quinta-feira, 6 de janeiro de 2011
Como a autoestima pode ajudar ou atrapalhar os relacionamentos
“Estou me sentindo burra, feia e velha”; “será que vou conseguir alguém que se interesse por mim?”; “será que sou tão feio assim?”; “será que tem algo errado comigo que assusta os pretendentes?”. Essas foram algumas das frases/perguntas que estavam em mensagens que me chegaram recentemente. Em todas elas, chama minha atenção uma mesma característica: a dúvida sobre a própria capacidade de gerar interesse no outro. Na primeira frase citada sequer parece haver uma dúvida, mas uma certeza de ter características negativas. Mas, por que será que tantas pessoas questionam sua beleza, inteligência e capacidade ao terem decepções? Até que ponto esses questionamentos – mais do que as características que essas pessoas podem realmente ter – têm relação com o insucesso destes usuários no Site? Pensemos um pouco sobre isso.
Todas as frases que citei parecem revelar a autoestima daqueles que as escrevem. A autoestima, tão mencionada hoje em dia em reportagens e programas de televisão, nada mais é do que a confiança que temos em nós mesmos. Se eu tenho uma boa autoestima, me considero, por exemplo, bonita, inteligente e capaz. Se, por outro lado, tenho uma autoestima baixa, posso me ver feia, burra e incapaz. Há situações que podem abalar nossa autoestima. O insucesso nos relacionamentos é uma dessas situações. Se nos sentimos rejeitados, podemos nos crer desinteressantes, sem atrativos.
Nesses casos, o abalo na autoestima tende a ser temporário: aos poucos acabamos nos recuperando e voltamos a nos sentir interessantes. Acontece, no entanto, que, para alguns, a autoestima permanece abalada. Nesses casos, geralmente a pessoa já não tinha muita confiança em si, e a decepção amorosa surge apenas como uma “confirmação” do que ela própria já pensava. Desta forma, se eu me achava feia e tive uma frustração, é como se o mundo estivesse confirmando que sou realmente feia. Assim, não são exatamente as experiências ou as outras pessoas que provocam a queda da autoestima. Antes de qualquer coisa, já havia pouca confiança em si mesmo.
Quando falta confiança em si mesmo, a tendência é que as experiências de frustração gerem uma espécie de “bola de neve”. A autoestima baixa faz as pessoas se acreditarem feias, burras, desinteressantes e isso acaba as levando a se mostrar desta maneira aos outros. Basta notar que, quando nos sentimos bem, acabamos transmitindo nosso bem-estar aos outros, que acabam nos percebendo mais bonitos e interessantes, Quando, por outro lado, nos sentimos mal, feios, desinteressantes, acabamos passando isso para as demais pessoas, que deixam de nos ver como atraentes. As frustrações, que acontecem com toda e qualquer pessoa, acabam funcionando como confirmações da impressão que já havia antes. Desta forma, a autoestima torna-se cada vez mais baixa, e, por isso, torna-se cada vez mais difícil ter uma experiência de sucesso nos relacionamentos.
Mas o que fazer para que nos vejamos de uma maneira positiva? Em outras palavras, como ter uma boa autoestima? Em primeiro lugar, é preciso ter em mente que ter uma autoestima boa ou baixa não é algo que decidimos, que fazemos por uma opção racional e consciente. Por esta razão, se nos percebemos como pessoas desinteressantes, é preciso que tentemos entender os motivos para nos vermos assim. É preciso que questionemos quais são nossos parâmetros. Se eu me acho feia, por exemplo, estou me comparando com quem? Será que estou usando como referência algo que existe, que é possível? Ou será que não me acho bonita por confundir beleza com perfeição – perfeição essa que não existe? Quando uma pessoa se desvaloriza, isso não significa que ela não tenha qualidades. Significa, isso sim, que ela não consegue enxergar suas qualidades. Geralmente quando essas qualidades são apontadas pelos outros, a pessoa tende a diminuí-las, como se elas não fossem tão importantes assim. Minha sugestão, portanto, está relacionada justamente a poder enxergar o que cada um tem de positivo. Somos seres humanos e por isso a perfeição é impossível. A imperfeição completa, da mesma maneira, também não existe. Cabe a cada um perceber o que tem de bom, o que nos faz uma pessoa interessante, agradável, atraente. É preciso que nossas qualidades sejam nossas aliadas, que sejam usadas em nosso favor. Em vez de enaltecer as imperfeições que percebemos em nós mesmos, é preciso que destaquemos nossas qualidades. Antes disso, é necessário que consigamos enxergar, em nós mesmos, nossas virtudes. Podendo fazer isso, seremos capazes de nos mostrar pessoas interessantes, inteligentes, bonitas. A beleza não está apenas nos olhos de quem vê. Antes de tudo, ela está na maneira como cada um se vê.
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