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domingo, 9 de janeiro de 2011

Risco de contrair HIV em transfusão no País é 20 vezes maior que nos EUA


Por Lígia Formenti /BRASÍLIA, estadao.com.br, Atualizado: 8/1/2011 1:12
Risco de contrair HIV em transfusão no País é 20 vezes maior que nos EUA-----Uma pesquisa feita em três hemocentros brasileiros no período entre 2007 e 2008 indica que o risco de contrair HIV em transfusões de sangue no Brasil é 20 vezes maior do que nos Estados Unidos. O trabalho, feito por estimativa, calcula que 1 em cada 100 mil bolsas de sangue do País pode estar contaminada pelo vírus causador da aids. Nos EUA, a relação é de 1 para cada 2 milhões de bolsas.

Embora muito mais elevados do que norte-americanos e de alguns países europeus, os índices brasileiros melhoraram. Versão anterior da pesquisa, de 2006, indicava que 1 em cada 60 mil bolsas poderia estar contaminada pelo HIV. 'Precisamos avançar na segurança. Mas não há dúvida de que muito já foi feito', afirma a coordenadora do trabalho, Ester Sabino, da Fundação Pró-Sangue de São Paulo. Com números atuais, entre 30 e 60 pessoas por ano podem ser contaminadas por sangue doado. Na versão de 2006, a estimativa era de que entre 50 e 100 pessoas pudessem se infectar.

Financiado pelo Instituto Nacional de Saúde dos EUA (NIH, em inglês), o estudo coordenado por Ester foi feito a partir da análise de bolsas de sangue coletadas nos hemocentros de São Paulo, Minas e Pernambuco. Durante a apresentação do trabalho, em Congresso da Associação Americana de Bancos de Sangue, Ester classificou como 'alto' o risco residual para HIV durante transfusões no Brasil.

A doação de sangue no País é precedida de uma série de cuidados. Candidatos a doadores passam por entrevistas para detectar situações de risco de contaminação recente com vírus. Passada essa fase, o sangue é submetido a testes para identificar a presença do HIV. O problema, no entanto, está no que médicos chamam de janela imunológica, período no qual a presença do vírus não é identificada pelo exame. O mesmo problema ocorre com hepatite C, cuja janela imunológica é de 50 dias.

Os reflexos dos exames 'falso negativo' podem ser constatados nas estatísticas. Dados do Ministério da Saúde mostram que 13,3% dos casos da doença confirmados em 2009 foram causados pela transfusão de sangue.

Uma das alternativas para melhorar a segurança é a introdução de rotina do uso de um teste batizado de NAT, que identifica traços do vírus no sangue e não de anticorpos, como exames tradicionais. Ester calcula que, com o início do exame, o risco de infecção por HIV passaria de 1 a cada 100 mil para 1 em cada 250 mil. 'O exame, sozinho, não basta', diz.

Ester também enfatiza a necessidade de reduzir a prática de muitas pessoas buscarem bancos de sangue para fazer testagem de HIV. 'Além do NAT, dependemos de mudanças de comportamento de alguns doadores mais expostos ao HIV para que eles não façam doações', disse.

O coordenador nacional da Política de Sangue e Hemoderivados do Ministério da Saúde, Guilherme Genovez, contesta os índices apresentados no trabalho: 'Eles estão mais para um oráculo. Foram feitos por estatística, não podem ser considerados fato.' Genovez cita um levantamento feito em 130 mil bolsas de sangue coletadas em hemocentros de Santa Catarina, São Paulo, Rio e Pernambuco: o vírus não foi identificado em nenhuma amostra

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