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quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

As (sem) regras do amor e da conquista


Cito alguns exemplos. Muitas mulheres questionam sobre o momento “certo” de ter relações sexuais. Algumas dizem já terem tentado duas “estratégias”: concordar com o sexo no primeiro encontro e ter mais encontros até ter relações. Outro exemplo: há homens e mulheres que são divorciados e/ou têm filhos. Perguntam se devem contar isso àquela pessoa que estão conhecendo, pois pensam que essa informação pode afastar possíveis pretendentes. Finalmente, alguns últimos exemplos: pessoas que possuem condições delicadas de saúde, que consideram-se pouco atraentes ou cuja idade incomoda a elas mesmas. Perguntam se ou quando devem revelar essas características que, pensam, os deixam em “desvantagem”.

Todos esses exemplos, embora muito diferentes, têm em comum uma mesma questão: “qual é o certo?”. Afinal de contas, como devemos agir? O que fazer? O que o outro vai pensar se agirmos de maneira X ou Y? Resumindo, quais são “as regras do jogo”?

Estamos muito acostumados com um mundo com regras. Desde pequenos aprendemos o “certo” e o “errado”, o “feio” e o “bonito”. Brigar é errado/feio, comer tudo é certo/bonito... E assim vamos nos familiarizando com as regras de nossa cultura. Conforme crescemos, uma série de novas normas vai se acrescentado à nossa rotina. Quando chegamos à idade adulta, sabemos que devemos respeitar as leis de nosso país. No dia-a-dia, há coisas que podemos e outras que não podemos fazer, seja no trabalho ou no lazer.

Mas e nos relacionamentos, como funciona essa coisa de regra? Pois é, essa é uma área em que as regras são absolutamente relativas. Vejamos por que. Se pensarmos em termos históricos, perceberemos que muita coisa mudou em aproximadamente 50 anos. Antes da chamada ‘revolução sexual’, homens e mulheres tinham papéis bem definidos na relação. O homem era o provedor e a mulher a cuidadora (do marido, dos filhos e da casa). As regras eram bem estabelecidas. Mulheres não deveriam sentir prazer no ato sexual, como era permitido aos homens. Estes, por sua vez, tinham plenos poderes sobre a esposa e os filhos. Eram verdadeiramente os “chefes da casa”.

Depois da revolução sexual, tudo mudou. Mulheres trabalham da mesma maneira que os homens e ambos cuidam dos filhos. Os dois são ao mesmo tempo provedores e cuidadores. Hoje o prazer é algo estreitamente relacionado ao sexo, tanto para homens como para mulheres. O conceito de “chefe da casa” mudou bastante e há muitas mulheres que vivem apenas com os filhos, administrando a família sozinhas.

Então as regras deixaram de existir? De maneira alguma. Acontece que elas se relativizaram. Quem deve dirigir? Quem deve cozinhar? Quem deve trabalhar? Quem deve cuidar dos filhos? Antes era tudo claro e definido. Hoje não... Hoje há mais de uma resposta possível para cada uma dessas perguntas.

Até aqui falamos principalmente de relacionamentos já estabelecidos, sejam eles namoros ou casamentos. Mas e antes, ainda na conquista? Quais são as regras de hoje? Pois é, não há regras rígidas. Voltamos então às perguntas feitas nas mensagens que nos são enviadas... Quando ter relações sexuais? No primeiro encontro? Depois? Quando contar que é divorciado(a) ou tem filhos? Quando falar de saúde, aparência, idade? Não há apenas uma resposta para essas perguntas. Não existem “certos” e “errados” em relacionamentos. Se toda a liberdade que temos hoje é muito boa por um lado, por outro pode nos deixar completamente perdidos, pois não há parâmetros rígidos, confiáveis, no qual possamos nos basear.

Mas então se não há regras, como fazer? Costumo dizer que há um parâmetro essencial a ser usado: se sentir à vontade. Se eu me sinto à vontade para o sexo no primeiro encontro, por que não? Se eu me sinto confortável em falar sobre minha idade, meu divórcio, meus filhos, minha condição de saúde... Por que não falar sobre eles? Se, por outro lado, não me sinto confortável com tudo isso, o que me obriga a fazer ou falar de coisas que me incomodam quando ainda estou conhecendo alguém? Sendo assim, volto a dizer: não há certos e errados. O importante é agir com espontaneidade, sem precisar se forçar a fazer ou deixar de fazer algo por ser “errado”.

No primeiro exemplo que dei, ainda no início, a mulher que escrevia disse ter tentado duas “estratégias”: ter relações sexuais ou primeiro encontro e postergar. No entanto, em ambos os casos, o resultado acabou sendo o mesmo: o relacionamento não foi para frente. Ou seja, o sucesso ou não de uma relação não está em “certos” e “errados”, mas sim na maneira como tudo flui, na empatia, no entendimento, na vontade de estar junto...

Uma coisa importante de ser lembrada é que, pela flexibilidade das regras, há pessoas de todo tipo, com todo tipo de pensamentos e ideias. Se alguns condenam, por exemplo, o sexo no primeiro encontro, há outros que gostam. Se alguns vêem problemas em uma pessoa que tem filhos de outro relacionamento, há outras que não se importam e até curtem. Assim, o mais importante não é nos adequarmos ao jeito do outro, mas encontrarmos alguém que pense parecido conosco. Impossível? De jeito nenhum! Difícil? Nem tanto quanto parece!

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