindo obter? E o convite para um café, o jeito disponível, uma mão em cujos dedos não haja uma aliança, por tradição um sinal vermelho. Se você demonstrar que não está trêmulo perto da suposta “deusa”, tudo será mais fácil. Ficar trêmulo é o mesmo que confessar que a pessoa em questão não está sendo sentida como uma igual, mas como alguém superior, a princesa da adolescência, diante da qual você não passa de um plebeu sem importância. E ficará a mensagem: no que diz respeito a mulheres, continuo tão inseguro quanto é comum que se seja na infância. E a mulher, quando é adulta ou amadurecida, está querendo um homem que a veja como é e que saiba onde pisa; que tenha experiência com o sexo oposto. Nada de excepcional.

Nos contatos pela internet, vale a regra da experiência. O homem experiente é ousado na justa medida. Não deve ser vulgar e audacioso ao extremo porque aquela pessoa que não se conhece é um mistério e que é preciso descobri-la aos poucos, com o mesmo cuidado dos arqueologistas quando fazem suas escavações. É preciso saber cavar para não danificar o tanto que está à mostra, mas como a ponta de um iceberg. Use as ferramentas mais adequadas. Quero crer que você já teve que se aproximar de desconhecidos em sua vida para assuntos importantes, como os de trabalho. Use os mesmos instrumentos. São vários, como os de um escultor com seu cinzel, mas é preciso sensibilidade e perícia. Nada de ansiedade, pressa, confissões de fracassos anteriores nem de situações íntimas que requerem meses para serem compartilhadas. Há mesmo aquelas que você não irá compartilhar a não ser com seu terapeuta ou com seu melhor amigo. Lembre-se dos conquistadores que povoam a história: todos os que se excederam, ou superestimaram seu poder, fracassaram. Todos os que chegaram aos territórios conquistados querendo ignorar o que havia neles de importante para o povo vencido conquistaram a terra, mas ganharam inimigos. Aprecie aquela que deseja conhecer, e talvez vir a viver com ela uma relação duradoura de amizade ou amor, do jeitinho que ela é. Se perceber que não existem afinidades entre os dois, melhor desistir. Se a paixão já tiver se instalado, cultive a tolerância e o respeito para que a relação progrida. Lembre-se, porém: não tenha medo daquilo que deseja. É preciso se expor e se superar para atingir suas metas. Caso contrário, você poderá estar perdendo belas oportunidades

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