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sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Café e Atletas Café, Cafeína e Atletas "A vitória ou a derrota pertencem a Deus. A nós cabe a luta."



1. INTRODUÇÃO

A prática de exercícios tornou-se uma rotina comum e saudável na sociedade moderna, sendo a corrida a forma mais comum. Outras atividades como natação, ciclismo, futebol, vôlei, basquete e esportes com raquetes (tênis, "squash") envolvem um número enorme de participantes. A pouca energia gasta pela maioria das pessoas apenas nos locais de trabalho e atividades da vida diária é uma característica das sociedades modernas e sedentárias, tendo como conseqüência a obesidade e doenças cardiovasculares. Por outro lado, O Triathlon, esporte que reúne a natação, ciclismo (bike) e corrida, veio para mostrar a superação dos limites do corpo humano. Existem diferentes categorias, com distâncias que variam conforme dados abaixo:

* Short Triatlon: 750 metros natação, 20Km ciclismo e 5Km corrida;
* Triathlon Olímpico: 1500 metros natação, 40km ciclismo e 10km corrida;
* Triatlon Cross Country: 1500 metros natação, 30km mountain bike e 10km corrida cross country;
* ½ iron man: 1900 metros natação, 90km ciclismo, 21km corrida;
* Iron Man: 3800 metros natação, 180Km ciclismo e 42Km corrida;
* Ultra man: 10km natação, 421Km ciclismo e 84 Km corrida.

Em todas estas categorias o triathlon é considerado uma modalidade de resistência, ou seja, utiliza o metabolismo aeróbio como fonte predominante de energia. Neste caso, os atletas de triathlon se beneficiarão da ingestão diária de café, principalmente porque essa bebida, mundialmente consumida, possui a cafeína.
2. EXERCÍCIOS E SEDENTARISMO

Antes da Revolução Industrial, o trabalho braçal humano era responsável por 30 % da energia gasta nas fabricas e no campo. Na atualidade, nos paises ricos e nas camadas dominantes dos paises pobres, este gasto energético equivale a menos de 1 %. Isto criou a forma sedentária de vida, algo recente na história da humanidade, acostumada a uma intensa atividade física em sua evolução. Um grande número de doenças podem ser modificadas pelo exercício, como asma ou mesmo prevenidas em sua ocorrência, como problemas cardiovasculares. O corpo humano atua como uma sofisticada máquina de reações químicas que em repouso transforma a energia química presente nos alimentos em trabalho mecânico, como os batimentos cardíacos ou os movimentos do diafragma na respiração ininterrupta, que persistem por toda a vida. Isso equivale a menos de 10% da energia gasta em repouso, sendo o restante usado pelas bombas osmóticas que mantêm os gradientes iônicos nos tecidos e nos processos bioquímicos intracelulares necessários para a reposição das moléculas continuamente destruídas no funcionamento das diversas células do corpo humano. Essa energia consumida é eliminada do corpo na forma de calor. Um paciente com febre extremamente elevada com risco de letalidade apresenta aumento do metabolismo orgânico em torno de 100% acima do normal, enquanto um corredor de maratona, na sua fase final, possui seu metabolismo aumentado em até 2.000% acima do normal, demonstrando a complexa inter-relação entre a doença e a prática de esportes e exercícios pelo corpo humano.

O exercício pode ser dividido em isométrico e isotônico dependendo do tipo de atividade muscular realizada. Na contração isométrica ocorre um aumento na tensão muscular sem uma mudança significativa no comprimento da fibra muscular. Nenhum trabalho externo é realizado, mas energia é gasta de forma substancial, como no halterofilismo. Em contraste, o exercício isotônico envolve o encurtamento das fibras musculares com pouco aumento na tensão, como na natação, no ciclismo ou nas corridas. A maioria dos outros exercícios envolve elementos isotônicos e isométricos. O exercício isométrico e o isotônico diferem substancialmente nos seus efeitos fisiológicos. O exercício isométrico aumenta a resistência vascular periférica de forma generalizada, ao mesmo tempo em que causa um aumento na pressão sanguínea sistólica e diastólica com pouco aumento no volume sistólico e no debito cardíaco. No exercício isotônico, a resistência vascular periférica total cai, mas a freqüência e o debito cardíaco aumentam. A pressão sistólica aumenta significativamente, com pouca alteração da diastólica, o que causa um discreto aumento na pressão arterial media. O trabalho isométrico causa uma sobrecarga de pressão ao coração, enquanto que o exercício isotônico causa uma sobrecarga de volume. Os efeitos hemodinâmicos do exercício isométrico dependem de sua intensidade. Diferentes grupos musculares também causam diferentes alterações hemodinâmicas durante o exercício. Atividades com os membros superiores causam um maior aumento na freqüência cardíaca e na pressão sanguínea do que atividade com os membros inferiores, para o mesmo consumo de oxigênio ou idêntico trabalho realizado. O exercício isométrico aumenta a força e a massa muscular. Atletas competitivos podem ser bastante beneficiados pelos exercícios isométricos. Pacientes em reabilitação devido problemas musculoesqueléticos também podem ser beneficiados por exercícios isométricos para aumentarem sua força muscular, principalmente quando a imobilização articular limita exercícios dinâmicos. Entretanto, o exercício isométrico estático produz um discreto condicionamento cardiovascular e as alterações circulatórias causadas pelo exercício isométrico podem ser prejudiciais ao paciente cardiopata. Por outro lado, o exercício isotônico dinâmico é mais benéfico e produz alterações cardiovasculares de adaptação úteis em atletas e em pacientes. Por isto, a melhor e mais saudável forma de exercício é a atividade dinâmica isotônica.
3. EFEITOS PSICOLÓGICOS DO EXERCÍCIO

O exercício físico pode trazer grandes benefícios psicológicos ao ser humano, produzindo estimulação e relaxamento psíquico. Uma melhora do humor, da auto-estima e da capacidade de trabalho tem sido observada em pessoas saudáveis e em pessoas submetidas à reabilitação cardíaca. Exercícios agudos aliviam a ansiedade e a tensão, embora a duração seja temporária por 2 a 5 horas. A atividade física reduz o risco de aparecimento de depressão e a incidência de depressão em pessoas normais e pacientes com predisposição para tal, além de haver uma melhor capacidade de adaptação ao estresse. Por isto atletas possuem um menor risco de doenças mentais ou orgânicas.

Durante o exercício físico ocorrem alterações nos níveis plasmáticos de monoaminas e de neuropeptídeos no sistema nervoso central, causando profundas mudanças nas funções neuroendócrinas. Inúmeras funções neurológicas, como respostas visuais evocadas, condução nervosa periférica e tempo de reação aumentam com um bom condicionamento físico, enquanto que os níveis de beta-endorfina plasmática aumentam no exercício aeróbico agudo. O treinamento físico também pode diminuir o catabolismo das endorfinas, sendo possível supor que as alterações nos níveis de peptídeos opióides endógenos mediados pelo exercício físico podem causar mudanças subjetivas e do humor do atleta, benéficas não apenas na atividade física, mas no perfil psicológico do individuo.
4. EFEITOS CARDIOVASCULARES DO EXERCICIO DINÂMICO

A resposta do sistema circulatório à sobrecarga imposta pelo exercício de forma aguda envolve um enorme aumento do débito cardíaco, que pode aumentar em adultos jovens dos 5 l/min normais para 20 l/min ou mais. A resistência periférica total diminui e o sangue é desviado de áreas como vísceras e músculos não funcionantes para os músculos em exercício e circulação coronariana, onde o fluxo de sangue pode até quadruplicar. Essa redistribuição é feita pelo sistema nervoso autônomo, catecolaminas circulantes (adrenal) e por fatores auto-reguladores locais. A capacidade máxima de aumento da freqüência cardíaca está relacionada com a idade do indivíduo. Embora o condicionamento físico não altere a capacidade da freqüência cardíaca máxima, ele influi de forma importante na freqüência cardíaca em repouso e na resposta cronotrópica ao exercício. Um treinamento regular, dependendo da intensidade, duração e freqüência dos exercícios, causa mudanças fisiológicas em grau variável no sistema circulatório. Para adultos saudáveis, um bom condicionamento físico pode ser obtido de três a cinco vezes por semana. Obviamente indivíduos sedentários devem iniciar seu condicionamento físico de forma gradativa e progressiva até atingir a intensidade recomendada.

O consumo máximo de oxigênio (VO2máx.) é um excelente parâmetro para avaliação do condicionamento físico. O exercício físico regular atenua os efeitos da idade na capacidade aeróbica, evidenciando que inúmeros efeitos da idade sobre a capacidade física estão vinculados ao desuso, em lugar da simples senilidade. Um aspecto importante no bom condicionamento físico é a regularidade dos exercícios. Um indivíduo normal que fique confinado ao leito por três semanas perde mais de 20% de sua capacidade de consumo máximo de oxigênio, enquanto o treinamento regular e por longos períodos aumenta essa capacidade. Além do treinamento, existem fatores genéticos pouco conhecidos que influem na capacidade física, o que diferencia grandes atletas de outros, apesar do bom treinamento efetuado por todos. Campeões olímpicos, assim como os gênios, nascem feitos, não sendo possível criá-los. Mas pela impossibilidade de identificá-los precocemente, para serem submetidos ao treinamento adequado, muitos deles aparecem em conseqüência da seleção natural em competições esportivas. Uma série de adaptações ocorre no sistema cardiovascular com o treinamento físico, como aumento do volume sistólico, da massa muscular ventricular e da força de contração, além de aumento do tamanho das artérias coronárias e da densidade capilar no miocárdio.

O condicionamento físico diminui o risco de hipertensão arterial, bem como diminui os níveis pressóricos sistólico e diastólico em hipertensos, sendo possível interromper o uso de medicamentos anti-hipertensivos em quase 50% dos pacientes com hipertensão arterial leve. Estudos comparativos evidenciaram semelhança de eficácia no controle da hipertensão arterial entre o propranolol e o bom condicionamento físico, por meio de um mecanismo ainda pouco conhecido, pois o exercício habitual tende a aumentar a secreção de renina, angiotensina, aldosterona e o volume plasmático. Por outro lado, o exercício estático, isométrico (halterofilismo) causa aumento da resistência vascular periférica, devendo ser contra-indicado a pacientes hipertensos e/ou cardiopatas. O exercício diminui o nível de catecolaminas circulantes, diminuindo o risco de arritmias e, em pacientes cardiopatas, o condicionamento físico melhora o débito cardíaco.
5. EFEITOS BENÉFICOS DA CAFEÍNA PARA O RENDIMENTO DE ATLETAS

A cafeína possuí efeitos comprovados, dentre eles: 1) aumenta do rendimento físico de atletas de endurance; 2) aumenta o rendimento em exercício exaustivo e prolongado; 3) reduz a fadiga; e 4) aumenta a concentração e estado de alerta. O mais interessante é o fato de que a ingestão habitual de café não diminuí as propriedades ergogênicas da cafeína. Por outro lado, a ingestão habitual de café pode até prevenir distúrbio gastrointestinal que alguns indivíduos experimentam na sua ingestão aguda. Outro ponto que devemos chamar a atenção dos atletas de triathlon é com relação à desidratação: não existe evidência científica que relacione a ingestão de cafeína com níveis significantes de desidratação ou desbalanço eletrolítico (iônico) durante o exercício. Entretanto, devemos alertar que o consumo rotineiro de cafeína pode causar dependência e sua interrupção abrupta pode levar à irritabilidade, mudança de humor, dor de cabeça ou fadiga. Uma xícara de café pode ajudar a queimar calorias durante a "malhação", segundo um estudo do Instituto Australiano de Esportes. Os pesquisadores descobriram que mesmo pequenas quantidades de cafeína estimulam atletas a renderem um terço a mais durante sessões de exercícios. Uma única xícara de café já seria suficiente para detonar essa reação dos músculos – que passam a utilizar a gordura como fonte de energia, em vez de açúcares encontrados nos carboidratos. A cafeína já é usada por muitos fundistas como fonte suplementar de energia durante as provas. Os cientistas testaram os efeitos da cafeína também em ciclistas, que tomavam goles de refrigerantes sem gás à base de cafeína ou café durante a pedalada. Os britânicos consomem o equivalente a R$ 10 bilhões em bebidas cafeinadas por ano, mas são freqüentemente aconselhados a evitar café ou refrigerantes tipo coca-cola antes dos exercícios devido à crença de que eles têm efeito diurético e podem levar à desidratação. Mas para os nutricionistas australianos isso não passa de um mito. "Se você beber uma grande quantidade de cafeína sentado, talvez 500 miligramas, o equivalente a 5 a 6 xícaras de café, pode haver um efeito diurético, mas se você beber isso durante todo o dia, não o será", explicou a nutricionista esportiva Jane Griffths. Griffiths diz ainda que um gole de bebidas com cafeína antes de fazer exercícios pode beneficiar não só atletas de ponta, mas amadores também. Infelizmente, segundo a nutricionista, só ingerir cafeína – sem fazer exercício – não vai resultar em queima de gorduras. Outros estudos sobre os benefícios da cafeína já indicaram que a substância reduz a sensação de fatiga em até 60%.
6. DOSAGEM E MECANISMO DA CAFEÍNA NO RENDIMENTO DE ATLETAS

Pasman, WJ em 1995, quis responder a questão sobre qual a dosagem ideal de cafeína para atletas e estudou o efeito de diferentes dosagens (5,9 ou 13mg/kg peso corporal) no rendimento e tempo de exaustão de ciclistas. Ele observou que todas as doses aumentaram igualmente o rendimento dos ciclistas, sem verificar uma relação dose-resposta de cafeína e rendimento em resistência.

Algumas teorias propostas podem, em conjunto, responder a questão sobre qual o mecanismo da cafeína no aumento do rendimento de atletas: 1) a cafeína não aumenta diretamente o consumo máximo de oxigênio (VO2max), mas permite ao atleta treinar mais próximo de sua capacidade máxima e por mais tempo; 2) aumento da oxidação de gordura ou, por outro lado, aumento do ácido graxo livre e glicerol; 3) criação de ambiente intracelular iônico mais favorável, facilitando a produção de força por cada unidade motora dos músculos ativos. Tarnopolsky MA, em 1994 escreveu uma revisão propondo os principais mecanismos celulares para explicar os benefícios da cafeína no rendimento de resistência (longa duração): na célula, a cafeína como um antagonista competitivo dos receptores de adenosina e, possivelmente, agindo diretamente nos receptores de rianodina, potencia a liberação de Ca++ do retículo sarcoplasmático do músculo esquelético. Como conseqüência, cafeína causaria aumento na lipólise, facilitação de transmissão no SNC, redução no potássio plasmático durante o exercício, aumento da força de contração muscular e economia no uso do glicogênio muscular, possivelmente, por aumentar a oxidação de ácidos graxos livres.

Desta forma, acreditamos que a cafeína pode contribuir muito nos treinos e provas de triathlon, pois são solicitações que a depleção de glicogênio poderia limitar o rendimento físico. A ingestão de cafeína com medicamentos para desordens cardiovascular, gastrointestinal, infecciosa, respiratória ou de pele pode causar efeito tóxico, pela interação farmacocinética e, por isso, deve ser considerada antes do uso como recurso ergogênico.
5. ÁGUA MINERAL, BEBIDAS ISOTÔNICAS E CAFÉ

As bebidas isotônicas surgiram há menos de 30 anos nos Estados Unidos, enquanto que o consumo de café existe há mais de mil anos em todo o mundo. No Brasil as bebidas isotônicas começaram a ser consumidas há pouco mais de dez anos e aumenta entre jovens e atletas. Bebidas isotônicas são todas as soluções que apresentam uma concentração de moléculas (osmolalidade ) semelhante aos líquidos do organismo humano. São formados por água, corantes e sais minerais. Não existem contra-indicações ao uso de isotônicos por pessoas sadias, mas pacientes com doenças e disfunções como hipertensão, doenças renais e outras que provocam retenção de líquido não devem consumir bebidas isotônicas sem orientação médica. A atividade física intensa causa transpiração e perda de sais minerais, principalmente sódio. Pessoas normais podem consumir até 6 g de cloreto de sódio (sal de cozinha) por dia, o equivalente a uma colher de chá pequena. Meio litro de uma bebida isotônica contém cerca de 225 mg de sódio, o que representa menos de 10 % da necessidade diária. A adição de sódio a alguns isotônicos, considerados de baixo teor, fornece numa garrafa uma média de 560 mg de cloreto de sódio , novamente apenas 10 % do consumo diário normal. Em casos de desidratação, um problema comum em crianças, a diarréia é a causa mais comum, e o mineral mais importante perdido é o potássio. Isotônicos possuem quantidades insignificantes de potássio, não possuem gordura e uma garrafa tem cerca de 120 calorias (10 % do gasto normal diário). Uma pessoa normal em repouso gasta entre 2.000 a 3.000 calorias por dia e um jogador de futebol gasta em torno de 600 calorias por hora de atividade física. Estas calorias são obtidas a partir das proteínas, gordura e açúcar da dieta. Por isto, para um atleta, que gasta energia, bebidas isotônicas não são a forma mais saudável de reposição, pois atividade física não implica apenas em suar e eliminar sódio.

A maioria das pessoas, incluindo atletas que tomam ou não regularmente café mal sabem que o café não é apenas cafeína. A bebida possui em média 1 mg de cafeína por ml, isto é, 500 ml de café contém 500 mg de cafeína (o equivalente a quatro xícaras grandes de 125 ml). O grão de café é rico em sais minerais como potássio (1350 mg%), magnésio (150 mg%), cálcio (100 mg%), sódio (15 mg%), ferro (10 mg%), manganês (5 mg%), zinco (2 mg%), cobre (1 mg%) e estrôncio (1 mg%). Contém também, como a maiorias das “águas minerais“, traços de cromo, vanádio, bário, níquel, cobalto, chumbo, molibdênio e cádmio. Inexistem resultados concretos ainda que mostrem que o café é mais saudável que bebidas isotônicas e água mineral, mas já existem resultados mostrando pelo menos que o café também é mineral e isotônico. A única diferença é que , apesar de ser uma bebida mais rica em nutrientes e minerais, seu consumo e seu preço são bem menores comparados com as outras bebidas, como água mineral, isotônicos e mesmo refrigerantes. Toda substância saudável deve ser mais valorizada sob todos os aspectos, principalmente ser for comprovado que a bebida café é mais saudável que “isotônicos “, “ refrigerantes “ ou a simples ” água mineral”.
6. CAFÉ E SAÚDE

O número de pesquisas epidemiológicas entre consumidores de café está se tornando comum nos últimos anos e trazendo novas e positivas informações em relação ao tema café e saúde e café e atletas. Mas cabe lembrar que associações encontradas em pesquisas epidemiológicas sempre precisam de confirmação através de ensaios clínicos, com raras exceções. O mesmo acontece na área básica (bioquímica do café), onde outros compostos além da cafeína estão recebendo uma grande atenção. O café tem mais de mil compostos químicos, a maioria ainda pouco estudada, mas muitos importantes para a saúde humana como a niacina (vitamina B3), minerais (potássio, ferro, magnésio, zinco, etc) e em grande quantidade fenóis antioxidantes denominados ácidos clorogênicos. o café é uma das principais fontes de antioxidantes da dieta humana através do consumo diário e moderado ( 4 xícaras diárias), puro ou com leite (crianças, idosos). O café possui mais ácidos clorogênicos (6 a 9 %) do que a cafeína (1 a 2 %). Após a torra adequada, os ácidos clorogênicos formam novos compostos conhecidos como quinídeos (ou quino-lactonas), que possuem diversos efeitos ”in vitro” na proteção contra a diabetes, contra o câncer, contra a depressão e contra o alcoolismo (ação antagonista opióide) . Estudos bioquímicos mostram que diterpenos como o cafestol e kaweol possuem efeito anticancerígeno “in vitro”. Isto abre um leque imenso de pesquisas clínica a serem feitas com a bebida café contendo estes vários compostos bioativos, pois pesquisas epidemiológicas já fizeram uma relação positiva entre o consumo regular de café e prevenção de diversas doenças, como a depressão/suicídio, alcoolismo/cirrose, câncer de cólon e de fígado, doença de Parkinson e cálculos na vesícula biliar. Adicionalmente o consumo de café normal ou descafeinado (mas com ácidos clorogenicos e quinídeos) ajuda a prevenir o aparecimento da diabetes do tipo 2 (diabetes do adulto). Pesquisas entre estudantes mostram que o consumo de café com ou sem leite na merenda escolar ajuda no aprendizado escolar. Enquanto que nos EUA e alguns países europeus (Bélgica) refrigerantes já estão sendo proibidos em escolas por ajudarem na epidemia de obesidade infantil e não trazerem nenhum benefício a saúde dos jovens, o consumo de café parece ser o substituto ideal e natural.

Ainda é pequeno o número de atletas e mesmo profissionais da saúde que sabem que o café não é só cafeína e que pode fazer bem a saúde humana. O café é bebido diariamente por mais de um bilhão de pessoas em todo o mundo, havendo um consumo anual de mais de cem milhões de sacas de 60 Kg, sendo o segundo maior mercado de produtos naturais no mundo, depois do petróleo. As críticas contra o consumo de cafeína como prejudicial à saúde estão sendo desmistificadas e desqualificadas. É claro que tudo em excesso pode fazer mal a saúde humana, desde a água, até exercícios, café e mesmo o amor.

Estudos epidemiológicos a partir dos anos 90 mostraram que existe uma relação inversa entre o consumo de café e a incidência de depressão/ suicídio, alcoolismo/cirrose e doença de Parkinson. A depressão atinge cerca de 20 % da população adulta sendo o número de jovens cada vez maior. Entre americanos de 15 a 20 anos, o suicídio é a segunda causa de morte depois de acidentes de tráfego. Entre médicos jovens (23 a 45 anos), o suicídio é a principal causa de morte. Estima-se um prejuízo de mais de 15 bilhões de dólares anualmente no Brasil devido a depressão e suas conseqüências, como ausência ao trabalho, menor produtividade, tratamento médico, problemas familiares e a seqüela emocional de todo suicídio. Também existe uma relação inversa entre o consumo moderado de café e alcoolismo e cirrose. No mundo moderno o alcoolismo acomete 15 % da população adulta e é uma ameaça crescente entre os jovens. Os gastos devido ao alcoolismo atingem dezenas de bilhões de dólares no Brasil devido problemas diretos e indiretos, como doenças, violência, acidentes e perda de produtividade, sendo o maior flagelo em termos de saúde pública em todo o mundo. Adicionalmente a doença das coronárias que levam ao infarto são a principal causa de morte no mundo moderno. Vários fatores de risco já são conhecidos e podem ser combatidos. Além da história familiar, idade, sexo, colesterol, hipertensão, sedentarismo, tabagismo e diabetes, entre outros, a depressão é um fator de risco independente. E pesquisas recentes permitem a defesa da hipótese (e sua confirmação científica) de que o consumo regular e moderado de café pode prevenir doenças cardiovasculares.
7. CAFÉ E ATLETAS

Corredores de maratona e atletas de outras formas de exercício intenso como o triathlon aumentam os níveis de endorfina no cérebro, criando uma forma de auto-gratificação interna ( "self-reward"). Isto faz com que o atleta treinado siga adiante ao atingir um ponto máximo de cansaço, que leva todas as pessoas sem treinamento a pararem por fadiga. Pesquisas com os compostos bioativos do café, permitem a formulação da hipótese – a ser testada e comprovada cientificamente - que caso os atletas tomem café diariamente durante os treinos, na dose básica de 4 xícaras diárias, é possível imaginar que as quino-lactonas do café bloqueariam os receptores que são estimulados pelos peptídeos opióides cerebrais. Isto faria com que os neurônios do cérebro aumentassem sua descarga de endorfinas para trazer o estímulo necessário para o atleta prosseguir, atingindo a auto-gratificação num nível mais alto. Atletas assim treinados, teriam um cérebro trabalhando contra uma resistência a auto-gratificação. E estes cérebros teriam uma maior capacidade de produzir a auto-gratificação. Deste forma, atletas treinados consumindo diariamente café a longo prazo, poderiam ter sua performance aumentada de forma significativa, sem qualquer tipo de “doping“. Apenas aumentando, além da capacidade dos músculos, a capacidade do cérebro de prosseguir mais além.

Interessante apontar que, já em 1990, autores sugeriram que a acidose metabólica e a depleção de glicogênio não eram as únicas causas de exaustão durante a execução de exercício submáximo na bicicleta, pois atletas que ingeriram cafeína, relataram diminuição na taxa de percepção de esforço durante o exercício sem, necessariamente, aumentarem o tempo de exercício. Hoje, já é demonstrado que as quino-lactonas do café bloqueiam receptores cerebrais, aumentando a liberação de endorfina, o que pode ter contribuído para a diminuída taxa de percepção de esforço e pode também contribuir para que os atletas suportem exercícios exaustivos por longo tempo, como é no caso do triatlhon olímpico e iron man. Logo, os efeitos físicos e mentais da cafeína, excluída da lista de substâncias proibidas pela Agência Mundial Anti-Doping – www.wada.org – se uniriam aos efeitos dos polifenóis antioxidantes - ácidos clorogênicos e dos efeitos das quino-lactonas , tornando assim o café, puro ou com leite, quente ou na forma de refresco, na bebida mais indicada para todo tipo de atleta.

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