quinta-feira, 6 de janeiro de 2011
Quando o primeiro encontro é uma decepção
Depois de muito papo, finalmente chega a hora do primeiro encontro! Vocês já conhecem bem o perfil um do outro, já conversaram online, trocaram fotos e provavelmente já passaram algumas horas no telefone. Ou seja, vocês se conhecem um pouco, e até aqui acham que combinam em muitas coisas. Só falta mesmo se conhecerem pessoalmente. Mas por que esse primeiro encontro, que tem aquela cara de "agora vai", às vezes é uma decepção completa?
Bom, antes de tudo precisamos tocar em um assunto essencial: as expectativas para a ocasião. É claro que qualquer encontro – ainda mais o primeiro – pode gerar muitas expectativas. E o importante não é não tê-las, ou tentar evitá-las de alguma maneira. Mas, pensemos o seguinte: uma decepção é uma expectativa frustrada, certo? Então é importante identificar quais eram essas expectativas, para então poder aprender com a experiência e, na próxima vez, poder percebê-las antes mesmo que o encontro aconteça. Complicou? Então vamos por partes.
Dificilmente alguém marca um encontro sem conhecer a outra pessoa ao menos um mínimo. E nem deveria, até mesmo para preservar sua segurança. Então, como eu disse no início, você já colheu muitas informações sobre o outro, e, com essas informações, naturalmente criou uma imagem dele na sua cabeça. Como não poderia deixar de ser, você "juntou peças": a foto, o que a pessoa informou no perfil, as mensagens que te enviou, o chat via PapoDireto, a conversa por telefone, o jeito de falar etc. E de repente você sabe quem aquela pessoa é. Ou acha que sabe, porque na verdade o conhecimento do outro é um processo, ele não vai acontecer nem pela Internet, nem pelo telefone, e nem mesmo no primeiro encontro. Conhecer qualquer um é algo que leva um tempinho. Agora, se achamos que conhecemos alguém que, pessoalmente, é diferente da imagem que fizemos, esse pode ser um motivo de decepção...
E tem mais. Às vezes mais do que acharmos que conhecemos o outro, acabamos atribuindo-lhe características que "inventamos", porque gostaríamos que ele as tivesse. Claro que nem sempre percebemos essa "invenção", até porque geralmente ela não é consciente. Por exemplo, você pode estar esperando que o primeiro encontro leve a um namoro e, por esperar isso, acredita que o outro deseje o mesmo. Só que ele não quer compromisso sério, nem nunca disse querer, tendo somente a intenção de encontrar alguém legal para se divertir um pouco. Nesse caso, a decepção será quase certa, pois as expectativas são muito diferentes.
Outra coisa que pode atrapalhar o primeiro encontro e torná-lo decepcionante é a tal sensação de "agora vai". Você pode ter conhecido online algumas pessoas com quem acabou se encontrando e se envolvendo, mas, por algum motivo, algo deu errado e a coisa não foi adiante. Mas, é claro, você partiu para outra. Só que a "outra" acaba tendo essa cara de "não é possível, agora vai dar certo!", um misto de expectativa com tensão. E a pessoa seguinte acaba ganhando a enorme "responsabilidade" de ser "a" pessoa, de o encontro ser "perfeito", tarefas tão complicadas quanto injustas. Quanto mais imaginamos, planejamos, idealizamos, incumbimos alguém de ser "perfeito", maiores as chances de uma decepção acontecer. É importante lembrarmos que uma certa dose dessa idealização é completamente natural, e até desejável, em um primeiro momento. Ela só se torna um problema quando se exagera na dose.
Até aqui citamos alguns dos problemas que podem levar um primeiro encontro a ser decepcionante. Tentemos então pensar em "soluções", ou no que você pode fazer para tentar contorná-los. Afinal, nada disso é motivo para desanimar!
Primeiro de tudo, vamos às expectativas. Se não temos como evitá-las, podemos ao menos pensar nelas antes de o encontro acontecer. Tente olhar para si e fazer um exercício de reflexão. Procure identificar o que você espera, como imagina o outro, o que acredita que esse encontro pode gerar... E faça o possível para perceber o que disso tudo pode se tornar real e o que pode ser um exagero, fruto do seu grande desejo de encontrar alguém. É importante lembrar também que o outro pode ter uma expectativa diferente da sua.
E a questão de acharmos que conhecemos a outra pessoa, e de repente nos vermos decepcionados? Bom, é importante lembrar que o outro pode não ser exatamente como você pensou – e dificilmente será – mas é possível que tenha qualidades que você nem imaginava. Por exemplo, você imaginou uma pessoa muito gentil e descobriu que ela não é todo esse primor de gentileza. Mas, por outro lado, percebeu que ela é mais bem-humorada do que você tinha pensado. Quer dizer, se ela "perdeu pontos" de um lado, também ganhou de outro. Ou seja, no quesito "gentileza" o outro não é como você havia suposto, mas no quesito "bom-humor" ele superou suas expectativas. O que isso quer dizer? Ele não era exatamente igual ao imaginado, mas pode ser interessante assim mesmo.
E como saber se estamos "inventando" algo e atribuindo ao outro, ou se a característica é realmente dele? Em primeiro lugar, é importante parar para pensar e olhar para si mesmo. Voltando ao exemplo já citado... Você acha que a pessoa, como você, está querendo namorar. Mas ela te disse isso em algum momento? Se não disse, então foi você quem pensou! E cuidado com o que você acha que o outro "deu a entender", porque essa pode ser uma grande fonte de mal-entendidos. Tente separar as coisas e perceber quais expectativas são suas e quais são dele. Um bom começo é olhar novamente o perfil do outro, mesmo que você já o conheça bem. Tente fazer isso como se nunca o tivesse visto antes, e procure identificar o que a pessoa está buscando.
Por último, o "agora vai"... Mesmo que você já tenha tido experiências – frustrantes ou não – em outros encontros, procure não comparar a pessoa com quem você vai se encontrar com as anteriores. Se ela se atrasar um pouco, nada de pensar "ah, com o fulano foi a mesma coisa, se atrasava sempre, não retornava minhas ligações...". O fato de se atrasar não quer dizer rigorosamente nada. De maneira alguma significa que ele não esteja interessado, e muito menos que seja igual a qualquer pessoa com quem você tenha se relacionado. Não tente encaixar o outro nas suas experiências, lembre-se de que o primeiro encontro é sempre uma experiência nova, que você nunca teve antes. Outra coisa, evite fazer uma lista dos defeitos das pessoas com quem você se relacionou e enumerá-la para este com quem você está se encontrando pela primeira vez. Isso iria, no mínimo, assustá-lo. Além disso, ele não é o culpado pelas suas frustrações anteriores, e não poderá ter a responsabilidade de ser "perfeito" para compensar os outros.
Lembre-se, essa pessoa perfeita só existe em nossas mentes ou em contos de fadas! Por isso, não adianta buscar alguém sem defeitos. É preciso abandonar a ideia do "príncipe" ou "princesa" e aceitar o "sapo", ou seja, alguém possível e existente, imperfeito como nós. Tarefa que não é fácil, mas está longe de ser impossível!
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