O linfoma é a neoplasia maligna mais comum nos felinos.Acredita-se que cerca de 1/3 das malignidades ocorridas em gatos sejam linfomas.Dentre estas,o tipo alimentar é o mais prevalente e talvez o de diagnóstico mais difícil.
Há vários fatores de risco reportados,com vários estudos concluídos.Betone(2002) comprovou que gatos em convívio com humanos fumantes,possuem um risco relativo até 3 vezes maior de desenvolver a neoplasia,principalmente pelo hábito de lamberem-se,ingerindo assim, partículas cancerígenas da fumaça.
Dietas comerciais foram questionadas,mas não há evidências correlacionadas.
Doenças inflamatórias intestinais crônicas também foram associadas com o a gênese do linfoma e animais que desenvolveram sarcomas em locais de injeção parecem ter um risco relativo também aumentado.
A associação com a infecção pelo vírus da FeLV não parece ser importante na origem deste tipo de linfoma,mas a presença do vírus prejudica bastante o prognóstico.
A forma da malignidade pode ser focal ou difusa.O linfoma pode acometer somente áreas intestinais,como também estômago,linfonodos mesentéricos e fígado.Outros orgãos do sistema digestório podem ser afetados,como a boca,esôfago e pâncreas.
A sintomatologia pode ser aguda,principalmente se houver um obstrução da parede intestinal por massas tumorais,ou até perfuração,com sinais de peritonite séptica.Há apresentações crônicas,com uma perda de peso gradativa,vômitos e diarréia(nem sempre),letargia e pelame de má qualidade.Poliúria e polidipsia são relatadas,comumente em casos de hipercalcemia paraneoplásica.Na palpação pode ser possível sentir alças intestinais "intumescidas",massas abdominais e linfonodos palpáveis.
Gatos machos e geriátricos,pêlo curto domésticos ,são os mais afetados estatisticamente.
Muitas doenças podem causar uma resposta inflamatória infiltrativa na parede intestinal semelhante ao linfoma alimentar,juntamente com uma sintomatologia parecida.Portanto o diagnóstico diferencial é amplo:Doença Inflamatória Intestinal,infecções crônicas intestinais por Micobactérias,Helicobacter,Giardia,Histoplasma,Toxoplasma;alergias alimentares e idiopáticas que podem causar enterite linfocítica-plasmocítica;insuficiência renal e pancreatite.
O diagnóstico é baseado pelo histórico,exame físico e exames laboratoriais(hemograma completo,perfil bioquímico,teste t4,FIV/FeLV,urinálise) e de imagem,que é fundamental,pois 90% dos gatos com linfoma alimentar possuem alguma normalidade no ultrasom.Alterações na espessura das paredes intestinais,linfadenopatia,massas intestinais,infiltrações difusas no fígado e baço podem ser encontradas.
A biópsia é requerida para a conclusão diagnóstica.É importante que o paciente não esteja sob corticoidoterapia para não prejudicar a histopatologia.A coleta por endoscopia não é a ideal,embora seja pouco invasiva,depende muito da experiência do profissional e a amostragem pode não ser suficiente ,pois o recomendado é colher secções completas ,com todas a s camadas da parede intestinal,o que só é possível com laparotomia.A laparotomia têm a vantagem de localizar lesões,corrigir obstruções e retirar massas abdominais quando possível.O problema é a estabilidade do paciente e a segurança anestésica.
O tratamento é quimioterápico.Vários protocolos são indicados,mas não foi comprovado uma maior ou menor eficácia entre eles.Destaco o protocolo simples instituído pelo Dr.Wilson Heather,Universidade do Texas,que prescreve uma pulsoterapia com Clorambucil a cada 2 semanas,juntamente com prednisona diária.Relata que o prognóstico é bom,com expectativa de 18 a 24 meses.
P.S:Disponibilizo este trabalho do Dr.Wilson para os colegas que interessarem.
quinta-feira, 27 de maio de 2010
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