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quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Reflexão - Urgente necessidade de resgatá-la


É muitíssimo comum, quase um fenômeno socio-cultural cada vez mais intenso, pessoas perguntarem o que devem fazer sobre um ou outro namoro, sobre o trabalho, sobre uma amizade que decepcionou, ao invés de voltarem o olhar para si mesmas, suas escolhas, suas questões íntimas e buscarem através da reflexão uma compreensão mais ampla da situação e de sua atuação e participação nas mesmas.

A rápida velocidade do dia a dia impõe a todos a velocidade da máquina, da tecnologia e deixa pouco tempo ou espaço para o ato de refletir. Vemos pessoas buscarem soluções para problemas íntimos e profundos da mesma forma como buscam soluções para as peças quebradas de seus computadores, carros, aparelhos em geral. Há uma escassez de tempo curiosa, pois ao invés de ganharmos tempo por meio da tecnologia, ela nos rouba tempo multiplicando responsabilidades e funções, impõem soluções imediatas, reduz o tempo de paciência e espera, e extirpa em muitos casos a capacidade de pensar mais como humano e menos como máquina.

Perguntar simplesmente o que devo fazer é sem sombra de dúvida um reflexo dos tempos atuais, sempre muito acelerado, apressado, com pouco tempo ou nenhum para o ato de refletir, observar, contemplar, pensar. Sendo assim conseguimos compreender porque o simples convite de pensar sobre um conflito emocional faz com que muitos se assumam culpados, é uma curiosa inversão na compreensão dessa proposta, ou seja, quando nós, psicólogos, convidamos alguém a pensar sobre suas atitudes, gestos, conflitos não estamos culpando e sim mostrando uma nova forma de compreender a própria vida, mostrando que apenas a própria pessoa pode gerar uma grande ou pequena, simples ou profunda transformação na sua vida, ainda que o outro que esteja ao lado tenha também errado ou contribuído para o conflito.

Por mais que se deseje ou que se acredite que seja possível resolver questões humanas como se fossem questões técnicas, é necessário dar alguns passos para trás, resgatar o lado humano tão à deriva nesse mar de acelerado avanço tecnológico. É fundamental não nos misturarmos com as máquinas, sabermos e aceitarmos que temos um tempo interno muito diferente da velocidade lá fora, compreender que construir vínculos e relações não acontece como apertar botões. Para que isso aconteça é necessário fazer uso de capacidades exclusivamente humanas, mas que por inúmeras razões se atrofiam e se perdem. Poder observar, pensar, refletir e acima de tudo sentir pode para muitos, talvez os mais jovens - reféns mais atuais desse ritmo de vida - parecer perda de tempo, em um momento onde praticamente tudo está ao alcance de um botão. Na realidade não se perde, ganha-se e muito, pois quanto mais usamos nossos recursos humanos, mais rica e interessante fazemos a nossa vida.

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