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sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Cortesia a toda prova."Me escondo por detrás de um sorriso que é a nervosa máscara do medo" (Charles Morgan)


As pessoas habitualmente, em todo mundo, utilizam palavras-chaves para lubrificar a engrenagem da máquina social. São os termos de cortesia. Argentinos e mexicanos se sentiriam verbalmente prejudicados se não pudessem elogiar a atenção recebida de alguém com um "muy amable". Os italianos respondem a um agradecimento com no mínimo um "prego" ( um "de nada" educado). Para não serem vistos como mal-educados, os americanos bombardeiam o mundo com "please" (por favor), "thank you" (obrigado) e "excuse me" (com licença ou me desculpe), três expressões de cortesia básicas que todo estranjeiro, quando nos Estados Unidos, precisa dominar, usar e abusar, se quiser se comunicar com os sobrinhos do Tio Sam.

Com a excessão de um raro "obrigado", dito geralmente rápido e sem jeito, o brasileiro prefere manifestar sua cortesia mais por meio de atitudes do que pelo uso de tais expressões. Frequentemente deixamos implícita nossa cortesia conferindo às frases sorrisos, entonações e gestos. Num botequim, por exemplo, um carioca quando pede uma porção grande de qualquer coisa, em vez de um "por favor" educado, mais formal, irreverente, ele prefere apelar para uma piscadela de olho e um sorriso, acompanhado de um "no capricho", dito em tom sedutor.

Esse jeito brasileiro de ser pode vir a nos acudir em muitas situações, entretanto, não podemos abusar dessa "cortesia tupiniquim" para não corrermos o risco de cometer gafes mais graves, caindo no ridículo papel de "moleques universais". A postura informal brasileira fará, certamente, grande diferença a nosso favor, desde que não caricature nossas atitudes como gaiatas.

Cultuamos a tese de que cortesia não é coisa séria, como se simpatia fosse sinônimo de brincadeira. Quem é simpático de verdade, o é em todas as situações. Mesmo naquelas ocasiões de alta tensão, nos momentos mais difíceis, o homem cortês poderá ser sempre gentil. Não será porque a bolsa de valores está em baixa ameaçando seu patrimônio, que você comandará um whisky aos berros ou tomará a vez de uma senhora ao entrar no elevador. Como também, não existe nenhuma lei que lhe obrigue a sair sorrindo por aí, só para parecer elegante.

Ter uma aparência de feliz tornou-se um "dever social" para o brasileiro, como se fosse uma regra de bom comportamento. Não podemos parecer indelicados, por isso quando saimos, sempre colocamos nossas máscaras de "Coringa" - aquele inimigo do Batman que apresenta sempre um largo sorriso desenhado na máscara - para não incomodar ninguém.

Não estou aqui pretendendo fazer uma apologia à "sisudez" como princípio de boas maneiras. Longe de mim! Logo eu, que penso ter no sorriso meu maior arsenal de marketing pessoal? O que tenho para dizer, é que nem sempre tudo, neste país tropical, tem que terminar em samba ou muito menos em pizza. Se você, por um motivo ou outro, está mais recolhido, mais contido e sério, não precisa fingir alegria como sinal de cortesia. Pode tranquilamente ficar na sua, quieto, que não estará ferindo nenhum tratado de Etiqueta Social. Evidentemente que não precisa ficar alugando toda a roda, nem impondo ostensivamente seus problemas à toda torcida do flamengo. O mundo não tem culpa dos seus problemas. Ficando na sua e sendo cortês com os outros já será o suficiente e poderá até ajudar a melhorar seu astral.

Vivemos numa sociedade cujos lemas parecem ser: agitar, curtir, não parar, não pensar, não sofrer. A dor incomoda, a quietude pertuba, o recolhimento intriga. Mas, fiquem certos, ninguém poderá jamais lhes acusar de descortêses se, mesmo sem sorrir, vocês forem pessoas gentis. É quando os termos de cortesia podem vir em nosso socorro. Usem e abusem dos "por favor", "com licença", "me desculpe" e "muito obrigado" da vida. Só assim, mesmo com semblantes mais fechados, vocês estarão, mais do que nunca, dando um banho de elegância na humanidade.

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