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sexta-feira, 6 de agosto de 2010

História 3. Islâmicos famosos e o café





As obras gregas e romanas passaram a ser traduzidas para o árabe. Córdoba no Ocidente tornou-se um centro proeminente do Islamismo, a medida que o califado de Bagdah perdia influência. A religião Islâmica reconhecia uma vida após a morte, logo a dissecção do corpo humano era proibida. Mas muitas especulações sobre a natureza dos órgãos internos foi efetuada por médicos como IBN NAFIS, que formulou a hipótese da circulação pulmonar. Como não era permitida a dissecção do corpo humano, os médicos árabes acreditavam nos conhecimentos anatômicos de GALENO. A existência de tabus entre os médicos impedia a manipulação dos genitais femininos por homens, de tal maneira que a obstetrícia e a ginecologia eram exercidas por mulheres. O mundo islamita desenvolveu escolas e livrarias como instituições separadas ou vinculadas a mesquitas e hospitais. Nestes centros de prática e ensino da medicina, grandes nomes se destacaram. O persa RHAZES ( 860-932) foi um grande médico e professor. Defendia e aconselhava seus alunos afirmando que: "...tudo que esta escrito nos livros é importante, mas de menor valor que a experiência de um médico sábio...". Escreveu mais de 200 livros sobre medicina e tornou-se muito popular, principalmente por atender os pobres gratuitamente, algo que era praticado apenas pelos cristãos.
Avicenna

Mas o maior nome da medicina árabe foi AVICENNA, cujo nome completo era ABU-ALI AL HUSAYN IBN-SINA (980-1037). Seu prestígio para a medicina islâmica e mesmo cristã foi igual ao de GALENO ( 130-200 AD). AVICENNA desde a infância foi um prodígio. Aos 10 anos conhecia profundamente o Alcorão (Al-Quran) e com 21 escreveu uma enciclopédia científica onde incluía gramática, poesia, geometria, astronomia, anatomia, fisiologia, matéria medica e cirúrgica. Embora tenha praticado e clinicado no início de sua carreira, AVICENNA dedicou-se principalmente a compilar e escrever textos científicos. O CANON de Avicenna é uma obra constituída de 100 livros que incluía todo o conhecimento médico da época. Esta obra foi utilizada como fonte de ensino médico nas Universidades Cristãs, incluindo as ilhas Britânicas, até o Século XVII. Parece que o grande Avicenna era um grande admirador e consumidor de café.

Outros grandes nomes e contribuições também existiram, como ISSAC JUDAEUS, que defendia a terapêutica hipocrática não intervencionista; AL BUCASIS, o maior escritor sobre cirurgia do mundo islamita e AVENZOAR, que contestou muitos dos ensinamentos de ARISTÓTELES e GALENO, afirmando que o médico devia confiar apenas na sua própria experiência ao invés de doutrinas tradicionais. AVERROES (1126-1198), aluno de AVENZOAR, foi um filósofo que também estudou medicina e direito. Escreveu um compêndio médico baseado em ARISTÓTELES mas suas obras principais foram em teologia e direito. Como possuía idéias consideradas revolucionárias para a época, tanto na religião como na ciência, tanto o islamismo como cristianismo rejeitaram parcialmente as inovações de AVERROES, o que não aconteceu com os judeus, que ajudaram até a divulgar suas idéias pela Europa quando foram expulsos da Espanha. MAIMONIDES (1135-1204) , cujo nome completo era ABU IMRAN MUSA IBN MAYMUN IBN UBAYD ALLAH , foi o mais famoso médico judeu da medicina árabe, tornando-se médico do sultão Saladin, responsável pela reconquista de Jerusalém dos cristãos após a II Cruzada. MAIMONIDES foi autor de inúmeras obras onde abordava filosofia, religião e medicina. Sua principal característica foi tentar reconciliar o raciocínio científico com a fé religiosa. Uma de suas contribuições consideradas importantes na sua época foi a de que ninguém devia dormir durante o dia. E que toda pessoa nunca devia dormir em decúbito, quer dorsal ou ventral, mas sempre lateral, sendo do lado esquerdo no início da noite e do lado direito no final da noite. E que ninguém devia dormir depois de uma refeição, devendo esperar pelo menos três horas antes de dormir, senão poderia ter pesadelos. Na Idade Média, a saúde geral da população e as condições de higiene eram bastante semelhantes na Europa Latina e no mundo islâmico. Há inúmeros relatos de doenças oculares e cutâneas, o que sugere uma maior prevalência destes problemas, por contágio direto. Na Idade Média, ser cliente de grandes médicos era um privilégio apenas dos ricos e dos nobres. A exceção de RHAZES, poucos eram aqueles que davam atenção aos menos afortunados. O Islamismo foi superior ao Cristianismo em um aspecto importante - o sistema hospitalar. Comparados com a assistência médica em monastérios, onde a principal preocupação era o tratamento da alma, os hospitais islâmicos de Bagdah, Cairo e Damasco, possuíam uma organização evoluída e elegante, com quartos particulares, enfermarias e bibliotecas. Algumas pessoas sadias simulavam doenças apenas para serem hospitalizadas e usufruíssem a excelente e barata cozinha dos hospitais islâmicos. Parece que também serviam café a todos os enfermos que apreciavam muito a revigorante bebida. O hospital MANSUR no Cairo, no Século XIII, possuía enfermarias especializadas para febres, doenças oculares, diarréias, ferimentos e doenças de mulheres. Ao ter alta, o paciente recebia cinco peças de ouro para ajudar a manter sua saúde. Uma característica importante dentro do islamismo era a tolerância a toda crença religiosa e conhecimentos científicos. Isto permitiu um intercâmbio e preservação de clássicos da Antigüidade. O conhecimento atual da obra de GALENO foi transmitido em árabe, pois os originais em latim foram perdidos.

Um comentário:

  1. O que foi feito foi enquanto durou a influencia das culturas não muçulmanas.
    Quando o islão tudo dominou, tudo sufocou.

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